ASSUMIREI EU A COMUNICAÇÃO DA PMA?

Por David Leite | 18/12/2012 | 17h45
Muitos são os telefonemas que tenho recebido sobre a possibilidade de o prefeito eleito João Alves Filho ter me consultado/indicado para assumir o cargo de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Aracaju. Minutos atrás, por exemplo, recebi idêntico questionamento do jornalista Diógenes Brayner. Por esta razão, resolvi esclarecer:
1 – Creio haver no grupo de João Alves Filho / José Carlos Machado – e até nas cercanias dele – profissionais com melhor qualificação técnica e mais gabarito político do que eu para a função. Mesmo como assessor do Negão nos últimos 17 anos, uma coisa necessariamente não avaliza a outra. Assim é a política e nada a faria ser diferente, porquanto tal indicação é de caráter unicamente pessoal.
2 – Creio que minha ação na internet (Blog, Twitter, Facebook) defendendo a visão de gestão pública do DEM/PSDB (que sempre me pareceu correta) e comentando assuntos nem sempre gratos aos colegas da imprensa, políticos outros e pessoas ligadas à política, logrou trazer-me muita indisposição pessoal – apesar de sempre buscar fazer minhas críticas dentro de um espírito ético (no tocante à verdade), mesmo que naturalmente jocoso, irônico, sem muito “deixa disso”! Portanto, admito, não seria eu o assessor com melhor perfil para a função. Creio até que poderia atrapalhar o projeto administrativo de João Alves Filho, a depender de como tal indicação fosse recebida pelo público e pela imprensa.
3 – Na vida – agora estou aos 45 anos (minha flor da idade) –, aprendi que tudo tem seu tempo e lugar... Neste momento, a hora é de ajudar João Alves Filho a realizar a grande administração que sonha fazer e que tem sido alvo dos seus estudos e pesquisas nos últimos meses. E a melhor forma de ajudá-lo é sendo e agindo como sempre fui/agi: leal profissionalmente, honesto nas opiniões e grato – muito grato, aliás – pela paciência e carinho do Negão no trato para comigo, independente de cargos (seus ou para mim).
Portanto, a título de esclarecimento público, informo que não fui e tenho plena convicção de que não serei convidado a qualquer posto na gestão do Democratas/PSDB, que se inicia a 1º de janeiro de 2013 – menos ainda para a Secretaria de Comunicação.
Grato a todos... Abraços!


* * * Mensalão, o livro * * *
A história contada nos mínimos detalhes – sem firulas

Por David Leite | Domingo, 16/12/2012 | 10h55 | Livros
Conforme prometi, após três dias de rápida leitura – uma prova de que o livro que resenho agora tem o mérito de entreter e informar, sem ser chato –, trago minha visão sobre “Mensalão – O julgamento do maior caso de corrupção da história política brasileira”, do professor de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (SP) Marco Antônio Villa.
Lá pelas tantas, para começar, diante dos constantes entreveros entre o ministro relator Joaquim Barbosa e o ministro revisor Ricardo Lewandowski, o sergipano Carlos Ayres Britto, então presidente do Supremo Tribunal Federal, a fim de apaziguar os ânimos e evitar que o Plenário virasse uma Torre de Babel, saiu-se com esta: “Da nascente à foz, um rio é o mesmo rio.”
Eis uma boa analogia para definir o que quase ocorreu entre o início e o final do julgamento do Mensalão. Por pouco, de tanta atrapalhação sem nexo, aquilo lá não virou uma Torre de Babel escorrendo ao rio, com as inevitáveis consequências para o País. É neste ponto, aliás, que o livro do professor Marco Antônio Villa brilha: de forma sucinta (para os padrões dos historiadores), didática, ele relata cada fase do caso, opinando aqui e ali acerca dos acontecimentos...
Os advogados, sobretudo os mais estrelados, tiveram um tratamento “VIP” no livro – ganharam milhões e mostraram-se inábeis, então fizeram por merecer a derrota. Já os personagens como José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares são eviscerados, expondo que não seriam mais que vassalos do presidente da República – aquele para quem o Mensalão nunca existiu. Ricardo Lewandowski, “um advogado de defesa disfarçado de juiz”, é massacrado. Marco Antônio Villa não poupa sequer os ministros que agiram para condenar as malandragens do PT, como Celso de Mello, que não escapa de observações irônicas sobre o rebuscamento dos votos...
Dividido em etapas – começando pelo assalto, indo até as condenações –, o livro permite ao leitor um entendimento global do Mensalão, as razões para que houvesse o julgamento, o julgamento em si e a justeza das punições aplicadas, como forma de evitar que o Brasil continue a ser o país da impunidade, onde rico e poderoso nunca vai à cadeia, para cumprir penas por delitos cometidos – e que delitos: a gravidade do Mensalão é exposta como num roteiro de cinema, onde ao final do filme, faz-se justiça, com 25 réus condenados, muitos em regime fechado.
Marco Antônio Villa encerra louvando a independência do Judiciário e a liberdade de imprensa, “que acabaram se tornando, mesmo sem querer, os maiores obstáculos à ditadura de novo tipo que almejam (o PT, claro) criar”. Mas adverte: “As decisões do STF permitem imaginar uma república onde os valores predominantes não sejam o da malandragem e o da corrupção... contudo, para que isso aconteça é preciso refundar a República”.
Eis, então, uma boa razão para que o livro seja lido: informação é poder e quando o leitor/eleitor conhece os políticos que querem representá-lo, errar fica mais difícil. Como diz o jornalista Augusto Nunes (Veja), “o pai de todos os escândalos encontrou seu historiador” – sim, um historiador danado... Recomendo!

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Assista entrevista de Augusto Nunes (Veja) com o professor Marco Antônio Villa, falando sobre o livro “Mensalão – O julgamento do maior caso de corrupção da história política brasileira”: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/videos-veja-entrevista/marco-antonio-villa-fala-sobre-o-livro-que-o-transformou-no-historiador-do-mensalao/

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Serviço
Mensalão - o Julgamento do Maior Caso de Corrupção da História Política Brasileira
Editora: Leya Brasil

Sinopse
O desenrolar do escândalo e o julgamento dos envolvidos no maior caso de corrupção da história política brasileira
O ano era 2005. E o governo de Luis Inácio Lula da Silva. No dia 15 de maio, o povo brasileiro descobriu um novo jargão: “mensalão”. Um vídeo amador vazou na mídia mostrando Mauricio Marinho, um alto funcionário dos Correios, recebendo propina em troca de favorecimento político, que segundo ele, era coordenado pelo até então deputado federal, pelo PTB, Roberto Jefferson. Este, um show man de primeira linha, conseguiu reverter o quadro, e de facilitador do esquema, virou um defensor da justiça e denunciou os envolvidos numa rede de pagamentos de mesadas em troca de apoio político, que segundo ele, partia de homens fortes ligados ao presidente Lula. Entravam na dança José Dirceu, ministro da Casa Civil e braço direito do presidente, José Genuíno, presidente nacional do PT, Delúbio Soares, tesoureiro do partido e Marcos Valério, um publicitário que aparentemente era o homem do dinheiro do esquema.
Depois de anos de discursos inflamados, discussões, cassações, choro e desabafo, finalmente essa história chegou ao fim. Os principais envolvidos no “projeto criminoso de poder” de “macrodelinquência governamental”, nas palavras do decano do STF , o ministro Celso de Mello, foram condenados. Venceu a ética e a democracia. E perderam os mensaleiros e corruptos.