“ELE EJACULOU EM MIM E DISSE QUE TINHA SIDO UMA ENTIDADE”, DIZ MULHER SUPOSTAMENTE ABUSADA POR JOÃO DE DEUS
É quase impossível não comparar o imbróglio do médium João de Deus, um dos mais famosos do país, que realiza, desde 1976, atendimentos e “cirurgias espirituais”, com o do personagem do romance “O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde” (também conhecido como “O Médico e o Monstro”), publicado em 1886 pelo novelista, poeta e escritor de roteiros de viagem britânico, nascido na Escócia, Robert Louis Stevenson.
A história se passa na Londres do século XIX. O respeitável médico e pesquisador Henry Jekyll crê que bem e mal existem em todas as pessoas. Para provar sua teoria, trabalhou incansavelmente por anos até, finalmente, elaborar uma fórmula. Contudo, para não colocar em risco a vida de ninguém, resolve ele mesmo testá-la. Resultado: o lado demoníaco do cientista é revelado – ele o chama de Mister Hyde. O pior, porém, ainda estava por vir. Inicialmente, Doutor Jekyll acreditava poder controlar as aparições do alter ego, mas ele logo se descobriria totalmente enganado.
A fama do médium João de Deus conquistou a atenção de personalidades brasileiras e internacionais. A apresentadora Xuxa Meneghel, a modelo Naomi Campbell, a apresentadora Oprah Winfrey, o ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno e os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff já foram atendidos por ele. Agora, surge uma dúvida cruel, após mais de 300 mulheres relatarem à polícia casos de supostos abusos sexuais praticados por ele: seria o médium João de Deus uma espécie de Doutor Jekyll e Mister Hyde ou, puxando mais para o Nordeste, o João do Satanás?
Com a prisão de João de Deus decretada nesta sexta-feira (14) pela Justiça de Goiás, certamente deve ser esclarecido se o modo de atendimento denunciado pelas mulheres – encontros privados com o médium após consultas espirituais, método condenado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) – seria um ardil para, aproveitando-se da condição superior, atacar essas pessoas. Na revista Veja desta semana há ainda o depoimento estarrecedor da própria filha do médium, que o acusa de violações sexuais desde quando ela se entende como gente.
Seria mais um mito, uma estrela pública, que se desfaz ante a ganância – no caso, a ganância de possuir, mesmo que forçadamente e por breve período, mulheres que em situação normal talvez jamais se disporiam a manter relações íntimas com ele? Pois é, que mundo estranho. A cada volta parece mexer com coisas infernais...