Segunda-feira, 28 de Setembro de 2009 – 18h15

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>> Os Jornalistas Cabeças Brancas e os Trogloditas

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Os Jornalistas Cabeças Brancas e os Trogloditas

Dona Caçula morreu há uma década aos 92 anos bastante lúcida. Minha amantíssima vovó cultivou desde moça uma frase lapidar, a qual repetia com frequência: respeito é bom e conserva os dentes! Aprendi também com ela que para ser respeitado é preciso antes saber respeitar.

Despertou minha atenção um texto do assessor do governador Marcelo Déda, o subsecretário de Governo Luiz Eduardo Costa, na edição de ontem do Diário Extra-Oficial do governo estadual, o Jornal do Dia. Admoestava o dileto escriba sobre a necessidade do respeito aos jornalistas e às suas opiniões, emitidas democraticamente.

Escreveu ele: “(...) ultimamente o clima político antecipadamente pré-eleitoral, anda a envenenar até mesmo o relacionamento entre colegas, que em primeiro lugar deveria ser respeitoso (...) todos podem manifestar suas preferências político-partidárias, suas convicções ideológicas, sem que por isso se transformem em alvo da fúria destemperada de trogloditas, que ao invés do computador deveriam estar empunhando um tacape.”

Com o devido respeito às ralas madeixas brancas de Luiz Eduardo Costa, pessoa de fino trato, penso eu que ignorar a encenação praticada na imprensa de Sergipe sob a tarja da imparcialidade implica tentar subverter uma dura realidade: a atividade capciosa, de clara motivação eleitoral, em curso no chamado “jornalismo opinativo”.

O governador Marcelo Déda sempre desejou domesticar a imprensa para servir de correia de transmissão do seu projeto de poder. Como nem todos os jornalistas mostraram-se dispostos a corroborar, ele recorreu às penas de aluguel –aquelas pagas com dinheiro público para elogiá-lo, reverberar as versões oficiais e atacar quem o atrapalha.

Qualquer jornalista pode manifestar suas preferências políticas e convicções ideológicas no espaço opinativo da mídia sem ser alvo da fúria destemperada de algum troglodita. Basta que não tente travestir comentários governamentais com as falsas vestes da “verdade absoluta”, que não camufle suas ligações com o aparato do poder nem trate o respeitável público como se néscio fosse.

É preciso ficar claro que nenhum jornalista –nem mesmo o de cabeleira branca– está acima do bem e do mal. O respeito exigido por Luiz Eduardo Costa pressupõe primordialmente a ética da reciprocidade e o respeito do escriba com o decoro profissional. Jornalista dissimulado que procede subjacentemente apenas por interesse partidário-eleitoral ou que aluga a “opinião” a serviço de terceiro, a exemplo do policial em cujas horas vagas vira bandido, é o tipo mais venal de vilão. Deve ter as “vísceras” expostas para o leitor saber quem de fato ele(a) é.

O trabalho sujo produzido por relevante parcela do “jornalismo opinativo” nada tem de respeitável, porquanto agride e avilta a própria profissão. O apelo do beatificado Luiz Eduardo Costa, especialmente pela alusão à civilidade e ao respeito mútuo, chega numa boa hora. O que estraga tão bela ladainha são os inúmeros exemplos, muitos deles assinados pelo próprio Luiz Eduardo Costa, do uso malévolo da opinião para achacar, difamar, caluniar, injuriar, perseguir, ludibriar, escandalizar, corroborar, mentir, alcovitar, dissimular, fofocar...

Quem sabe um dia seremos todos mais civilizadamente contidos, inclusive no trato com os demais da espécie!

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que vc David Leite, esta a exemplo de outros precisando de um remedinho chamado C.C.