Domingo, 28.06.2009 – 00h30

Déda, o Dorminhoco

Ou, O Despertar de Machadão

A semana se encerra com uma querela inusitada, cujo ponto alto é a tréplica do deputado federal José Carlos Machado, do alto clero do Democratas, à reação do governador Marcelo Déda ante uma entrevista publicada domingo passado no Jornal da Cidade.

Déda sempre reagiu mansamente aos ataques de Machado. Desta vez não deixou barato, até pelo fato de as “considerações” terem sido as de um aguerrido oposicionista. Algo impensável meses atrás, quando o deputado ainda acalentava (inocentemente) ser indicado pelo governador para o emprego vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, vaga ocupada recentemente por um petista de carteirinha, o advogado Clovis Barbosa.

Tudo começou quando Machado (Jornal da Cidade, 21.06) relembrou a amizade pessoal de Déda com o presidente Lula da Silva e de sua força em Brasília. E que apesar do compadrio, Déda não vem conseguindo muitas verbas. “De um total de R$ 245 milhões de emendas ao OGU (Orçamento Geral da União) 2009 destinados a Sergipe, conseguiu apenas parte de uma emenda de R$ 15 milhões destinada aos perímetros irrigados que produzem arroz em Cedro, Propriá, Neópolis e adjacências. Sinceramente, não sei o que está acontecendo. Acho que o governador deveria aproveitar essa amizade e pedir por Sergipe. Há um outro problema: as verbas liberadas para outros projetos não foram utilizadas, a exemplo da ponte Estância-Indiaroba, que já poderia estar sendo realizada, mas nada aconteceu. O governo Déda, em se tratando de obras, é muito devagar. A sorte de Déda foi ter pego uma série de projetos de João Alves Filho, senão Sergipe estaria completamente paralisado. É um governo muito lento nas obras. Não sei se é ágil em algum outro segmento.”

Machado foi mais além, trazendo ao debate um comparativo mordaz. Disse que, ao contrário do ex-governador Albano Franco, que conseguiu liberar 100% das verbas referentes às chamadas emendas de bancadas, Déda não tem conseguido fazer com que o dinheiro desembarque em Sergipe.

A comparação com Albano Franco, um cidadão sem opinião ou posição política definida, e cujo governo atrasou Sergipe em uma década, deve ter doído profundamente no coração narcisista de Déda. As palavras de Machado, mesmo plenamente verdadeiras e baseadas nos números colhidos por ele na condição de coordenador da bancada federal para questões do OGU, inflamaram o governador.

A reação foi de lamento, bem ao estilo choroso de quem não aceita críticas: “Como ele (Machado) também integra um partido de oposição, precisa bater no governo às vezes para fazer uma média com os seus aliados. O eleitor é o juiz. É a beleza da democracia. Machado está no seu papel de oposição. Minha preocupação é que, chegando perto da eleição, Machado se torne mais o deputado do DEM do que o coordenador geral da bancada sergipana.”

A Tréplica - Em entrevista a Carlos Batalha (“Batalha na TV”, TV Cidade, 25.06), Machado mostrou um lado até então resguardado a sete chaves: o de quem não leva desaforo governamental para casa. “Déda tenta descaracterizar o crítico ao dizer que faço política quando analiso o desempenho do governo com base em dados oficiais. Política quem sabe fazer é o governador. Estamos na era de pouca ação e muito marketing. Obras com data de inauguração marcada para fevereiro de 2009 estão longe de ser concluídas. Não queremos ser mal interpretados. Queremos que o governador acorde e faça mais pelo estado.”

Ao considerar o governador das mudanças para pior um dorminhoco que precisa “acordar” para “fazer mais pelo estado”, o deputado Machado desperta de um longo sono, exasperador para os eleitores contrários ao PT.

Agora é tocar o andor de quem sabe, quando quer, fazer oposição...

Sexta-feira, 26.06.2009 – 17h50
O Neguinho-Branquelo
Michael jackson em Londres (2006)
A inesperada morte de Michael Jackson sela uma carreira controvertida, tanto pelo carisma do artista quanto pelo homem por trás do astro.
Para muitos é um momento de prestar homenagens. Prefiro refletir sobre a construção e desconstrução da imagem de um dos maiores ídolos da história humana.
Minhas primeiras audições da inesquecível voz de MJ ocorreram ainda na infância. O rádio, paixão desde os meus seis, sete anos, tocava-o a todo instante.
O magnetismo da MJ atraiu a atenção do mundo a partir dos anos 1980. Em 30 anos de carreira, é o artista solo que mais discos vendeu -–cerca de 200 milhões, segundo dados oficiais das gravadoras; ele achava que havia vendido muito mais. Também, a partir dele ocorre a inserção do vídeo musical como peça promocional de discos, usando a força da TV.
A fama, fruto da genialidade para a música e o entretenimento, transformou a vida do garoto pobre, negro e de pai autoritário. De um lado, legou ao mundo um dos mais ricos acervos de R&B, Soul Music e Pop Music. Na contramão, trincou-lhe o juízo.
O rei do pop era alguém solitário. Mantinha-se assim por puro narcisismo, característica indelével dos muito celebrados, cultuados, deificados... No caso dele, narcisismo levado ao paroxismo, fruto da complexa relação mantida com a cor da epiderme e com o fenótipo.
Muitos se aproveitaram do cantor, a começar pelos médicos. Hipocondríaco patológico, pode ter sido vítima da usura e da irresponsabilidade dos que trataram dele ao longo da carreira: desfiguraram-lhe o rosto, deram-lhe remédios para lhe tirar as intensas dores, arruinaram-lhe o cabeção...
Não, MJ não é santo. Desce ao túmulo com a biografia aranhada por pesadas acusações de pedofilia. Relegar o lado delinquente do artista equivaleria a deificá-lo até na morte. Mesmo que agora o espírito cristão sugira um compassivo silêncio, para preservar a “alma”.
Rendo homenagens a Michael Jackson, e expresso minhas profundas condolências aos que o amam mundo afora. Sua forte fidelidade à qualidade da música, sua voz e seus requebrados resumem um dos melhores momentos do fim do milênio passado. Que descanse em paz!
Imagem estilizada com a provável aparência de Michael Jackson aos 50 anos sem as centenas de plásticas, com a cor da pele original e sem qualquer adereços

Sexta-feira, 26.06.2009 – 11h00
Algumas Considerações dos Leitores Sobre a Polêmica do Diploma
As minhas opiniões sobre a abolição da obrigatoriedade do diploma de jornalista geraram reações interessantes. Parte escritas, parte por telefone, tais manifestações, ainda apaixonadas de parte a parte, garantem que a querela não findou. Do ilustre publicitário baiano Fred Maron recebi um texto, o qual comento logo em seguida.
Diploma, pra que te quero
Por Fred Maron
David, sou totalmente a favor de uma formação acadêmica para qualquer profissão. Por outro lado, não a vejo como obrigatória em grande parte de profissões. Conheci grandes profissionais que contribuíram com seus talentos nas atividades que exerciam. Como não contar com o trabalho de um grande músico? O nosso inesquecível Luiz Gonzaga e outros tantos não tiveram qualquer formação acadêmica em nenhuma escola de música.
Este grande sanfoneiro nordestino, que usava roupas como as de Lampião, aprendeu e tomou gosto pela música em feiras livres e eventos religiosos. Tocou em bares pelo país afora, conquistando não só o povo brasileiro, mas também tendo o reconhecimento em outras partes do mundo.
Seu filho, o Gonzaguinha, chegou a frequentar uma universidade, teve o seu pai como grande mestre, onde além de ter herdado o talento de colocar no papel tanta coisa boa, teve a capacidade e emoção para transformar tudo aquilo em uma obra belíssima, que assim como seu pai, também a deixou para eternidade.
Alguns artistas plásticos têm suas obras disputadas pelo planeta sem que precisassem cursar escolas de belas-artes. Claro que não gostaria de ser operado por um médico sem formação, mas podemos ter grandes escritores, publicitários, e uma infinidade de outras profissões sendo exercidas por profissionais competentes, sem “canudo”.
O conhecimento pode ser conquistado pelo estudo, dedicação, necessidade e talento. Os diplomas, que infelizmente e em grande parte vêm sendo distribuídos por inúmeras “faculdades” em todo país, não garantem nem qualificam os milhares de estudantes a exercerem de forma competente e ética suas futuras “profissões”.
Vamos exigir, sim, responsabilidade, não só dos jornalistas com os seus textos, mas de todo e qualquer profissional em suas funções. Vamos defender, sim, a liberdade de imprensa e tudo que contribua de verdade com a informação. Cabe ao cidadão aprovar ou não o que realmente soma.
Temos a liberdade de mudar de canal, de estação ou não ler determinado veículo e mídia, seja ela qual for. Quando resolvermos o grande problema da educação básica em nosso país, poderemos escolher melhor quem sabe e quem não sabe fazer, e o quê.
Vale até para alguns dos nossos políticos representantes. Está sobrando diploma e faltando educação.
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Voltei. Esse lance, Maron, de faculdade que “distribui” diplomas é gravíssimo --e verdade seja dita, não se configura exceção. Some-se aí aquelas onde a qualidade do ensino é sofrível.
Caberia ao governo um passo decisivo para melhorar o nível educacional brasileiro: investir maciçamente na educação básica. O Brasil perde muito por causa das limitações educacionais (e de conhecimentos gerais) do seu povo. Jornalistas incluídos, lamentavelmente.
Outras opiniões sobre o assunto serão bem vindas. O debate acaba enriquecido quando há diversidade de opinião.
Volto mais tarde!

Segunda-feira, 22 de junho de 2009 – 10h40

(Leia primeiro o texto anterior)

Ainda Sobre a Não Necessidade do Diploma

A revista Imprensa (portal Revista Imprensa, 19.06.09) colheu algumas opiniões entre medalhões do jornalismo nacional quanto à decisão do STF ao extinguir a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Vamos às ditas. Volto logo em seguida.

Por Eduardo Neco

A necessidade do diploma era um interesse corporativista’, diz Juca Kfouri

O jornalista esportivo Juca Kfouri declarou ao Portal IMPRENSA que não é a favor da exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão e que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) foi acertada.

O principal argumento de Kfouri é o fato dos ‘grandes nomes do jornalismo não terem o diploma’. ‘Essa é a minha opinião: curta e grossa’, completou. No entanto, ele salienta que é a favor da formação em jornalismo para agregar qualidade ao que é produzido.

Para ele, a lei que determinava formação específica para atuar como jornalista ‘foi herdada da ditadura militar’. Sublinhou também que ‘a necessidade do diploma era um interesse corporativista que não fazia mais sentido’."

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Por Ana Luiza Moulatlet

Para Eugênio Bucci, mais importante que o diploma é ‘a manutenção e o cultivo da liberdade de imprensa’

"Eugênio Bucci, jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que na última quarta-feira (17) decidiu pela revogação da exigência do diploma para o exercício do jornalismo.

A primeira coisa que eu digo é que a decisão dos STF é uma coisa julgada, não é nem próprio avaliar se é correta ou não, não cabe a mim julgá-la’, afirmou Bucci. Em entrevista ao Portal IMPRENSA, ele disse que já havia manifestado, antes da decisão do Supremo, sua impressão de que o diploma já cumpriu um papel que classificaria como ‘civilizatório’ no Brasil.

Embora a exigência seja uma excentricidade brasileira, já que outros países não a tem, ela ajudou a elevar os padrões da profissão no país. No entanto, nos tempos atuais, a manutenção do diploma deixou de ser prioritária para o atendimento das necessidades do cidadão relativas à informação’.

Questionado sobre o que seria prioritário, Bucci citou como exemplo a observância, a manutenção e o cultivo da liberdade de imprensa. ‘Seria prioritário no Brasil a independência das redações e a preservação de um ponto de vista livre do poder; a capacidade de informar os cidadãos e fiscalizar o poder econômico’, declarou.

Sobre o posicionamento dos veículos de comunicação, o jornalista acredita - apesar de afirmar que não pode falar em nome das empresas - que a tendência é ‘as redações contratarem os melhores. Não acredito que seja o caso de contratarem os mais baratos. A qualidade da informação tornou-se uma exigência do público, e aqueles que têm uma formação sólida terão vantagem nessa disputa’, concluiu.

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Por Thaís Naldoni

O exercício do Jornalismo virou uma terra sem lei’, diz Ricardo Kotscho

A necessidade de que seja aprofundada a discussão sobre algumas regras que dêem algum norte ao trabalho dos jornalistas é a principal observação feita por Ricardo Kotscho sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício do Jornalismo, decidido na última quarta-feira (17), pelo Superior Tribunal Federal (STF).

Segundo ele, a tomada de uma decisão definitiva já é um fator positivo, em razão do tempo em que tal discussão se arrasta. ‘Acho ótimo que, finalmente, a Justiça tenha tomado uma decisão, ao que parece definitiva’, disse. ‘Já não aguentava mais ficar discutindo esta questão do diploma nos congressos, seminários, debates de que participo faz décadas’.

No entanto, o jornalista lembra da importância de que sejam, rapidamente, estudadas algumas regras, que serviriam para nortear o trabalho dos profissionais da área. ‘Com o fim da lei de Imprensa, que todos queriam, e da regulamentação da profissão, sem colocar nada no lugar, o exercício do jornalismo agora virou uma terra sem lei. Acho que esta discussão deveria prosseguir para que alguma regra do jogo seja estabelecida, em defesa das empresas e dos profissionais sérios e, principalmente, dos cidadãos, do conjunto da sociedade’, finalizou.

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Por Cinthia Almeida

Em palestra, Caio Túlio Costa diz ser a favor da queda do diploma desde os anos 80

Caio Túlio Costa declarou ser a favor do fim da exigência do diploma para exercer a profissão de jornalismo. ‘A decisão do Supremo Tribunal Federal veio coroar um trabalho que começou na década de 80’. Naquele período, Caio Túlio trabalhava na Folha de S. Paulo e já fazia manifestação para a queda do diploma. A afirmação foi feita em palestra nesta quinta-feira (18/06) promovida pela Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom).

Jornalista formado pela ECA-USP, Caio Túlio acredita que, a partir de agora, a formação possa melhorar e ser mais completa. ‘Para ser jornalista, basta ter moral e vocação. O curso universitário precisa apenas ensinar técnicas’.

Ele chamou a atenção para a dificuldade que a nova geração de jornalistas têm para interpretar textos. ‘As novas mídias, como celular, e-mail e Twitter, entre outros, tornarão a informação cada vez mais livre. Isso causará uma transformação na linguagem. O mundo está cada vez mais visual’, aposta.

Caio Túlio reforçou a importância de lidar com todas as formas de disseminação da informação para atender as necessidades de empresas cada vez mais globalizadas e se manter no mercado, que está cada vez mais exigente por qualidade final.

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Voltei. Ontem, recebi num jantar em minha casa um casal de amigos, um deles jornalista apegado ao diploma e intransigente defensor da causa. Tentei mostrar-lhe o quanto estava enganado. A não necessidade do diploma, por exemplo, talvez até melhore o nível das faculdades. Sobre isso, comento adiante.

A crise do jornalismo é mundial. No Brasil, como no resto do mundo, afeta diretamente os jornais impressos, onde o desemprego é crescente especialmente por conta da queda das vendas em bancas.

Para sobreviver o jornalismo terá de se reinventar. A mera engrenagem fabril de produção de notícias ficou para trás. No sistema de produção informativa digital, a interação do público e a cooperação entre as novas mídias requerem abordagem dinâmica, cada vez mais pautada no amplo conhecimento.

As dificuldades financeiras dos jornais começaram antes da abolição da obrigatoriedade do diploma e já vinham provocando efeitos devastadores nas empresas. Como disse ontem ao amigo jornalista que me visitava, a apaixonada polêmica sobre a decisão do STF pode ser a oportunidade para avançar. Se não fosse o STF, os jornalistas provavelmente continuariam indiferentes às transformações no mundo e especificamente no mercado de trabalho.

Sobre as faculdades. Na verdade, tirando uns poucos abnegados à seriedade (isenção) na condução do ensino aos estuantes de jornalismo, o que vemos são professores engajados numa profissão de fé única: a cantilena socialista...

As salas de aula estão cada vez mais voltadas a fabricar esquerdóides abobalhados, cuja qualidade do texto e do conhecimento resume-se à defesa “das causas sociais” e ao ataque à “direita”.

É a pandemia do idiota máximo, cuja visão foi embotada pela cumplicidade e adesão política de alguns péssimos professores ao ideologismo do Velho Barbudo --sim, Kalr Max! Sem contar serem também discípulos --quando não, do alto clero-- do petismo de carteirinha.

Portanto mais catequizadores que mestres da profissão; aliás, a maioria nunca esteve numa redação...

Não pretendo por agora arguir a qualidade dos cursos ou mesmo dos professores de jornalismo. A discussão acorre quanto à decisão do STF, porquanto irrevogável. Cabe agora recolher os cacos e tocar a vida adiante. Afinal, o jornalismo vai continuar a existir!

Domingo, 21 de Junho de 2006 - 19h00

Muita Calma Nessa Hora

A revogação pelo STF da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista deixou muita gente chateada no querido Sergipe. A reação adveio de diferentes setores: jornalistas-professores, jornalistas-sindicalistas e jornalistas-cabeças-ocas.

Confesso, não entendo o descalabro dos protestos. Afinal estamos falando dos homens e mulheres supostamente mais bem informados do pedaço.

Uma das queixas seria por ter gasto dinheiro e anos de estudo “para nada”. Santa inocência! Jornalismo exige conhecimento. Se a faculdade de jornalismo é boa o suficiente para passar algum conhecimento, terá cumprido sua missão. A não ser para quem fez faculdade de jornalismo em busca apenas do diploma, e não do conhecimento.

A reserva de mercado afeta só quem não se preparou para competir. Fernando Sávio, César Gama e Hugo Costa jamais precisaram de diploma. Chegar perto deles exige ralar muito numa redação, ler compulsiva e diuturnamente, investigar, e escrever, escrever, escrever...

A exigência do diploma começa com “Os Três Patetas”. Não os extraordinários Moe Howard, Larry Fine e Curly Howard, gênios do pastelão americano, mas a camarilha do movimento militar de 1964, que aplicou um golpe no golpe e apossou-se do governo em agosto de 1969: general Aurélio de Lira Tavares, almirante Augusto Rademaker e o brigadeiro Márcio de Sousa e Melo.

“Os Três Patetas”, conforme definia a trupe o deputado Ulysses Guimarães, imaginaram um ardil para impedir a presença de alguns estorvos nas redações. Gente cuja atividade investigativa, a capacidade crítica e a ousadia fez surgir o AI-5. A “solução final” pariu a exigência do diploma. Até então, advogados, economistas e professores atuavam também como jornalistas.

No mundo

Nos Estados Unidos a maioria esmagadora dos profissionais contratados cursaram faculdade de jornalismo. Não há exigência do diploma em lei. Porém, o país conta com 400 faculdades e universidades de jornalismo; 120 oferecem pós-graduação na área e 35 oferecem doutorado. Na Alemanha também não há exigência do diploma em lei. A situação se repete no Reino Unido, França, Suíça, Suécia...

O Brasil acostumou-se às regulamentações. Foi-se a malfada Lei de Imprensa. A censura caiu na Constituição de 1988. Por aqui, a formação jornalística se baseie na americana, mas não prescindimos dos “marcos regulatórios”, que lá não existem. Um passo à frente na democratização midiática: o fim da exigência do diploma nas redações brasileiras.

Resolvi retomar o tema por entender que o exercício digno da profissão de jornalista, com ou sem diploma, faz o bom jornalista. Ter vergonha na cara já seria um bom começo.

Portanto, sugiro a todos os jornalistas chateados muita calma nessa hora!