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Quinta-feira, 19 de Abril de 2012 | 16h30 | Política
Injuriado com a enxurrada de críticas, o Todo-Poderoso Marcelo Déda decreta quem tem ou não “moral” para expor as mazelas da Saúde estadual
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Os petistas, depois da ascensão ao poder, exibiram a faceta mais comum da esquerda pelo mundo afora, a de tratar crítica e críticos como indesejáveis – noção arraigada ao abecedário dessa jeitosa turma, que se supõe dotada de mentes privilegiadas, cuja engenhosidade e competência são superiores aos demais viventes.
Semanas atrás, o diretor Corporativo e de Serviços da Petrobras, o ex-senador mineiro José Eduardo Dutra, legou aos opositores, após a publicação da aprovação popular do governo Dilma Rousseff, a “frase cult do ano”, segundo Ele aprendida em Sergipe: “Enfia o dedo e rasga (em forma de asterisco)!” Lascou-se...
Em cima de um trio elétrico, à porta do Sindicato dos Bancários, quando da vitória do deputado federal Doutor (ele gosta de ser chamado assim) Rogério Carvalho sobre a deputada estadual Ana Lúcia Menezes nas prévias do PT, o deputado estadual “sem-terra” (nas unhas) João Daniel, líder do MST em Sergipe, rechaçou as críticas dos opositores ao aliado, afirmando “que os canalhas da oposição veem Rogério Carvalho como o ladrão, o bandido que eles são”. Amedrontado, saiu a desculpar-se com os colegas... 
Por seu turno, a deputada estadual Conceição Vieira disse que a “mentalidade” do ex-governador João Alves Filho, candidato do DEMo à Prefeitura de Aracaju, é “trabalhar só para os amigos”, e que os petistas precisam “trabalhar indistintamente para todo o coletivo, via participação popular”. Ela nada disse sobre a fábula de recursos entregue pelo governo Marcelo Deda a sua ONG “Um Lugar ao Sol”, com sede na Fazenda Jardim, povoado São José em Japaratuba, sob investigação do Tribunal de Contas do Estado.
Agora, em socorro aos correligionários, vem o próprio governador Marcelo Déda decretar quem tem ou não “moral” para expor as mazelas da Saúde estadual. Disse ele acerca das críticas do vice-líder da oposição, deputado estadual Augusto Bezerra: “Eu não trato de um assunto desses com uma pessoa que não tem moralidade para assumir papel em nenhum governo, quanto mais para fazer críticas infundadas, que não passam de estratégia política. Esse deputado não tem moral nenhuma para falar da saúde”.
Dito assim, já que o caráter do deputado não passou pelo crivo do Todo-Poderoso governador, sobram os demais críticos, esses talvez com alguma moral para bafejar a gestão Marcelo Déda. Será? Vejamos...
Diretor do Hospital Santa Izabel em Aracaju, o médico José Carlos Pinheiro criticou a Secretaria Estadual de Saúde, pois segundo ele, deixou o nosocômio acumular R$ 1 milhão em dívidas. Teria o cabra alguma moral para criticar o governo do PT?
Pelo visto, diante da reação de Marcelo Déda, não! “Houve um ataque gratuito, extremamente agressivo, de um prestador de serviços, e isso não podemos admitir (o grifo é meu). Nossa proposta é de parceira, mas... dr. José Carlos Pinheiro fez acusações graves contra o Estado. Estamos cientes de que agimos na regularidade”, disse o governador.
A servidora da Fundação Estadual de Saúde Roberta Guimarães publicou na página pessoal do Facebook desabafo sobre “as péssimas condições de trabalho” no Huse (ex-Hospital João Alves Filho), exibindo inclusive a foto (ao lado) de uma etiqueta datada de 12/04, onde se lê: “Óbito por falta de material”. De repente, a página da moça some da rede social, para reaparecer hoje, já sem a polêmica foto e com a seguinte explicação: “Voltei! Consegui reativar meu Facebook! Não sei quem fez a maldade de tirá-lo do ar. É uma página pessoal e ninguém tem o direito de fazer isso.”
Opa lá, tirar do ar? Quem? E a tal foto, por que sumiu? Tudo muito estranho...
Mas a questão aqui é outra... Caro governador Marcelo Déda, diga-nos por favor, a servidora da FES Roberta Guimarães teria “moral” para criticar os desmandos do seu governo da gestão da Saúde pública ou também ela deveria se catar e falar de pacientes do Huse, mortos “por falta de material” médico-hospitalar, em outro praça?
Criticar é preciso, viver não é preciso! A turma do PT, os novos poderosos, sobretudo o governador Marcelo Déda, precisa entender que, não havendo o contraditório, jamais se fará a mudança (para melhor) tão almejada, porquanto a conformação é o estado de espírito dos idiotas – e o povo, apesar de iletrado e faltante da cultura acadêmica, detém o poder da opinião, aquela a decidir quando os governantes praticam a esbórnia administrativa, a gestão incompetente, a esperteza...
A “moral” desta história é que todos, absolutamente todos têm moral para criticar o que quer que seja, pois é direito garantido e inegociável escrito na Constituição. E enquanto o PT não tiver a força ditatorial para mudar a letra da Carta Magna, terá de conforma-se, calado preferencialmente, ouvindo o que diz a voz do povo, sem o qual nenhum político, pelo menos por ora, ascende ao poder.
Vamos nessa, queixosas e queixosos...

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