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* * Mensalão, o livro * * *
A
história contada nos mínimos detalhes – sem firulas
Por
David Leite | Domingo, 16/12/2012 | 10h55 | Livros
Conforme
prometi, após três dias de rápida leitura – uma prova de que o
livro que resenho agora tem o mérito de entreter e informar, sem ser
chato –, trago minha visão sobre “Mensalão – O julgamento do
maior caso de corrupção da história política brasileira”, do
professor de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos
(SP) Marco Antônio Villa.
Lá pelas tantas, para começar, diante dos
constantes entreveros entre o ministro relator Joaquim Barbosa e o
ministro revisor Ricardo Lewandowski, o sergipano Carlos Ayres
Britto, então presidente do Supremo Tribunal Federal, a fim de
apaziguar os ânimos e evitar que o Plenário virasse uma Torre de
Babel, saiu-se com esta: “Da nascente à foz, um rio é o mesmo
rio.”
Eis uma boa analogia para
definir o que quase ocorreu entre o início e o final do julgamento
do Mensalão. Por pouco, de tanta atrapalhação sem nexo, aquilo lá não virou uma Torre de Babel
escorrendo ao rio, com as inevitáveis consequências para o País. É
neste ponto, aliás, que o livro do professor Marco Antônio Villa brilha: de
forma sucinta (para os padrões dos historiadores), didática, ele relata cada
fase do caso, opinando aqui e ali acerca dos acontecimentos...
Os advogados, sobretudo os
mais estrelados, tiveram um tratamento “VIP” no livro –
ganharam milhões e mostraram-se inábeis, então fizeram por merecer
a derrota. Já os personagens como José Dirceu, José Genuíno e
Delúbio Soares são eviscerados, expondo que não seriam mais que
vassalos do presidente da República – aquele para quem o Mensalão
nunca existiu. Ricardo Lewandowski, “um advogado de defesa
disfarçado de juiz”, é massacrado. Marco Antônio Villa não
poupa sequer os ministros que agiram para condenar as malandragens do
PT, como Celso de Mello, que não escapa de observações irônicas
sobre o rebuscamento dos votos...
Dividido em etapas –
começando pelo assalto, indo até as condenações –, o livro
permite ao leitor um entendimento global do Mensalão, as razões
para que houvesse o julgamento, o julgamento em si e a justeza das
punições aplicadas, como forma de evitar que o Brasil continue a
ser o país da impunidade, onde rico e poderoso nunca vai à cadeia,
para cumprir penas por delitos cometidos – e que delitos: a
gravidade do Mensalão é exposta como num roteiro de cinema, onde ao
final do filme, faz-se justiça, com 25 réus condenados, muitos em
regime fechado.
Marco Antônio Villa encerra
louvando a independência do Judiciário e a liberdade de imprensa,
“que acabaram se tornando, mesmo sem querer, os maiores obstáculos
à ditadura de novo tipo que almejam (o PT, claro) criar”. Mas
adverte: “As decisões do STF permitem imaginar uma república onde
os valores predominantes não sejam o da malandragem e o da
corrupção... contudo, para que isso aconteça é preciso refundar a
República”.
Eis, então, uma boa razão
para que o livro seja lido: informação é poder e quando o
leitor/eleitor conhece os políticos que querem representá-lo, errar
fica mais difícil. Como diz o jornalista Augusto Nunes (Veja), “o
pai de todos os escândalos encontrou seu historiador” – sim, um
historiador danado... Recomendo!
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Serviço
Mensalão
- o Julgamento do Maior Caso de Corrupção da História Política
Brasileira
Sinopse
O
desenrolar do escândalo e o julgamento dos envolvidos no maior caso
de corrupção da história política brasileira
O ano era 2005. E o governo
de Luis Inácio Lula da Silva. No dia 15 de maio, o povo brasileiro
descobriu um novo jargão: “mensalão”. Um vídeo amador vazou na
mídia mostrando Mauricio Marinho, um alto funcionário dos Correios,
recebendo propina em troca de favorecimento político, que segundo
ele, era coordenado pelo até então deputado federal, pelo PTB,
Roberto Jefferson. Este, um show man de primeira linha, conseguiu
reverter o quadro, e de facilitador do esquema, virou um defensor da
justiça e denunciou os envolvidos numa rede de pagamentos de mesadas
em troca de apoio político, que segundo ele, partia de homens fortes
ligados ao presidente Lula. Entravam na dança José Dirceu, ministro
da Casa Civil e braço direito do presidente, José Genuíno,
presidente nacional do PT, Delúbio Soares, tesoureiro do partido e
Marcos Valério, um publicitário que aparentemente era o homem do
dinheiro do esquema.
Depois de anos de discursos
inflamados, discussões, cassações, choro e desabafo, finalmente
essa história chegou ao fim. Os principais envolvidos no “projeto
criminoso de poder” de “macrodelinquência governamental”, nas
palavras do decano do STF , o ministro Celso de Mello, foram
condenados. Venceu a ética e a democracia. E perderam os mensaleiros
e corruptos.