A FARRA VAI CONTINUAR...
A próxima leva de shows a ser paga com dinheiro do contribuinte de Aracaju deve ocorrer em março, por ocasião do aniversário da cidade. Depois chegam os festejos juninos... O ano eleitoral promete ser muito mais animado que 2007. Dinheiro para gastar não falta! Aliás, a verba para tanta folia já está devidamente alocada no Orçamento 2008 da prefeitura. São R$ 13,3 milhões – valor destinado ao “custeio” da Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju).
O ponto interessante é observar como a prefeitura de Edvaldo Nogueira, um comunista cujo discurso é de compromisso com a causa social, trata as “prioridades”. A Fundação de Amparo ao Trabalhador (Fundat), para ficar num exemplo dentro do lero-lero da esquerda, também recebe verbas “carimbadas” no Orçamento municipal. Em 2006 foram destinados à Fundat R$ 1,9 milhão. Naquele mesmo ano, a Funcaju recebeu R$ 7,7 milhões. No ano seguinte (2007), a Fundat ficou com R$ 4,1 milhões, enquanto a Funcaju faturou R$ 15,5 milhões. Agora, contra os R$ 13.312.074,00 destinados à Funcaju, apenas R$ 4.325.138,00 estão alocados para a Fundat.
Como se comprova, diante das verbas já aprovadas pela Câmara Municipal, a grana não vai faltar para bancar a nova mania de Edvaldo Nogueira: fazer do show business uma atividade do poder público. Outrora, antes do PT e do PC do B, shows abertos ao povo eram comprados através de empresários sergipanos do setor artístico. Depois que os “agenciadores” oficiais entraram no negócio, fazer eventos públicos em Sergipe passou a ser atividade de alta rentabilidade - para artistas e também para alguns espertalhões!
No ano passado, citando um exemplo recente, já nos estertores do Forró-Caju (25.05.07), a banda Cavalheiros do Forró fez sua esperada apresentação. Se fosse agenciado através de um empresário local, o dito show não sairia por mais de R$ 30 mil. A prefeitura e seu “bureau de eventos", no entanto, pagaram R$ 60 mil, fora os extras (produção), a um empresário-atravessador. É consenso entre os profissionais do show business sergipano que a presença de agentes da Funcaju e do governo do PT nas negociações com as bandas tem inflacionado os cachês, pois a tendência “natural” é cobrar muito mais do poder público que de empresas privadas.
Por que, então, os senhores Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira preferem pagar mais caro por um show que poderia custar menos da metade do preço e ainda geraria emprego local se comprados através dos escritórios de agenciamento existente no estado, sem falar que os impostos acabam sendo recolhidos por outros governos? Trata-se de uma incógnita. Tudo indica, fazer show virou um negócio da China, algo que tanto a prefeitura de Aracaju quanto o governo de Sergipe dispensam atenção bastante especial e muita, muita energia em recursos humanos e, sobretudo, financeiros.
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Detalhe instigante - Assim como a prefeitura do PC do B, o governo do PT também encontrou um jeito bastante “inteligente” de financiar seus eventos sem ter que dar muitas explicações a quem quer que seja. Entre os projetos aprovados a toque de caixa e repique de sino nos dois últimos dias do ano legislativo de 2008, estava o que criou o Fundo Estadual de Patrocínio, destinado a projetos sócio-culturais e de comunicação social. O fundo é gerido pela Secretaria de Comunicação e tem verba gorda.
De acordo com o sítio da Secom, “o fundo deve funcionar sob a forma de apoio a fundo perdido e/ou empréstimos reembolsáveis. Entre suas metas estão a captação de patrocínios junto a iniciativa privada para realização de eventos específicos dentro de Sergipe, o estímulo às produções cinematográficas, festivais de música, apresentações artísticas e festas populares do calendário de eventos do Estado, além de incentivar a realização de eventos, simpósios e congressos que cumpram com o papel de alavancar o debate acerca da comunicação pública”.
Percebam a esperteza: o Fundo Estadual de Patrocínio da Secom é, na verdade, a solução mágica para desvincular de vez o “bureau de eventos” e de apoios que interessam ao governo do PT e a secretária Eloísa Galdino das atividades de publicidade, cujo orçamento para 2008 é de R$ 21,5 milhões. Com o fundo operando 100%, será possível realizar shows, por exemplo, sem o envolvimento das agências de propaganda “vencedoras” da licitação nem de outros empecilhos, como a Secretaria Estadual de Cultura, a quem, em tese, tais atividades deveriam estar pelo menos co-relacionadas. Convenhamos, é uma mobilidade imensa para quem quer se especializar no espetacular ramo do agenciamento de artistas! Tem gente querendo o bis...
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