Segunda-feira, 05.05.08 - Ano II - Edição Número 257

Se quiser viver em paz Não insulte nem arengue Nem ande pelo subúrbio Pra não cair no perrengue Evitando com cuidado Pra não ser mais um picado Pelo mosquito da dengue
  • Do mestre cordelista Azulão
A DENGUE E OS FAMOSOS
Sergipe contabiliza alguns “famosos” entre os mais de dez mil casos de dengue registrados oficialmente no estado. Ele pode negar de pés juntos, mas um dos primeiros soropositivos do vírus foi ninguém menos que Rogério Carvalho. O deputado-secretário estadual de Saúde simulou uma viagem no início do mês passado para encobrir ser portador da doença. Foi tratado por uma infectologista carioca. Outra vítima “famosa” do vírus foi o ex-governador Albano Franco. Em meados do mês passado, ficou acamado por cerca de uma semana e passou uma outra se recuperando. Reclamou muito dos sintomas da doença. Foi tratado em São Paulo. No final do mês, o presidente da SMTT/Aracaju (Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito), o médico sanitarista e ex-vereador Antônio Samarone, ficou vários dias hospitalizado no São Lucas.
Piadas entre os médicos e servidores do hospital não faltaram. Do soro aplicado duas gotas a cada três minutos – um suplício – à velocidade de 0.60 km/h para chegar ao apartamento, quando eram chamados por Samarone. A lista de “dengosos famosos” inclui ainda prefeitos, deputados, advogados e muitos médicos, além de secretários do governo do PT e da Prefeitura de Aracaju.
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DESTAQUE NACIONAL
O governo das mudanças para pior conseguiu o notável feito de numa mesma semana inserir Sergipe duas vezes no Jornal Nacional (TV Globo/Rio). E registre-se: negativamente! Na terça-feira (29/04), o deputado-secretário estadual da Saúde, Rogério Carvalho, ao lado do secretário de Saúde de Aracaju, Marcos Ramos, finalmente admitiu haver uma epidemia de dengue no estado. A notícia acabou no Jornal Nacional: “Sergipe já é o segundo do país em incidência da doença. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o estado fica atrás apenas do Rio de Janeiro. Onze mortes já foram confirmadas e outras doze estão em investigação. Dos 75 municípios sergipanos, 60 estão em epidemia ou em risco de epidemia”. Na quinta-feira (01/05), o Jornal Nacional exibiu o Hemose (Centro de Hemoterapia de Sergipe) de portas fechadas. Cerca de 30 pessoas vindas do interior para doar sangue aos pacientes com dengue hemorrágica não puderam fazê-lo. Desculpa do diretor do órgão: “Não abrimos nos feriados”. Nem em plena epidemia? O próximo fato polêmico com potencial para mais uma vez expor Sergipe à vergonha nacional é a possível manipulação de dados pelo governo das mudanças para pior visando mascarar o número real de falecimentos decorrentes da dengue. Uma médica ligada à SSP sugeriu a este ABRA-O-OLHO verificar os atestados de óbitos emitidos no último trimestre de 2007 tendo pneumonia como causa da morte e compara-los aos dos meses subseqüentes. Segundo a fonte, “entre janeiro e abril de 2008, houve um inusitado incremento nas mortes por pneumonia, quando na verdade são óbitos por dengue hemorrágica. Querem esconder a realidade”. A denúncia é grave e caso seja comprovada será mais um triste escândalo sob a égide de Rogério Carvalho. Se médicos do Estado estão atestando mortes por dengue como sendo causadas por pneumonia, apenas para evitar danos políticos à imagem do governo do PT, estariam incorrendo em crime cuja conseqüência pode ser, inclusive, a cassação do registro profissional e o impedimento do exercício legal da profissão. Por que esses médicos agiriam assim? Haveria alguém pressionando ou mesmo dando ordens neste sentido? Quem os pressiona? Quem dá tais ordens? Que outras maquilagens foram ou estão sendo praticadas? O governo Marcelo Déda tem se notabilizado pelo descaso à vida. Mais de 60 crianças pobres morreram por conta da imundície de uma maternidade estadual, enquanto uma maternidade de ponta era mantida fechada apenas por birra política. Outros vários pacientes adultos tiveram fim semelhante na UTI do Hospital João Alves Filho, pelo mesmo motivo: sujeira, porque o detergente era diluído numa quantidade de água que o tornava sem efeito no combate aos germes. Há ainda um sem número de mortes decorrentes da “Operação Limpeza” feita nos corredores do Hospital João Alves Filho. Médicos não integrantes do quadro funcional do hospital foram contratados apenas para dar alta a centenas de pacientes pobres. Sem atendimento, mesmo o oferecido precariamente nos corredores, quantos não morreram? Com histórico tão desabonador, e agora destaque praticamente diário no Jornal Nacional, o governo das mudanças para pior só se destaca positivamente num setor: o da propaganda enganosa. Nada mais esdrúxulo que no intervalo comercial do mesmíssimo Jornal Nacional, onde os podres foram mostrados, ver um comercial louvando as grandes mudanças feitas pelo governador Marcelo Déda. Haja cara de pau...

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