Segunda-feira, 18.02.2008 - Ano II - Edição Número 225

“MICARETAS” DE DÉDA CONTAMINAM EDVALDO
A carreira política de Marcelo Déda é contraditoriamente interessante. Provindo da classe média, trocou a terra natal Simão Dias pela “agitada” Aracaju dos anos 1970, para cursar o secundário no Atheneu. Foi perseguido pelo regime militar. Sujeito aguerrido, ele permaneceu “na luta contra a direita e pelo socialismo”. Estudante de Direito, fez um pacto com o hoje presidente da OAB/Brasil César Brito: carro era coisa de burguês e ambos jamais aprenderiam a dirigir. César, que não é bobo, quebrou o acordo e hoje aproveita as benesses do automóvel, enquanto Déda ainda depende de terceiros para guiar veículos. Nessa mesma época, surgiu a personalidade combativa de Marcelo Déda. Tudo o que a “direita” fazia estava errado. O radicalismo foi levado aos píncaros quando esteve deputado federal. Líder do PT na Câmara, Déda contribuiu para atrasar importantes reformas pretendidas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, pois iam de encontro aos “interesses” da nação. Hoje, ironicamente, as mesmas reformas foram transformadas em bandeiras do petismo. Cabia a Marcelo Déda a tarefa de cobrar do governo federal, no horário nobre a TV, ética, respeito à boa governança e ao dinheiro público. O intróito serve para mostrar como certos mitos são construídos. E como rapidamente caem em desgraça! Bastou ter a chave do cofre na mão... E eis Marcelo Déda a emporcalhar com os próprios pés sua pomposa biografia, construída ao longo de mais de 20 anos de vitórias, derrotas e novas vitórias. Deixando de lado histórias como a da capina de postos de saúde onde havia só cimento, centremos atenção na estrondosa denúncia da revista VEJA (10.05.2006) sobre os cachês superfaturados pagos com o dinheiro da Saúde municipal para os cantores dos animados comícios de despedida de Marcelo Déda da Prefeitura de Aracaju para concorrer ao governo estadual. Pela contabilidade da prefeitura, o show de Daniel, por exemplo, teria custado R$ 271 mil. O cantor, porém, alega ter recebido apenas R$ 103 mil. O mesmo correu com Ana Carolina: R$ 189 mil contra os R$ 100 mil alegados como recebidos pela cantora. Diferenças semelhantes ocorreram com os cachês de Fábio Jr., Luiz Caldas, Agnaldo Timóteo, Exaltasamba e Dudu Nobre. Detalhe: conforme apurou VEJA, o dinheiro usado para pagar a farra de despedida era de verbas do Sistema Único de Saúde (SUS). Estranhamente, até hoje, nem a Polícia, o Ministério Público, a Justiça ou o Ministério da Saúde se manifestaram sobre o assunto. O traquejo de Marcelo Déda para lidar com o show business parece ter estimulado o aliado, prefeito Edvaldo Nogueira. Na farra de fim de ano, estima-se em mais de R$ 1,5 milhão os gastos da municipalidade, sem contar o repasse ainda não esclarecido de imensas quantias em dinheiro vivo às associações comunitárias na rocambolesca tentativa de resgatar o carnaval de Aracaju. Engana-se, contudo, quem acha que Marcelo Déda aposentou o “empresário” que existe nele. Um bom exemplo é o projeto Verão do governo do PT, executado pela Secretaria de Comunicação. Dentre as atrações contratadas esteve o grupo baiano Olodum, cujo cachê é de R$ 20 mil + transporte da banda, hospedagem, alimentação + produção (som, luz e palco). Fora os extras e por conta da presença de um atravessador, a prefeitura petista de Japaratuba pagou R$ 30 mil pela apresentação dos batuqueiros dia 17.01.2008, durante as festividades do padroeiro da cidade. Em 25.01.2008, portanto quase uma semana depois, o mesmo Olodum animou o público no projeto Verão em Pirambu. Detalhe ao gosto do freguês: estranhamente, o governo da mudança desembolsou R$ 40 mil pelo mesmíssimo show, sem contar os extras. Como explicar para um marciano ser o Marcelo Déda responsável por tais peripécias o mesmo que cobrava na oposição um mínimo de vergonha na cara dos administradores públicos? E as essas crianças chegando à idade do voto, como evitar a desilusão diante da figura messiânica do homem que iria mudar Sergipe, mas, lamentavelmente, ainda insiste em fazer de bestas os crédulos eleitores do tal discurso de honestidade, de zelo com o erário público? Sem falar que Sergipe, depois do advento PT – e agora dos comunistas do PC do B -, virou a Meca dos shows pagos com dinheiro público! Os artistas (de fora do estado) agradecem... E olha que o projeto Verão da prefeitura acaba exatamente hoje, com a apresentação da banda Nação Zumbi. Empresários consultados pelo ABRA-O-OLHO cotam o cachê do grupo em R$ 100 mil, assim como o do Capital Inicial (também R$ 100 mil), que se apresentou na quinta-feira. Paulinho da Viola deve custar em torno de R$ 60 mil. Mas será que foram exatamente esses os valores pagos por Edvaldo Nogueira? Ainda é uma incógnita. Como até agora ele tem se mostrado um dedicado discípulo do dedismo, certamente que a fumaça a nublar os céus pode ser um presságio de mais uma instigante esperteza a vista... É aguardar para ver!

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