E.Zine 27/07 N115

DÁ MESMO PARA CRER? A festa foi bonita. Na platéia seletíssima, militantes históricos do PT, servidores de carreira e comissionados (prefeitura e estado) dispensados do trabalho, e convidados de alto coturno. Escondido sob a proteção de centenas de policiais federais, civis e militares, não houve vaias para o Grande Molusco. Longe do querido povo, Sua Inocência, o compadre-salvador da Pátria anunciou a viabilização de R$ 2 bilhões através do PAC-Derme para os municípios sergipanos com menos de 150 mil habitantes. Anunciou ainda investimentos de R$ 401,7 milhões para obras de saneamento e urbanização em favelas na Região Metropolitana de Aracaju. Os sergipanos estão acostumados a ouvir o Grande Molusco dizer uma coisa e fazer exatamente o contrário. Quando faz! Talvez agora, diante da avalanche de críticas pela falta de ação quanto à crise aérea e realmente consternado por fazer um governo medíocre, tenha desistido do cinismo e cumpra o prometido. Se assim o fizer, será a redenção dele ante o povo sergipano, depois da perseguição suja contra o ex-governo, incentivada e apoiada pelos petistas e aliados locais. Como desconfiar não faz mal a ninguém, o certo é esperar para ver! ESTUDANTES, AUTORIDADES, CUT E IMPRENSA Governos são sempre governos. Mas para a imprensa sergipana há diferenças cruciais no trato com certos governantes. A repercussão das porradas dadas nos estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) por policiais militares e seguranças de Sua Alteza Real na solenidade de lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), da qual participou o ministro da Educação, Fernando Haddad, foi mansa... Um quase apoio ao novo governo -a ordem para conter a fúria dos "baderneiros" teria partido do príncipe em pessoa. Fosse outro o mandatário, especialmente se tal ato brutal tivesse ocorrido no ex-governo, o tom do noticiário seria muito, muito diferente. Observe-se a posição da benevolente Editoria de "Política" do Jornal da Cidade. Através do Periscópio, só faltou dizer que democracia tem limites: "Sem propostas, os manifestantes exibiam cartazes anunciando que ‘Lula, Haddad e Josué (Modesto, reitor da UFS) estão destruindo a educação no Brasil'. Como não sabiam o quê e como falar, partiram para o ‘barulhaço'. Os convidados do ato, então, protestaram contra os estudantes, que se tornaram pessoas, no mínimo, desagradáveis naquele ambiente". Bons tempos aqueles quando se podia protestar apenas porque a manifestação servia para infernizar a vida dos governantes contrários ao PT. Agora, protestar é uma desagradável inconveniência, passível de socos e pontapés! Esperteza - O mesmo tratamento não foi dado pelos isentos editores do JC ao "barulhaço" promovido pela CUT, enquanto as escadas do Tribunal de Contas do Estado eram lavadas. O "Periscópio" limitou-se a informar desinformando, e apenas nas entrelinhas: "Algumas lideranças sindicais vão defender junto aos organizadores do ato de ontem, em frente ao TCE, que a lavagem faça parte do calendário de manifestações da CUT, e todos os meses, na última quarta ou quinta-feira, sejam realizadas lavagens do Tribunal de Contas do Estado, aumentando mês a mês a dosagem de creolina. A agenda iria durar até dezembro próximo, com um ato especial em janeiro de 2008" (JC, 26/07). A CUT a que se refere o Jornal da Cidade é a mesminha que nunca promoveu um único ato contra o mensalão, os sanguessugas, as cuecas e malas de dinheiro, o dossiê fajuto para abater tucanos na campanha passada, ou mesmo contra o tratamento de Sua Alteza Real dado aos professores do estado. Como bem assinalou o blog Pensando Assim, "usasse a CUT os mesmos critérios para todos, faltaria sabão para ‘lavar' a rampa do Planalto". O JC preferiu se abster de comentar... Quanto à CUT, nada se deve esperar dela. Somados, os valores do generoso repasse às entidades sindicais feito pelo governo do Grande Molusco somente no ano passado, chegam a mais de R$ 100 milhões. Quem em sã consciência vai querer brigar com padrinho tão mão aberta? É a oficialização do peleguismo de resultados! Um brinde à esperteza...

E.Zine 26/07 N114

PROMESSA E MEDALHA Ainda ressabiado pelas homéricas vaias do Maracanã e pela repercussão negativa do acidente da TAM, desembarca na manhã desta quinta-feira na Terra das Ararás e dos Cajus Sua Inocência, o compadre-salvador da Pátria. Às 11h00 fará o anúncio das obras do PAC-Derme para o Estado no Centro de Convenções. Não é a primeira vez que o Grande Molusco se esconde para evitar o confronto com a realidade. Em 2005, quando o mensalão foi denunciado, refugiou-se em Paris. Agora, receoso do humor dos aborrecidos eleitores do Sul, cancela agenda e se aboleta no Nordeste. Busca o afago de quem recebe o Bolsa Família. Alento muito bem-vindo nestes dias e noites tão difíceis, de quase sublevação, de quase ódio nacional! Mas esperto como crocodilo em lagoa, o Grande Molusco fará rápidas paradas nos estados. Não quer correr o risco de encontrar gente fora do compasso, disposta a causar constrangimentos. Por aqui, diante de uma platéia seletíssima, formada por militantes históricos do PT, servidores de carreira e comissionados (prefeitura e estado) dispensados do trabalho, e convidados de alto coturno, Sua Inocência, o compadre-salvador da Pátria, vai anunciar investimentos em habitação e saneamento. Os sergipanos estão acostumados a vê-lo dizer uma coisa e fazer exatamente o contrário. Ou mesmo nada fazer. Talvez agora o cinismo lhe seja menor. Pelo bem do estado, que assim seja! Homenagem - Aproveitando a ocasião, o Grande Molusco também vai entregar a medalha da Ordem do Mérito Nacional (grau de comendador) a Seixas Dória. Trata-se da mais alta comenda da República Brasileira. Foi concedida a personalidades como o maestro Heitor Villa-Lobos, o escritor Manuel Bandeira, o urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer. Como perguntar não ofende. Qual terá sido o grande feito do ex-governador sergipano, além de ser cassado pelo Golpe de 1964 e dividir cela com o também cassado ex-governador de Pernambuco à época Miguel Arraes, para merecer tão alta distinção? Verdade, Seixas Dória fez alguns discursos em tom nacionalista em defesa da Petrobrás, quando foi deputado nos anos 1950. Outro grande atributo biográfico dele é ter sido durante as três últimas décadas membro dos conselhos da Petrobrás, Petromisa e Nitrofértil, recebendo gordos salários. Com sua influência, ainda empregou os filhos em órgãos do governo. Conta também ter sido um destacado cabo eleitoral de Sua Alteza Real durante a campanha de 2006, de quem dizia loas celestiais. No seu tempo, antes de ser cassado, Seixas Dória permaneceu por quase dois anos governador. Quem lembra de alguma obra ou mesmo de qualquer projeto, talvez sequer iniciado pelo abrupto encerramento do mandato, durante aquela gestão? Da mesma forma, haveria algum tipo de intervenção dele em benefício de Sergipe nas estatais onde aconselhou? Nada consta. Conclui-se assim, o memorável e meritório feito do ex-governador Seixas Dória para receber a Ordem do Mérito Nacional, além do pendor pelos vermelhos (soviéticos), é ser amigo do Grande Molusco e padrinho do garboso príncipe. Lamentável para os grandes vultos já laureados em função da verdadeira contribuição que deram com o seu trabalho ao desenvolvimento econômico e social da Nação brasileira! Mas festa é festa...

E.Zine 25/07 N113

DE OLHO NO UMBIGO Aliados de sempre e de ocasião estão pressionando Sua Alteza Real para arregaçar as mangas e por em prática o tal projeto de mudança proposto como "o paraíso na Terra" na eleição passada. Muitos enxergam certa indisposição do príncipe. Ouvindo vozes influentes, Sua Alteza Real parece manter os cofres fechados agora para liquidar a fatura no próximo ano, quando serão realizadas as eleições municipais. A meta, para desespero de alguns "chegados", seria crescer a influência (poder) do PT. Para dar uma sacudidela, o soberano príncipe, já de posse da famosa certidão liberatória para contrair empréstimos, vislumbra os projetos deixados pelo ex-governo, especialmente os de combate à pobreza. O PAC-Derme é outra das saídas apontadas para fazer frente à letargia dos últimos sete meses e dar aos cidadãos, por hora, alguma perspectiva da existência de um governo estadual. Aliás, é isso mesmo! O ano passou da metade e o estado perdeu grandes oportunidades de crescer economicamente, com reflexos imediatos no aumento do PIB e no volume de empregos gerados. Perdeu empreendimentos de ponta (hotéis, especialmente). Perdeu imenso volume de recursos através do programa "Via Rápida" da Onu. Pode até perder a refinaria aprovada pela ANP e devidamente escondida do respeitável público até ser desentocada pelo ex-mandatário. Lamentavelmente, as mudanças ocorridas nesse dito "novo governo" foram para pior: os índices avassaladores da violência, o caos no setor da saúde, a falta de um rumo definido para os próximos 15, 20 anos. Que dizer então sobre programas como o de substituição de casas de taipa, o Água em Toda Casa, o Pré-Universitário, o Banco do Povo? Nada avançou. Não obstante, como admitiu na Assembléia o secretário Nilson Lima (Fazenda), os cofres estaduais têm reservas superiores a R$ 170 milhões! "Meu Umbigo Primeiro" - O estado estagnou. Os interesses do príncipe não! Sua Alteza Real tem sim um projeto: manter sob controle o maior número possível de prefeituras e mandatos legislativos no interior; manter a administração municipal e a maioria na câmara de Aracaju; e sedimentar as bases para a própria reeleição ou quem sabe um projeto de maior monta em nível nacional. Neste sentido, o homem até acorda cedo e trabalha feito furacão. Quanto ao estado...

E.Zine 24/07 N112

QUEM SERÁ? A briga entre vermelhos e aliados pela indicação do nome do substituto do desembargador Pascoal Nabuco promete ferver caldeirões. Uma campanha sistemática contra o candidato de Sua Alteza Real, ex-presidente da OAB/SE e atual procurador-geral do estado Edson Ulisses, está em pleno cozimento. À frente, o chef senador Antônio Carlos Valadares. A quem pode, quando pode e onde pode, ACV queima feio Edson Ulisses, especialmente por ter seu próprio candidato e pelo fato trágico para o momento de ser o pretendente cunhado do garboso príncipe. Membros do Adulatório Real e até gente da imprensa que em passado recente sofreu tratamento agressivo do claudicante monarca defendem Edson Ulisses com afinco. "Cunhado não é parente", dizem. A blindagem visa evitar qualquer ilação de nepotismo. Quem também é contra a indicação de Edson Ulisses é o presidente Henry Clay. Pendengas ainda não totalmente superadas por conta da eleição passada para a diretoria da OAB/SE afastaram os antigos aliados. Caberá à seccional indicar a lista com os seis advogados mais votados pela categoria e encaminhá-la ao pleno do Tribunal de Justiça. O TJ escolhe três e passa a bola a Sua Alteza Real, que indicará o candidato de sua preferência. Estando Ulisses na lista, nada poderá impedi-lo de assumir a cadeira de desembargador. Há também entre os magistrados alguns torcendo o bico para o candidato do elegante príncipe. Este pequeno, mas influente grupo pensa na "despolitização" desta nova indicação. Querem conviver com almas notoriamente jurídicas, no sentido latus dos termos. Assim, com tanta gente influente contra sua indicação, Edson Ulisses terá uma campanha de fogo pela frente. Ter como padrinho Sua Alteza Real certamente traz certo peso. Mas, terá o príncipe disposição (e tempo, já que vive viajando) para a empreitada? Há quem duvide! E os aliados, vão mesmo peitar Sua Alteza Real? Medir forças agora não poderia refletir em embates vindouros, com conseqüências inimagináveis? Cabedal - Pode algum incauto questionar: não se deve levar em conta o currículo dos candidatos numa escolha tão importante para a sociedade? Observando os últimos laureados, certamente este não é um atributo realmente relevante. Há outras prioridades! DISCURSOS! SÓ DISCURSOS... Completa uma semana o mais trágico acidente aéreo da história do País. Não se sabe ao certo, mas especialista estimam entre 200 e 220 as vítimas envolvidas. Com a explosão do vôo da TAM, também virou pó a última reserva de confiança no sistema de aviação civil nacional. Não há dúvida, neste tocante, da grande responsabilidade do governo federal. O apagão aéreo fazia dez meses e os vermelhos, mesmo diante do caos, insistiam que a crise estava superada. O ministro (Fazenda) Guido Mantega, em mais uma frase de muito efeito e nenhum resultado, culpou "a prosperidade econômica" (sic) pelo colapso. Depois veio a infeliz sugestão da ministra (Turismo) Marta Suplicy para os passageiros "relaxarem e gozarem". Por fim, o Brasil assistiu atônito como os vermelhos tratam o luto oficial, enquanto ainda fumegavam os escombros do acidente: de um lado condecorando diretores da Anac oficialmente; do outro, o gestual obsceno dos assessores quando souberam da possível falha mecânica do AirBus a resumir o sentimento de "indignação em vista da exploração política da oposição e da imprensa". Se a causa do acidente não estiver na pista de Congonhas, ainda assim o governo do Grande Molusco é um dos principais culpados. Só depois do sinistro, resolveu conter a fúria mercantilista das companhias aéreas, contrariando passageiros ante a comodidade do aeroporto central, e redimensionar o terminal à sua real capacidade para pousos e decolagens. Prometeu ampliar outros aeroportos de São Paulo e até construir um novo. Se vai mesmo fazer ninguém sabe. As promessas passadas continuam meras promessas. Ao declarar-se na TV de "coração sangrando", o compadre-salvador da Pátria expunha lágrimas de crocodilo. Não trabalhou para evitar novos acidentes e agora lamenta. Chega de palavras ao vento. Chega de discursos oportunistas. É hora da ação. Pelo bem do País e para evitar mais tantas mortes! PS: As evidências estão a indicar que a TAM parece brincar com fogo, apostando alto na sorte para manter a frota no ar. Uma investigação séria poderá, finalmente, esclarecer como a companhia executa a manutenção dos seus aviões.

E.Zine 23/07 N111

A PONTA DO ICEBERG Os vermelhos, bons de mudança, mudaram um paradigma da administração. O melhor preço, a partir deles, é sempre o mais alto. Primeiro a capina num posto de saúde (2005) de cujo piso de cimento foi retirada uma centena de metros cúbicos de capim e mato. Depois veio a escabrosa denúncia da revista Veja ("Micareta Picareta", 2006) sobre o desvio de quase R$ 2 milhões de reais em dinheiro do SUS para pagar os shows superfaturados dos artistas que celebraram a saída de Sua Alteza Real para concorrer ao governo estadual. Ao abandonar a prefeitura, estima-se que o garboso príncipe tenha deixado um rombo de quase R$ 12 milhões na Secretaria de Saúde em contratos não pagos. Fora ter perdido prazos na prestação das conta de convênios federais, motivo para até hoje a PMA não poder receber certas verbas estratégicas, tendo que cobrir as despesas extras com recursos da arrecadação municipal. Não se deve esquecer também que o secretário Rogério Carvalho, integrando a equipe do novo governo, ainda exerce ingerência na Saúde da PMA, pois mantém desde sua saída centenas de cabos eleitorais em cargos comissionados. Por conta dessa herança maldita, a secretária Leda Lúcia, cansada de ser tachada de incompetente, deixou o cargo faz um mês. Ainda em 2006 foram contestadas as obras de revitalização do Parque da Sementeira (Parque Augusto Franco), patrocinada pela Petrobrás através de uma ONG. Até hoje ninguém sabe ao certo quanto e onde o dinheiro foi gasto. Investigações preliminares indicam haver pessoas ligadadíssimas a Sua Alteza Real por trás da ONG contratada sem licitação para executar a obra. Examinando os pregões licitatórios feitos pela PMA para a compra de merenda escolar, a CGU (Controladoria-Geral da União) descobriu o gosto voraz dos vermelhos por melancias, iogurtes e achocolatados. Ao comparar os preços praticados pelo mercado varejista da Capital e os valores pagos pela PMA na aquisição destes produtos em apenas um único pregão, ficou clara a gritante diferença. Em alguns casos, os contribuintes foram lesados em até quatro vezes o valor real do produto. A soma dos prejuízos, só na citada bricadeirinha, foi de R$ 84.000,00. Agora, o Sindicato dos Médicos denuncia um rombo de R$ 2.639.852,86 no fundo de previdência do município (Aracaju Previdência). Os descontados dos funcionários municipais não teriam sido repassados ao instituto entre março de 2005 e dezembro de 2006. O Sindimed pretende ajuizar ação contra a Secretaria Municipal de Saúde para saber onde está a grana. Se é que alguém pode, por favor, informar! De rombo em rombo o povo finalmente passou a conhecer a verdadeira competência dos vermelhos. Ah, o que se viu até o momento é apenas a ponta de um imenso iceberg. Dizem certas más línguas...