Terça-feira, 26.02.2008 - Ano II - Edição Número 230

ERRATA
Na edição de ontem (229), informou-se um número equivocado. A constante estabilidade do ex-governador João Alves Filho, observada nas pesquisas feitas pelo Instituto Padrão, está sempre acima dos 40% e não dos 45%, como foi incorretamente informado.
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AS QUALIDADES DE KÉRCIO PINTO
Quando era estudante na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Sergipe, no início da década de 1980, Marcelo Déda teve os primeiros contatos com o hoje delegado da Polícia Federal Kércio Pinto. À época, o atual secretário de Segurança Pública de Sergipe era “olheiro” do regime militar, tendo a responsabilidade de produzir relatórios sobre as atividades “subversivas” do alunado envolvido com a política estudantil. Berço para o fomento de idéias contrárias à ditadura e manjedoura dos militantes esquerdistas. Apesar da formação em Direito, Marcelo e Kércio seguiram rotas profissionais distintas. O destino, contudo, tratou de uni-los, desta feita como chefe e subordinado. O governador da mudança apostou alto na competência do policial. Porém, a insegurança transformou a propalada esperança de dias melhores no desalento de o passado ter sido menos doloroso – a sensação de violência é muito maior agora! Mas não é por falta de dinheiro para combater a criminalidade! No Cinform de ontem, o perito criminalista Anselmo Cardoso apresentou mais uma das recorrentes e incontáveis mazelas do governo do PT. Segundo denunciou, a SSP “jogou no lixo” quase R$ 1 milhão com gratificações indevidamente pagas a funcionários alheios à Coordenadoria Geral de Perícia. Ainda de acordo com Anselmo Cardoso, Kércio Pinto sabe das irregularidades e teria até a lista dos “assessores” beneficiados. Todos indicados pessoalmente por ele. O secretário dedo-duro de estudantes fingiu preocupação e agiu como faz no combate ao crime: não fez nada! As bem-aventuranças de Kércio Pinto para favorecer quem lhe dá suporte político na SSP vão longe. O perito ouvido pelo Cinform revelou também que funcionários do Instituto de Identificação estão à disposição da agremiação sindical Sincongerp, sem inscrição no Cadastro Nacional de Registro Sindical do Ministério do Trabalho. Colegas sufocados pela extenuante escala de serviço pediram ao secretário o retorno dos servidores às atividades fins. Para dar guarida aos seus apaniguados, ao invés de atender à solicitação, ele encaminhou um pedido parecer à Procuradoria-Geral do Estado visando garantir a permanência dos “sindicalistas” onde estão. É por essas e outras que o governador Marcelo Déda deveria dar um tempo nas tarefas políticas e se dedicar de verdade à gestão da máquina estadual. Entregue ao bel-prazer de secretários como Kércio Pinto, o governo comandado pelo PT vai de mal a pior. Apenas na propaganda a coisa anda bem... Fora dela, reina o caos, a esperteza desmedida e a embromação descarada! PS - Em sua obra prima “O Homem Sem Qualidades”, o escritor austríaco Robert Musil tratou sobre a “consciência” moderna. Dizia ele: "Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar. Ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem". Trata-se de uma interessante ambigüidade, que cabe como uma luva para definir este momento estranho vivido pelos sergipanos!

Segunda-feira, 25.02.2008 - Ano II - Edição Número 229

SOLIDARIEDADE AO GOVERNADOR MARCELO DÉDA
A casa legislativa estava cheia. Quando o governador Marcelo Déda entrou no plenário da Assembléia sexta-feira à noite para dar posse aos dirigentes recém-reeleitos da direção do PT, foi aplaudido efusivamente. A ovação, porém, não o fez mudar um único milímetro do propósito de aproveitar a ocasião para espezinhar o governo de João Alves Filho e fazer queixas contra aliados e militantes do PT. Depois da costumeira ladainha de ser o governo dele o mais honesto de toda a Via Láctea, Marcelo Déda disse que auditorias estão sendo feitas em todos os setores, “mas sem alarde”! Também ratificou o tom do discurso a ser adotado na campanha eleitoral contra o temido adversário: “Eu vou mostrar os erros, a corrupção e a maior orgia com o dinheiro público”. Não, o governador da mudança não estava se referindo à famosa “micareta picareta”. Falava sobre o ex-governo! E adiantou: “Documentos não faltam...”. Contudo, o trecho mais feérico da eloqüente falação foi dirigido aos próprios correligionários. Marcelo Déda queixou-se das traíras “que levam à imprensa” fatos relacionados ao seu governo: “É preciso conversar antes, senão sangra. E cada gota do nosso sangue fortalece os vampiros que querem nos derrotar. Não podemos dar munição aos inimigos que buscam retomar o poder”. O pito tinha como destinatário os sindicalistas presentes ao ato, especificamente os ligados à Saúde e à Educação. Marcelo Déda, de fato, tem se mostrado muito preocupado com o crescimento da oposição. A última pesquisa de intenção de voto para prefeito de Aracaju, realizada pelo Instituto Padrão entre os dias 16 e 17 com 675 eleitores de 26 bairros e do Centro da capital, apresentou como prováveis candidatos Almeida Lima (PMDB), Edvaldo Nogueira (PCdoB), João Alves (DEM) e João Fontes (PPS). João Alves estaria à frente com 43.9%, Edvaldo Nogueira em segundo com 26.3%, Almeida Lima teria 14.2%, João Fontes 7.7%, nenhum deles 4.9% e não souberam responder 3.3%. Apesar dos números temerários para o candidato governista, sobretudo pela constante estabilidade do ex-governador João Alves Filho (sempre acima dos 45%) e do avanço do senador Almeida Lima, o queixume de Marcelo Déda contra os próprios correligionários decorre da má fama que toma conta do governo do PT: o desprezo pela decência! São compras de mais de R$ 200 milhões na Saúde sem licitação, má gestão em unidades hospitalares com a morte de paciente como se fossem pulgas, estudantes espancados por protestar contra as condições físicas da escola, superfaturamento na compra de alimentos para a merenda escolar... Para citar alguns rápidos exemplos. É disso que ele se contorce de medo! De forma inusitadamente humilde, Marcelo Déda pediu à companheirada que maneire na entregação, evitando passar para jornalistas e radialistas os podres que ocorrem nos subterrâneos do governo da mudança. Encerrou a falação com um apelo dramático, próprio de quem sabe o quanto tem sofrido: “Ninguém venceu na História desconhecendo a que bloco pertence, tratando companheiro como se fosse inimigo”. O príncipe do PT tem razão. Com tanto dedo-duro dentro do próprio governo, fica difícil esconder as mazelas! Assim, verdadeiramente solidários com o governador da mudança, reiteremos esse solicitação tão profundamente lamuriosa: vocês dos sindicatos, calem essa boca...

Sexta-feira, 22.02.2008 - Ano II - Edição Número 228

A OPOSIÇÃO MOSTRA A CARA
Finalmente, a oposição parece ter tomado ciência do papel que lhe cabe e fará ofensiva para acabar com a enxurrada de contratações temporárias sem concurso público e também para derrubar os mais de R$ 150 milhões alocados no Orçamento federal à TV BRASIL, nova emissora pública que está no ar desde dezembro. A vergonha na cara pode ter chegado tarde ao PSDB e DEM, mas antes tarde que nunca!
Outra mamata - na verdade uma porta aberta para a esperteza - que os oposicionistas tentarão acabar é a dispensa de licitação para a TV BRASIL firmar parcerias com entidades públicas ou privadas que explorem serviços de comunicação ou radiodifusão, e para que a Empresa Brasileira de Comunicação (nome oficial da TV pública) possa ser contratada por instituições da administração pública, "desde que o preço seja compatível com o de mercado".
Essa tal TV pública nada mais é que um grande cabide de empregos para apaniguados do PT e o pote de mel para os capangas do partido infiltrados na grande mídia faturarem um gordo quinhão do dinheiro público. As medidas chegam em boa hora...

Quarta-feira, 20.02.2008 - Ano II - Edição Número 227

DISCURSO VAZIO
O canto da sereia parece não ter cativado os ouvidos calejados do líder da oposição Venâncio Fonseca. Disse ele que o “discurso bonito não é novidade”, ao comentar a mensagem lida pelo governador Marcelo Déda na abertura do ano legislativo. Para o deputado, o governador sabe produzir um texto com frases de efeito, mas o desejo dele é ver o pronunciamento transformado em prática, em ações. Um dos temas da fala de Marcelo Déda veementemente repudiado por Venâncio é quando ele diz ter recebido o Banese quase moribundo, a beira de um colapso financeiro. O líder oposicionista fez um alerta ao governador e chamou para um desafio: “Enganaram ele. Para tirar dúvidas, basta chamar o ex-presidente da instituição Jair Oliveira e o atual João Andrade para virem à Assembléia e esclarecer o assunto. Cada um faz sua explanação e vamos tirar nossas dúvidas”. São as primeiras querelas de um debate que promete ser longo e exaustivo, afinal 2008 está apenas começando... .
ADEUS, FIDEL CASTRO!
Não, ele ainda não desencarnou. Mas o mundo ficou muito mais leve ontem com a renúncia de Fidel Castro, um dos mais sanguinários assassinos seriais da história das Américas, à Presidência da Ditadura de Cuba. Não foi por desapego ao cargo, ao poder! Na carta do “adios camaradas”, o senil comunista fala sobre limitações causadas pelos problemas de saúde e diz que trairia sua consciência assumir uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total, o que não estaria em condições físicas de oferecer. Fidel Castro será para sempre lembrado pelo “trote” aplicado no povo cubano. O historiador argentino Jose García Hamilton, estudioso da História Cubana, vê semelhanças entre a trajetória política dele e a dos líderes latino-americanos do século 19, José de San Martín e Símon Bolívar: “Como os dois ‘libertadores da América’, o ex-líder cubano tentou se eternizar no poder depois de ter liderado uma campanha de libertação. Virou um ditador pior do que seu principal inimigo, Fulgêncio Batista (líder do regime derrubado pela Revolução Cubana). A diferença é que Fidel bateu recorde de tempo no poder”. O detalhe sórdido desse poder absoluto e perene é o custo em vidas humanas e tragédias familiares imposto a um povo secularmente explorado. Os opositores do regime criado por Fidel Castro com o apoio do rebelde terrorista Che Guevara foram quase totalmente aniquilados. Escapou quem conseguiu fugir, deixando para trás o legado de várias gerações. Quem não teve a mesma sorte foi fuzilado após um julgamento fajuto ou mofa nas prisões. Com a agravante de tais ações terem o “respaldo” de gente de alto calibre da esquerda internacional. Fidel Castro se aposenta tarde. Há muito deveria ter vestido o pijama. Ninguém – perdão, só o escritor colombiano, ganhador do prêmio Nobel em 1982, Gabriel García Márquez – agüentava mais aqueles intermináveis discursos, hoje agregados por Hugo Chávez, outro desses mártires que cativam os cabeças-ocas. Também cansaram as farsas montadas pelo governo para dar respaldo eleitoral ao único partido de Cuba, o Comunista. A tristeza advém apenas de uma constatação: mesmo com a saída de Fidel Castro de cena, isso não significa o fim da sua influência. Para o lugar dele já está devidamente nomeado o irmão, general Raul Castro. Espécie de Fidel moderado, Raul assumiu o comando da Nação desde 2003, quando o ditador caiu enfermo, vítima de um suposto câncer de estômago. De lá para cá, nada mudou na pequena ilha. Alguns, como o atravancado presidente dos EUA George Bush, prevêem que nada mudará em Cuba até que Fidel Castro desencarne. Daqui até lá, o povo daquele belo país terá que suportar o melancólico definhar do governo de esquerda mais atrasado da galáxia! . O Outro Lado – Nem tudo é miséria em Cuba. O economista Gustavo Ioschpe, especialista em educação, comenta sobre o sistema educacional cubano, “certamente o legado mais duradouro e positivo que a passagem de Fidel deixará sobre o país. Estudo da Unesco do final da década de 90 coloca o ensino cubano com grande folga em relação aos demais países latinos”. Leia o texto completo em http://veja.abril.com.br/gustavo_ioschpe/index_190208.shtml

Terça-feira, 19.02.2008 - Ano II - Edição Número 226

A FARRA VAI CONTINUAR...
A próxima leva de shows a ser paga com dinheiro do contribuinte de Aracaju deve ocorrer em março, por ocasião do aniversário da cidade. Depois chegam os festejos juninos... O ano eleitoral promete ser muito mais animado que 2007. Dinheiro para gastar não falta! Aliás, a verba para tanta folia já está devidamente alocada no Orçamento 2008 da prefeitura. São R$ 13,3 milhões – valor destinado ao “custeio” da Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju). O ponto interessante é observar como a prefeitura de Edvaldo Nogueira, um comunista cujo discurso é de compromisso com a causa social, trata as “prioridades”. A Fundação de Amparo ao Trabalhador (Fundat), para ficar num exemplo dentro do lero-lero da esquerda, também recebe verbas “carimbadas” no Orçamento municipal. Em 2006 foram destinados à Fundat R$ 1,9 milhão. Naquele mesmo ano, a Funcaju recebeu R$ 7,7 milhões. No ano seguinte (2007), a Fundat ficou com R$ 4,1 milhões, enquanto a Funcaju faturou R$ 15,5 milhões. Agora, contra os R$ 13.312.074,00 destinados à Funcaju, apenas R$ 4.325.138,00 estão alocados para a Fundat. Como se comprova, diante das verbas já aprovadas pela Câmara Municipal, a grana não vai faltar para bancar a nova mania de Edvaldo Nogueira: fazer do show business uma atividade do poder público. Outrora, antes do PT e do PC do B, shows abertos ao povo eram comprados através de empresários sergipanos do setor artístico. Depois que os “agenciadores” oficiais entraram no negócio, fazer eventos públicos em Sergipe passou a ser atividade de alta rentabilidade - para artistas e também para alguns espertalhões! No ano passado, citando um exemplo recente, já nos estertores do Forró-Caju (25.05.07), a banda Cavalheiros do Forró fez sua esperada apresentação. Se fosse agenciado através de um empresário local, o dito show não sairia por mais de R$ 30 mil. A prefeitura e seu “bureau de eventos", no entanto, pagaram R$ 60 mil, fora os extras (produção), a um empresário-atravessador. É consenso entre os profissionais do show business sergipano que a presença de agentes da Funcaju e do governo do PT nas negociações com as bandas tem inflacionado os cachês, pois a tendência “natural” é cobrar muito mais do poder público que de empresas privadas. Por que, então, os senhores Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira preferem pagar mais caro por um show que poderia custar menos da metade do preço e ainda geraria emprego local se comprados através dos escritórios de agenciamento existente no estado, sem falar que os impostos acabam sendo recolhidos por outros governos? Trata-se de uma incógnita. Tudo indica, fazer show virou um negócio da China, algo que tanto a prefeitura de Aracaju quanto o governo de Sergipe dispensam atenção bastante especial e muita, muita energia em recursos humanos e, sobretudo, financeiros. . Detalhe instigante - Assim como a prefeitura do PC do B, o governo do PT também encontrou um jeito bastante “inteligente” de financiar seus eventos sem ter que dar muitas explicações a quem quer que seja. Entre os projetos aprovados a toque de caixa e repique de sino nos dois últimos dias do ano legislativo de 2008, estava o que criou o Fundo Estadual de Patrocínio, destinado a projetos sócio-culturais e de comunicação social. O fundo é gerido pela Secretaria de Comunicação e tem verba gorda. De acordo com o sítio da Secom, “o fundo deve funcionar sob a forma de apoio a fundo perdido e/ou empréstimos reembolsáveis. Entre suas metas estão a captação de patrocínios junto a iniciativa privada para realização de eventos específicos dentro de Sergipe, o estímulo às produções cinematográficas, festivais de música, apresentações artísticas e festas populares do calendário de eventos do Estado, além de incentivar a realização de eventos, simpósios e congressos que cumpram com o papel de alavancar o debate acerca da comunicação pública”. Percebam a esperteza: o Fundo Estadual de Patrocínio da Secom é, na verdade, a solução mágica para desvincular de vez o “bureau de eventos” e de apoios que interessam ao governo do PT e a secretária Eloísa Galdino das atividades de publicidade, cujo orçamento para 2008 é de R$ 21,5 milhões. Com o fundo operando 100%, será possível realizar shows, por exemplo, sem o envolvimento das agências de propaganda “vencedoras” da licitação nem de outros empecilhos, como a Secretaria Estadual de Cultura, a quem, em tese, tais atividades deveriam estar pelo menos co-relacionadas. Convenhamos, é uma mobilidade imensa para quem quer se especializar no espetacular ramo do agenciamento de artistas! Tem gente querendo o bis...

Segunda-feira, 18.02.2008 - Ano II - Edição Número 225

“MICARETAS” DE DÉDA CONTAMINAM EDVALDO
A carreira política de Marcelo Déda é contraditoriamente interessante. Provindo da classe média, trocou a terra natal Simão Dias pela “agitada” Aracaju dos anos 1970, para cursar o secundário no Atheneu. Foi perseguido pelo regime militar. Sujeito aguerrido, ele permaneceu “na luta contra a direita e pelo socialismo”. Estudante de Direito, fez um pacto com o hoje presidente da OAB/Brasil César Brito: carro era coisa de burguês e ambos jamais aprenderiam a dirigir. César, que não é bobo, quebrou o acordo e hoje aproveita as benesses do automóvel, enquanto Déda ainda depende de terceiros para guiar veículos. Nessa mesma época, surgiu a personalidade combativa de Marcelo Déda. Tudo o que a “direita” fazia estava errado. O radicalismo foi levado aos píncaros quando esteve deputado federal. Líder do PT na Câmara, Déda contribuiu para atrasar importantes reformas pretendidas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, pois iam de encontro aos “interesses” da nação. Hoje, ironicamente, as mesmas reformas foram transformadas em bandeiras do petismo. Cabia a Marcelo Déda a tarefa de cobrar do governo federal, no horário nobre a TV, ética, respeito à boa governança e ao dinheiro público. O intróito serve para mostrar como certos mitos são construídos. E como rapidamente caem em desgraça! Bastou ter a chave do cofre na mão... E eis Marcelo Déda a emporcalhar com os próprios pés sua pomposa biografia, construída ao longo de mais de 20 anos de vitórias, derrotas e novas vitórias. Deixando de lado histórias como a da capina de postos de saúde onde havia só cimento, centremos atenção na estrondosa denúncia da revista VEJA (10.05.2006) sobre os cachês superfaturados pagos com o dinheiro da Saúde municipal para os cantores dos animados comícios de despedida de Marcelo Déda da Prefeitura de Aracaju para concorrer ao governo estadual. Pela contabilidade da prefeitura, o show de Daniel, por exemplo, teria custado R$ 271 mil. O cantor, porém, alega ter recebido apenas R$ 103 mil. O mesmo correu com Ana Carolina: R$ 189 mil contra os R$ 100 mil alegados como recebidos pela cantora. Diferenças semelhantes ocorreram com os cachês de Fábio Jr., Luiz Caldas, Agnaldo Timóteo, Exaltasamba e Dudu Nobre. Detalhe: conforme apurou VEJA, o dinheiro usado para pagar a farra de despedida era de verbas do Sistema Único de Saúde (SUS). Estranhamente, até hoje, nem a Polícia, o Ministério Público, a Justiça ou o Ministério da Saúde se manifestaram sobre o assunto. O traquejo de Marcelo Déda para lidar com o show business parece ter estimulado o aliado, prefeito Edvaldo Nogueira. Na farra de fim de ano, estima-se em mais de R$ 1,5 milhão os gastos da municipalidade, sem contar o repasse ainda não esclarecido de imensas quantias em dinheiro vivo às associações comunitárias na rocambolesca tentativa de resgatar o carnaval de Aracaju. Engana-se, contudo, quem acha que Marcelo Déda aposentou o “empresário” que existe nele. Um bom exemplo é o projeto Verão do governo do PT, executado pela Secretaria de Comunicação. Dentre as atrações contratadas esteve o grupo baiano Olodum, cujo cachê é de R$ 20 mil + transporte da banda, hospedagem, alimentação + produção (som, luz e palco). Fora os extras e por conta da presença de um atravessador, a prefeitura petista de Japaratuba pagou R$ 30 mil pela apresentação dos batuqueiros dia 17.01.2008, durante as festividades do padroeiro da cidade. Em 25.01.2008, portanto quase uma semana depois, o mesmo Olodum animou o público no projeto Verão em Pirambu. Detalhe ao gosto do freguês: estranhamente, o governo da mudança desembolsou R$ 40 mil pelo mesmíssimo show, sem contar os extras. Como explicar para um marciano ser o Marcelo Déda responsável por tais peripécias o mesmo que cobrava na oposição um mínimo de vergonha na cara dos administradores públicos? E as essas crianças chegando à idade do voto, como evitar a desilusão diante da figura messiânica do homem que iria mudar Sergipe, mas, lamentavelmente, ainda insiste em fazer de bestas os crédulos eleitores do tal discurso de honestidade, de zelo com o erário público? Sem falar que Sergipe, depois do advento PT – e agora dos comunistas do PC do B -, virou a Meca dos shows pagos com dinheiro público! Os artistas (de fora do estado) agradecem... E olha que o projeto Verão da prefeitura acaba exatamente hoje, com a apresentação da banda Nação Zumbi. Empresários consultados pelo ABRA-O-OLHO cotam o cachê do grupo em R$ 100 mil, assim como o do Capital Inicial (também R$ 100 mil), que se apresentou na quinta-feira. Paulinho da Viola deve custar em torno de R$ 60 mil. Mas será que foram exatamente esses os valores pagos por Edvaldo Nogueira? Ainda é uma incógnita. Como até agora ele tem se mostrado um dedicado discípulo do dedismo, certamente que a fumaça a nublar os céus pode ser um presságio de mais uma instigante esperteza a vista... É aguardar para ver!

Sexta-feira, 15.02.2008 - Ano II - Edição Número 224

UMA NOVA “MICARETA PICARETA”?
Os shows do fim de ano na praia de Atalaia podem chafurdar a sagrada imagem de probidade do prefeito comunista Edvaldo Nogueira. Ontem, em entrevista ao “Comando Geral” de Augusto Júnior na RÁDIO JORNAL, Lucimara Passos Lindeberg, presidente da Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju), confirmou os estratosféricos valores pagos pela Prefeitura de Aracaju para comemorar a chegada de 2008. Seria uma nova “Micareta Picareta”?
Por enquanto, sabe-se apenas sobre os inacreditáveis cachês destinados a cobrir despesas da roqueira Rita Lee (R$ 350 mil) e da sambista Beth Carvalho (R$ 198,4 mil), publicados no DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO (26.12.2007). Detalhe: tudo foi pago com dinheiro vivo e antecipadamente. A senhora Lindeberg justificou a diferença garantindo ser os preços de shows “normais” diferentes dos de datas festivas, caso da passagem do ano. Mas o argumento foi detonado ontem mesmo pelo jornalista Carlos Batalha, ao vivo no programa “Batalha na TV” da TV CIDADE/TV CAJU.
Fingindo ser um empresário disposto a contratar as mesmas artistas para shows fictícios em Maceió, localidade até mais distante que Aracaju, Batalha obteve preços extremamente menores. Na conversa com o jornalista, o empresário da Poladian Produções, José Antônio, disse que Rita Lee poderia tocar no Dia das Mães na capital alagoana por R$ 130 mil de cachê + 22 passagens São Paulo/Maceió/São Paulo + o caminhão-baú que transporta o equipamento usado no show + hospedagem, alimentação. Tudo ficaria em pouco mais de R$ 160 mil. No caso de Beth Carvalho, o cachê seria de R$ 45 mil + 18 passagens Rio/Maceió/Rio e os extras (caminhão, hospedagem, alimentação), conforme disse a Batalha o empresário da Música e Mídia Produções, Afonso Carvalho, responsável pelos contratos da artista. O preço final do show seria de aproximadamente R$ 75 mil.
Se as peripécias com o reveillon das cantoras-vovós chocam pela gritante diferença nos preços dos cachês, indignação maior causa o combinado com o artista baiano Ivo Gato, contratado para criar, produzir e aplicar a decoração natalina nas ruas de Aracaju. Conforme o DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO (27.12.2007), a prefeitura desembolsou a bagatela de R$ 650 mil pelo trabalho do rapaz. Detalhe: sem licitação! Não desconsiderando o talento de Gato, além de tratar injustamente os artistas plásticos de Sergipe, com um cachê tão bem nutrido como esse, a prefeitura poderia trazer os mais premiados criadores da tradicional Beija-Flor, a escola pentacampeã do carnaval carioca, cujos adereços são admirados no mundo inteiro.
O líder da oposição na Assembléia, Venâncio Fonseca, já avisou: dona Lucimara Passos Lindeberg deve reunir a documentação que detalha todos os gastos com os festejos do Natal e Ano Novo custeados pela Funcaju porque será convocada a explicar-se já na segunda-feira vindoura, quando recomeçam os trabalhos legislativos. A convocação é necessária, pois não estão incluídos nos gastos até agora tornados públicos os custos com palco, som, luz, hospedagem, alimentação e deslocamento pela cidade da trupe de artistas e auxiliares. Sem falar de despesas outras, como os valores recolhidos ao Ecad, produção...
Juntando tudo, a comemoração da chegada de 2008 pode ter consumido mais de R$ 1 milhão e 500 mil dos cofres públicos municipais. Uma farra digna das mudanças apregoadas!
Talvez estejamos a enxergar apenas a ponta de um imenso iceberg dessas estripulias de campanha do prefeito-candidato Edvaldo Nogueira. A farta distribuição de grana às associações comunitárias para trazer de volta à vida o carnaval de Aracaju, por exemplo, ainda é um mistério.
Como a Polícia, o Ministério Público e a Justiça ignoraram a famosa “Micareta Picareta”, a impunidade parece ter instigado os comunistas do PC do B a agir igualzinho aos aliados do PT, que usaram o dinheiro da Prefeitura de Aracaju para impulsionar a candidatura a governador de Marcelo Déda, com a antecipação vergonhosa da propaganda eleitoral do então ainda prefeito, conforme denúncia da revista VEJA (10.05.2006), e que ficou por isso mesmo. Assim, de grão em grão...
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PS: E por falar em festa, quanto afinal vai custar o projeto Verão, que reúne muito mais artistas e tem infra-estrutura desdobrada entre o Mercado Central (Rua da Cultura) e a praia de Atalaia, e envolve além dos shows atividades desportivas? Vem bomba por aí!

Quinta-feira, 14.02.2008 - Ano II - Edição Número 223

ROBERTO LESSA
Foi com profunda tristeza que recebi a notícia da morte do jornalista Roberto Lessa, enterrado ontem à tarde. Ex-companheiro de Rede Jornal, amigo de longos e inesquecíveis papos regados aos tintos chilenos mais concorridos no prestigiado LeCappiattii; jornalista paradoxal, que fazia das letras um jogo a ser decifrado pelos leitores. Roberto Lessa era persona intensa. Amava a vida em cada fôlego, “como se não houvesse amanhã”. Por ela foi tragado como objeto quase psicodélico: queria brilhar, sempre! E este conjunto de personalidades conflitantes e ao mesmo tempo harmonizadas fez dele alguém especialmente singular, que fará muita, muita falta! Caríssimo amigo Roberto Lessa, descanse com os anjos! DL//
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TODA ADULAÇÃO TEM SEU PREÇO
As irregularidades na compra de alimentos para alunos da rede estadual, tornadas públicas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese), tumultuam a boa vida do governador Marcelo Déda. Sintoma maior é a ordem dada por ele ao secretário, magnífico professor José Fernandes Lima, para que adiasse as programadas férias e retomasse o controle da situação. As graves denúncias do Sintese sobre estranhos desencontros, digamos assim, nas contas do Programa Nacional de Alimentação Escolar apresentadas pela Secretaria Estadual de Educação, apontam o superfaturamento de preços e a utilização de recursos do Tesouro estadual para a compra de alimentos, apesar de ter sobrado R$ 1 milhão e 200 mil dos repasses feitos à SEED pelo Ministério da Educação destinados exatamente para tal finalidade. Com a descoberta desta “economia”, cai por terra o tal do “economismo” divulgado pelo Governo do PT como obra sacrossanta da administração Marcelo Déda. Economismo, segundo o blog PENSANDO ASSIM, é como foi batizada a onda de economia usada pela Comunicação estadual para disseminar a crença de que as compras no ex-governo eram bem mais caras do que agora. Diz um trecho do relatório do Conselho de Administração Escolar (CAE): “Comenta-se na imprensa que o Governo do Estado teria conseguido realizar uma economia significativa, com a redução de preços. Não é bem assim. O Estado de Sergipe pagava por coxa e sobrecoxa de frango mais de 76% do valor efetivamente devido, mesmo considerando o preço mais elevado do pregão promovido pela UFBA. Na mesma linha, seguia o peito de frango”. A inusitada coragem do Sintese ao contrariar mais uma vez o leniente governador Marcelo Déda, denunciando os desmandos praticados pelo governo do PT agora na área da Educação, contrasta sobremaneira com a postura covarde, submissa e cautelosamente “zelosa” do jornal CORREIO DE SERGIPE. Na manchete de capa da edição de ontem, como se para evitar atritos ou aperreios, o diário comete um desatino jornalístico-gramatical: “MPE vai investigar supostas denúncias de irregularidades na merenda escolar”. Como assim? Seriam supostas as denúncias referendadas pela unanimidade dos integrantes do CAE, inclusive com o voto da representante do próprio governo do PT? Imaginem: se denúncias oficializadas são “supostas”, que pensará o jornal sobre o escabroso teor das irregularidades? Melhor nem cogitar! A sofreguidão adulatória parece ter contaminado de vez o indulgente CORREIO DE SERGIPE, que para eximir-se, tal qual Pilatos, chega ao ponto de abusar da estupidez, da ignorância lingüística a fim de evitar qualquer mínima reclamação da realeza petista, agindo como “garoto de recados” visando abrandar estripulias do governo da mudança já sobejamente escancaradas! Ninguém merece... .
CORAÇÃO ENAMORADO
O PT tem um modo muito peculiar de tratar quem considera um estorvo. Dia desses, o clima Na Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju), órgão da Administração Municipal, era de quase condolências. Os nervos afloravam à pele desde que se soube por lá que a Petrobrás, a principal financiadora dos eventos promovidos pela Prefeitura de Aracaju, depois dela própria, havia entrado na Justiça com uma ação de indenização de mais de R$ 400 mil por causa da não divulgação da marca “Petrobrás” nos anúncios do Forró-Caju 2007. Talvez, devido ao imbróglio, os festejos juninos da Capital neste ano não sejam exatamente como pretende o aliado do PT, prefeito Edvaldo Nogueira Foguinho. Outro vacilo da Funcaju, que deixou Foguinho de cabelos em pé, é não ter pegado carona na mídia nacional da Secom estadual para divulgar o Projeto Verão de Aracaju. O governo do PT fez publicar anúncios na mídia de Salvador, Rio e São Paulo, mas apenas dos eventos realizados por ele em Itaporanga e Pirambu. Entretanto, comentam as más línguas, Edvaldo já teria “esquecido” a falta de interação na fundação. Ele teria por lá interesses mais que meramente administrativos...

Terça-feira, 12.02.2008 - Ano II - Edição Número 222

AS PERIPÉCIAS DE ELOÍSA GALDINO
Mês passado, para demonstrar com desconcertante categoria como emporcalhar o prato em que já aplacou a gula, o CORREIO DE SERGIPE publicou “entrevista” (20.01.07) com a secretária estadual de Comunicação Social, Eloísa Galdino, onde, sem ouvir o “outro lado”, o insosso jornal trazia na manchete de página: "Secom desperdiçava dinheiro público". Não é gozação, não! O bate-papo começou com a secretária expondo em detalhes como teria encontrado a Comunicação no início do governo de Marcelo Déda: “Por ali habitavam práticas administrativas precárias, o caos, os gastos sem planejamento, o desperdício de dinheiro público, a desordem. Muita gente nomeada e sem nenhuma função administrativa e assessorias de comunicação desarticuladas”. Inexplicavelmente, o CS perdeu uma imensa chance de questionar madame Galdino sobre quando ela pretende devolver aos cofres públicos o valor gasto com a viagem do carro oficial que foi apanhá-la e a acompanhantes no aeroporto de Salvador, no retorno das merecidas férias no início deste ano. Também não a questionou sobre a estranha reforma paga pela Secom no imóvel de número 05 da Rua José Oliveira Filho, conjunto Leite Neto, ao custo de R$ 206.980,01 – apesar de a casa em questão valer no mercado imobiliário no máximo R$ 200 mil. Segundo a desinibida jornalista Thaís Bezerra (JORNAL DA CIDADE, 27.01), especialista em mexericos, o imóvel teria sido alugado por R$ 1.300,00/mês – alugueis de construções similares na área custam no máximo R$ 800,00 – e serviria de abrigo para um certo “projeto Mídia Jovem”, sonho pessoal da secretária. Sem citar nomes, madame Galdino disse ainda na esquisita “entrevista” que a comunicação governamental agora é tratada como “um direito do cidadão e dever do Estado, e não para beneficiar esse ou aquele grupo”. Naturalmente, ela deveria estar falando sobre os cidadãos marcianos, já que recentemente o jornal O ESTADO DE S. PAULO lhe pediu informações quanto aos gastos com viagens internacionais feitos em 2006 pelo governo da mudança e madame Galdino ligou os ouvidos de mercador e deu de banda para a centenária publicação. Também sobre este tema, não foi questionada pelo desinteressado CORREIO DE SERGIPE. Depois de “arrumar a casa” e aplicar a marca petista na Secom, com direito a “mudanças simples” como realizar “uma licitação inédita no Brasil, sem a ocorrência de um ruído sobre a seriedade e a transparência do processo”, madame Galdino terá daqui em diante de refazer conceitos, “respeitando as idiossincrasias” das opiniões discordantes, para tentar manter de pé a tão decantada seriedade da licitação comandada por ela no ano passado, cujas irregularidades, para ficar numa palavra amena, foram desprezadas não apenas pelo CS, mas por todos os demais órgãos de imprensa sergipanos. Aos fatos: A carioca PPR – Profissionais de Publicidade Reunidos, primeira colocada na licitação da Secom, deixou de apresentar a Certidão Conjunta de Débitos Relativos a Tributos Federais e a Dívida Ativa da União (desacordo com o item 5.1.3 do edital). Foi inabilitada! No momento em que se deu o problema, um dos membros da comissão recebeu uma ligação no seu celular para tratar do assunto, fato confirmado por representantes de outras empresas presentes ao certame. Não se sabe quem teria sido o interlocutor, mas sem qualquer explicação plausível, a Comissão Especial de Licitação resolveu de pronto rever a inabilitação, antecipando uma justificativa pela manutenção da PPR na “concorrência”. Detalhe: sem que a própria empresa tivesse feito neste sentido um pedido formal por escrito à comissão, como obriga o edital. A seriedade da licitação de madame Galdino cai por terra quando se observa a falta de isonomia no tratamento das concorrentes. Por exemplo, a Comissão Especial de Licitação desclassificou a empresa CCA - Comunicação e Propaganda por chegar 10 minutos depois da hora marcada no edital para abertura das propostas. Mas permitiu à distinta e poderosa PPR, com os times já em campo, inserir um documento estranho – exatamente a certidão que havia motivado a inabilitação – ao envelope lacrado, entregue antecipadamente pela empresa. Somente a PPR teve tamanho prestígio. Em outra fase do processo (item Proposta Técnica, envelope “B”), as empresas Insight Propaganda e Marketing, SLA Propaganda e Daniel do Valle Assessoria e Publicidade foram desclassificadas. A Insight teria descumprido o edital ao não datar ou numerar as peças e ainda ter grampeado as folhas da proposta. A SLA caiu por não ter datado e numerado sequencialmente cada peça da proposta. Já a Daniel do Valle manteve a assinatura da empresa numa das tabelas de custos e também foi inabilitada. Depois, generosamente, a comissão voltou atrás e reconsiderou a desclassificação. Alegou que seria “melhor para o Estado selecionar a proposta mais vantajosa”, mesmo que esta decisão fosse frontalmente contra as regras do edital. Era mais uma permissividade a atentar contra a retidão da licitação. Tratou-se aqui, por enquanto, apenas sobre alguns dos muitos “furos” observados em uma licitação santificada pela obsequiosa Secretaria de Estado da Comunicação Social, sob a égide da bem intencionada Eloísa Galdino. Como, ao que parece, o propósito de escolher as empresas de propaganda que realmente interessavam ao governo do PT foi devidamente cumprido, o resto que se dane! Assim, a cada dia, a “seriedade”, a “transparência”, a “economia do dinheiro público”, o “zelo pela comunicação governamental” ensejados como fatos meritórios pelo governo da mudança no CORREIO DE SERGIPE parecem existir apenas nas palavras autocomemorativas de madame Galdino publicadas pelo risível jornal. E assim caminha a humanidade...

Segunda-feira, 11.02.2008 - Ano II - Edição Número 221

A BOCA TORTA E O CACHIMBO DE DÉDA
A propalada transparência na licitação para a publicidade e propaganda do governo do PT, conduzida pela obsequiosa Secretaria Estadual de Comunicação, pode ser na verdade o próximo cachimbo a entortar a boca do governo Marcelo Déda. Aos poucos, observam-se detalhes conflitantes a permear as empresas importadas “vencedoras” do certame – PPR Profissionais de Publicidade, do Rio de Janeiro, e Link/Bagg, da Bahia. Curiosamente, como se possuidora de contatos com o além ou ligada a poderosos místicos, a agência Quê Comunicação, ganhadora em novembro último de 40% da conta de publicidade do governo da mudança, já estava instalada em Aracaju desde 31.01.07, sob o CNPJ 05.411.322/0005-70, cujo titular é a PPR (Profissionais de Publicidade Reunidos). A empresa, segundo evidências, pode ter prestado consultoria informal à Secom desde então, enquanto a licitação, paralelamente, era conduzida. A fama da Quê/PPR no submundo das espertezas contra o erário público vai longe. Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União feita na Petrobrás, “a agência teria recebido indevidamente honorários por serviços que em momento algum foram efetivamente prestados”. Outras irregularidades citadas no relatório do TCU contra a Petrobrás, envolvendo a Quê/PPR, são a "subcontratação indevida, ausência de cotações de preços e licitação, fracionamento de despesa e realização de despesas com festividades". Numa daquelas coincidências conspiratórias, os fatos narrados no citado relatório ocorreram exatamente à época em que estava no comando da Petrobrás o sergipano José Eduardo Dutra. Outra infeliz coincidência: a Quê/PPR é unha e carne com a corrente petista “Articulação”, do presidente Lula da Silva, do “chefe da quadrilha” José Dirceu e do governador Marcelo Déda. A empresa presta serviços, digamos assim, a várias administrações petistas (especialmente em São Paulo) e a empresas do governo federal, como os Correios. Aliás, é justamente nos Correios onde o TCU vasculha novas e inusitadas tramóias da Quê/PPR. Um relatório muito esclarecedor está sendo finalizado pelos auditores do tribunal. A Link/Bagg, por sua vez, tem uma fraterna ligação com a DNA Propaganda do carequinha Marcos Valério, aquele bom moço do mensalão, que segundo o Grande Molusco “nunca existiu”. Ambas atuaram juntas em várias “concorrências” e “campanhas” do interesse do PT. Recente auditoria do TCU nos Correios verificou que a Link/Bagg “recebeu comissão sem prestar serviços, não justificou a terceirização de agências por ela sublocadas e apresentou propostas fraudulentas para comprovar a subcontratações de produtos e serviços”. Soa como repetição das mesmas contravenções cometidas pela Quê/PPR na Petrobrás. Mas aqui não há coincidência. O TCU crê num provável esquema engendrado em larga escala em vários órgãos da administração pública onde empresas de publicidade são usadas para fins muito específicos. E não apenas a federal! . Velha Conhecida – A Link/Bagg trabalhou para Marcelo Déda em 2000, na eleição que o levou à prefeitura de Aracaju. Serviu-o quando prefeito e depois trabalhou nas suas campanhas de reeleição à prefeitura e ao governo. No caso da Secom de Sergipe, a Comissão Especial de Licitação, ao analisar os documentos apresentados pelas agências concorrentes, detectou a falta da imprescindível Certidão Conjunta de Débitos Relativos a tributos federais e também a referente à Dívida Ativa da União da Link/Bagg. Declarou, então, a empresa inabilitada, ou seja, fora da licitação. Não valeu de nada! Como acabou vencedora do certame, a dita certidão deve ter sido devidamente “encaminhada”, ainda não se sabe como! Com tal rosário de incúrias a chamuscar as agências Quê/PPR e Link/Bagg, só resta pedir aos Céus que elas não se utilizem da renomada experiência em ilicitudes para seviciar os cofres públicos sergipanos, atendendo interesses comezinhos! Supondo, claro, que já não o tenham feito desde que aqui aportaram. É esperar e ver para qual lado a fumaça vai apontar... .
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MAMAS OU NÃO, MOFIO?
Em 19.11.07, o DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO publicou o decreto de nomeação do vestuto e zaratustro “faz-de-tudo” Zoroastro Penha Sant'Anna para o cargo de consultor técnico-operacional (CCE-07: R$ 2.279,49/mês) na Secretaria de Saúde, a partir de 01.12.07. Dez dias depois da suposta posse, o jornalista baiano-carioco-paulistano, radicado em Sergipe desde quando foi exilado pelos conterrâneos, escreveu seu “Adios muchachos” (Portal INFONET, 11.12.07). Era, para desespero dos credores e satisfação de certos desiludidos ex-amigos, o tchau do distinto. Mudava-se para o Sudeste! Escreveu ele na missiva do adeus: “...o fato é que resisti às oportunidades de trabalho para mudar de Sergipe, preferi ficar para fazer parte da mudança de Sergipe. Entretanto, agora não posso deixar de atender à convocação do Ministério da Cultura para assumir a Assessoria de Análise e Pesquisa de Programação da TV Brasil, nossa emissora pública, no Rio de Janeiro, onde acabo de chegar”. A pergunta que não quer calar: estaria o primo da fofoqueira Bernadete a mamar sem trabalhar, recebendo salário do governo mudancista do PT, que tão lisonjeadamente ajudou a eleger? Alguém por acaso viu o decreto de exoneração do rapaz?