...
Terça-feira, 06 de Julho de 2010 – 15h00
Aos jovens radialistas e jornalistas:
cuidado com a corrupção moral

“Procurar uma mídia (imprensa) confiável
é o mesmo que ir atrás de um ladrão honesto”.
César Gama

Resumo da grande ópera bufa da Comunicação, talvez a frase no “epitáfio” seja muito mais verdadeira do que a vão filosofia pode presumir e sepulta qualquer ilusão da tal “imparcialidade jornalística”. O conceito pode ser aplicado em nível universal –certamente, com agravos aqui e acolá: o jornalismo, ao contrário do preconizado por muitos, é não-neutro, não-imparcial e não-isento, por vezes, mesmo diante dos fatos a contraditá-lo.
Por outro lado, não constitui demérito se algum órgão de comunicação opta por um posicionamento claro diante de determinado tema: da política às artes, da música à culinária. O rádio, a TV e o jornal não apenas podem, como, aliás, devem orientar seus espectadores/leitores na formação da opinião, na tomada de posição e na ação concreta enquanto cidadãos.
Crime há quando o poder de influenciar, de persuadir, acaba usado como se mercadoria fosse. O espectador/leitor torna-se, então, vítima inocente da corrupção moral, do saber-fazer jornalístico apto a legitimar necessidades específicas, sob a argumentação “metodológica” de informar a realidade factual, principal característica do trabalho social do radialista, do jornalista.
À agravar a situação, no caso de Sergipe, junta-se aos mercantilistas da informação a turba bajulatória, cujo condicionamento profissional, pretensamente situado em formulações éticas, objetiva (de fato) enganar o respeitável público. Tome-se como exemplo o governo Marcelo Deda, transformado por essa gente, a peso de ouro, num coração sofrido, dolorosamente injustiçado por uma oposição desumana, que não lhe dá trégua para refazer-se de injustificadas críticas.
Até por conta da mitificação da pior administração sergipana nos últimos 50 anos –nem Albano Franco, com a leniência sórdida do despreocupado, demonstrou tanto desprezo por setores estratégicos como saúde, segurança, educação e geração de empregos–, talvez fosse o caso de o Tribunal Regional Eleitoral debruçar-se sobre a atividade panfletária de certos órgão de imprensa, como o Jornal do Dia, dedicado a ofender os adversários de Marcelo Deda com grosserias e achincalhes pessoais, com o objetivo único de confundir, desinformar e angariar votos.
Nada impede que um órgão de imprensa, respeitando os limites do bom-senso e sendo fiel à realidade factual, prefira apoiar este ou aquele candidato. Mas, quando tal “opção” decorre de acordos econômicos, com dividendos financeiros regiamente auferidos –sem que a relação comercial fique explícita aos olhos do espectador/leitor–, a função de “formador de opinião” cede lugar a de vendedor de ilusão, em benefício daquele que paga mais!
Por tantas razões, a nova geração de jornalistas deve ficar muito atenta à cooptação pelo poder. As benesses imediatas são cativantes, até motivadoras. Ocorre que hoje se vende a opinião. Amanhã, a credibilidade profissional vale tanto quanto os produtos encontrados num fim de feira...
...
Licença eleitoral
Respeitável público, minha opção crítica ao governo Marcelo Deda decorreu, já nos primórdios, lá em fevereiro de 2007, daquela ansiedade de provar publicamente o engodo político que este senhor representa. Não o fiz senão por decisão pessoal, correndo todos os riscos que tal atividade – afinal estamos falando do homem mais poderoso do estado– poderia me “contemplar”.
Posso por excesso ter pecado. Mas minha consciência segue segura de que injustiças não cometi, sobretudo ao denunciar desmandos, incompetências e espertezas. Após quase três anos e meio, eis que voltamos, por força dos expedientes democráticos em voga no País, à disputa eleitoral.
Este espaço, apesar de claramente oposicionista ao projeto de “mudança” dos petistas, porquanto já haviam eles demonstrado total despreparo para o trabalho sério, nunca serviu de palanque. Nem servirá! Tal qual agi na campanha eleitoral de 2008, agora, diante de atividades maiores a me exigir tempo e dedicação, despeço-me dos leitores para mais esta “licença eleitoral”. Fecho a bodega até o resultado das urnas. Até sabermos como decidirão os sergipanos quanto ao seu futuro político.
Desde já, fico grato pela paciência e carinho –e claro, também pelas “querelas” e boas discussões. A todos uma excelente campanha. Viva a democracia...