Terça-feira, 06.05.08 - Ano II - Edição Número 258

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DÉDA, O DESEMBARGADOR E AS PALAVRAS AO VENTO
Não é o caso de discutir aqui legalidade ou competência. Refiro-me ao caso do cunhado do governador Marcelo Déda, Edson Ulisses, indicado por ele para substituir o desembargador aposentado Pascoal Nabuco. Gostaria de comentar o papel de Marcelo Déda neste singular episódio e também o da imprensa sergipana. Alguém pode questionar: “Não seria extemporâneo, pois, se não há como retroceder, qual o efeito de tecer ideário sobre o tema?”. As lamentáveis contradições. Só elas, caro público leitor, já valeriam um livro. A imprensa paraestatal, nutrida com as rechonchudas verbas da publicidade oficial, deu apoio incondicional à campanha de Edson Ulisses através do silêncio magnânimo. Em outubro, por exemplo, o deputado federal Mendonça Prado denunciou o uso descarado da máquina estadual em favorecimento explícito à candidatura do cunhado do governador. Como procurador-geral do Estado, Edson Ulisses, segundo Mendonça Prado, teria feito nomeações para conselhos deliberativos com efeito retroativo, promovido reajuste salarial de procuradores, contratado advogados estagiários e realizado eventos pagos pelo Erário onde abertamente pedia votos aos colegas causídicos. Os bajuladores fizeram ouvidos moucos e o assunto foi sepultado sem nenhuma cerimônia. Nem os colunistas ditos “independentes” ousaram contrariar a ordem do “Número Um”, questionando a legitimidade das denúncias. Finalmente, na semana passada, Marcelo Déda deu por encerrado o lastimável processo de indicação do novo desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe, com a homologação de Edson Ulisses. O rito foi absolutamente legal e certamente o novo desembargador deve ter cabedal técnico suficiente para atender aos requisitos exigidos dos julgadores da egrégia Corte. Porém, só durante a ditadura militar um político teve a ousadia, o despudor de indicar um parente a desembargador – Fernando Franco, já falecido, era primo em segundo grau do então governador Augusto Franco; um coronel cujas práticas eram combatidas e criticadas pelo estudante de Direito Marcelo Déda. Uma coisa, contudo, é votar num sujeito como o ex-governador e ex-senador baiano falecido, Antônio Carlos Magalhães – alguém capaz de tudo no exercício do poder! –, sabendo que dele pode-se esperar as mais estapafúrdias ações, omissões e até rasteiras estripulias. Outra é acreditar num discurso de mudança, de respeito à ética e a moral pública, e receber na cara a incoerência da camaradagem aos camaradas-companheiros e até ao parente. Qualquer um poderia empregar o cunhado na função de desembargador sem manchar a biografia. Marcelo Déda, não! Edson Ulisses chegou onde está porque assim desejou o governador das mudanças para pior. O brilhante advogado nunca antes concorreu às indicações da OAB ao Tribunal de Justiça. Só o fez quando o cunhado alcançou o Diário Oficial do Estado. Além de incentivar a candidatura de Edson Ulisses e usar a força indissociável do cargo para influir na campanha, Marcelo Déda relegou aos aterros sanitários todas as críticas feitas ao longo da prolífica carreira legislativa contra os adversários e desafetos. Desapartado dos grandiosos discursos idealistas e mudancistas, sentiu-se livre para fazer valer seu desejo pessoal, passando por cima de todo e qualquer empecilho. Maquiavel explica... O povo, diz a máxima, tem memória curta – talvez seja neste viés que se fie o soberbo governante sergipano. A História, no entanto, é eterna. E nela Marcelo Déda vai figurar como o governador cujo discurso era apenas palavras ao vento! Um político de quem a rebuscada falação servia ao embuste – biombo para exercer o poder ao bel-prazer. É a triste realidade...
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A BOMBA ROGÉRIO (Por Jozailto Lima – Cinform 05/05)
É impressionante como até nas entranhas do governo há a convicção de que Rogério Carvalho é uma bomba que, mais cedo ou mais tarde, vai explodir no colo de Déda. Mas o governador, que seria tão “arrumadinho e orgânico” nestas questões de zelo “com a coisa pública”, permanece anestesiado. Fugindo ao pregão eletrônico estabelecido pelo governo, Rogério Carvalho adquiriu recentemente R$ 8 milhões em medicamentos. Deixou desconfortáveis alguns setores do governo.

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