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Terça-feira, 13/12/2011 | 10h25 | Política
Um exemplo para Marcelo Déda
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Economistas são geralmente cautelosos. Então, a euforia de muitos deles sobre o potencial econômico do Brasil, especialmente diante da grave crise de credibilidade dos países da Zona do Euro e dos EUA – apesar da pequena recuperação no nível de emprego norte-americano – coloca o país sob nova responsabilidade: aprofundar a guerra contra as desigualdades regionais, fator impeditivo para o pleno desenvolvimento brasileiro.
Em “Desigualdades Regionais no Brasil – Natureza, causas, origens e soluções”, o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco e ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos Regionais Alexandre Rands Barros alerta para o fato de o Nordeste ainda não ser visto como “mercado potencial”, capaz de impulsionar a industrialização nacional, com a descentralização do parque produtivo para a região – mas, acrescenta ele, caberia aos governos estaduais criar projetos viáveis (autosustentáveis).
Numa recente entrevista ao jornal “Valor Econômico” (28/11), o governador Marcelo Déda comentou o Plano Plurianual, nome pomposo para o projeto que prevê até 2014 investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão – anotem este número, para compará-lo mais adiante – na ampliação do PIB sergipano. O objetivo é atrair indústrias e ampliar o número de micro e pequena empresas, a fim de aumentar a oferta de emprego com carteira assinada.
Sergipe poderia investir em campos distintos da economia, como energia sustentável (ampliando a produção de etanol, produzindo biodiesel a partir da mamona, implantando fazendas eólicas, desenvolvendo bioenergia com o lixo), tecnologia de ponta (investindo no parque tecnológico, para atrair pesos-pesados da industria de hardware e software), fruticultura irrigada (concluindo e dando suporte aos projetos de irrigação) e no turismo (atraindo grupos internacionais e a própria CVC, para construir grande hotéis).
No entanto, estranhamente, o governador Marcelo Déda parece indisposto (ou incapaz) para “pensar grande”. Neste sentido, chama a atenção a entrevista da governadora do Rio Grande do Norte Rosalba Ciarli (DEM) à revista “Dinheiro” desta semana, na qual expõe o programa de desenvolvimento em implantação naquele estado. Somente da Petrobras, Rosalba Ciarli prevê investimentos entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões por ano.
No total, até 2014, Rosalba Ciarli pretende injetar na economia do RN cerca de R$ 35 bilhões – isso mesmo, R$ 35 bilhões! –, incluindo os recursos destinados à Copa do Mundo (Estádio Arena das Dunas) e da implantação no novo terminal aéreo de São Gonçalo do Amarante, primeira concessão privada nacional. Turismo, energia sustentável (fazendas eólicas), ampliação do porto de Natal, mineração (ampliação de duas jazidas de ferro), fomento às salinas (90% do sal consumido no país vem de lá; agora quer exportar o produto)... haja fôlego!
Comparar, sobretudo quando resguardada as devidas proporções, expõe diferenças importantes sobre modelo de gestão e prioridades dos governantes.
O discurso do governador Marcelo Déda é encantador, sem dúvida. Mas quem age é Rosalba Ciarli para, como afiançou Alexandre Rands Barros, “criar projetos viáveis”. Bons exemplo existem no próprio Nordeste, prova de que é possível, sim, reduzir as desigualdades regionais, basta que cada estado faça a sua parte – e o olhe que Marcelo Déda teve (e tem) uma grandiosa vantagem ante os demais governadores da região: em suas gestões, a Presidência da República esteve/está sob o comando do PT. 

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