EDVALDO NOGUEIRA
FALA, MINHA GENTE!
Confesso, para mim
foi um susto. Neste quase terço de século de “ócio criativo”
remunerado, militando na comunicação, jamais soube (nem mesmo por
ouvir dizer) que o ex-prefeito de Aracaju, meu comunista de boutique
preferido, Edvaldo Nogueira – o quase médico, o quase deputado
federal, o quase empresário e... quase mudo –, falasse! E fala
bonito, meu povo amado...
Por “acaso”,
foi justamente com o cujo a entrevista de estreia do programa
de bate-papos internéticos “10'Necessários” (vídeo),
estrelado por Thiago Hélcias, híbrido de jornalista diplomado e
agitador de eventos. Sem entrar no mérito do “programa”, chamou
minha atenção a “humildade” quase sacrossanta de Edvaldo
Nogueira. Imaginem os caros leitores, o homem da foice e do martelo
chegou a admitir até um pecado capital para políticos
profissionais, como ele: quando esteve prefeito, tadinho, usou as
verbas da Comunicação mais na promoção do “institucional” que
das próprias virtudes – que, no meu modesto entender, incluiriam
aquela beleza estranha.
Parênteses, para
filosofar e deixar putos uns e outros: todo político adora falar ou
tentar demostrar “humildade” para a opinião pública; mas é
tudo mentira, como se sabe! O melhor, de fato, seria a opção pela
“modéstia”, pois segundo Friedrich Nietzsche, em “Genealogia
da Moral”, que mesmo sendo (com perdão da heresia, e de acordo com
o que ele mesmo diz sobre ela) uma obra “pobremente escrita,
desajeitada e (até) embaraçosa” para o próprio autor, a
“humildade é coisa de escravo, (papel) desempenhado pela culpa na
moral dos escravos”. Encerro os parênteses lembrando do prezado
Anthony Kenny, para quem “não é fácil sentir muita piedade por
alguém que considerava a piedade (referência ao colega alemão) a
mais desprezível das emoções”.
Voltando aos cajus
graúdos e maduros de nosso “pomar”...
Edvaldo Nogueira
fala, minha gente! E fala demonstrando resiliência, do alto dos bons
pontos obtidos na pesquisa Padrão, pelos quais estaria ele uma
carrada de votos (fosse a eleição hoje) acima do prefeito João
Alves Filho. Afinal, quer o ex-prefeito o lugar ocupado pelo Negão?
Claro, mas ele não
o diz. Ele faz aquela média: contrito, e – pasmem! – até
eclesiástico: “A cada dia com sua agonia”. O “brazil” é
mesmo engraçado! Sergipe, então, nem se fala...
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Por David Leite
©2015 | 05/04 às 14h40 | Reprodução permitida, se citada a
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