Terça-feira, 04.03.2008 - Ano II - Edição Número 234

CRITICAR É PRECISO
Quanto às queixas de alguns leitores, relativas ao comentário de ontem sobre o viaduto Déda. A obra está pronta e serve à cidade. Isso basta! Porém, vale lembrar, quando o PT era oposição, as realizações dos governistas de então eram duramente criticadas. Algumas, como a ponte João Alves, foram transformadas em monstros inúteis. É justo, portanto, que os governistas de agora sintam o gostinho do próprio veneno. Da crítica sumária pela crítica. E só! Se para trafegar pelo viaduto Déda, motoristas de carreta precisam ser habilitados nos laboratórios da Nasa, a chacota serve apenas para irritar os autores e construtores da obra. E só! E ainda: para chegar ao destino usando uma das alças do viaduto bem cedo de manhã, é preciso um enorme exercício de paciência. Basta tentar pegar a Hermes Fontes, vindo do sentido Avenida Augusto Franco. O conta-gotas provocado pelo acesso estreito faz muita gente desistir de usar o viaduto e seguir em frente. Como se vê, problemas existem. Quanto às críticas, trata-se do nobre e salutar exercício da democracia; da alternância de poder: quem hoje é governo, amanhã pode voltar ao limbo da oposição; e do livre direito de opinar sobre absolutamente tudo! Tudo... É a vida!
.
OS PSICOTRÓPICOS DO PT
A depender do comportamento do Ministério Público e da Justiça, a operação conjunta da Polícia Federal e Agência Nacional de Vigilância Sanitária no Hospital João Alves, visando combater o tráfico e consumo indevido de psicotrópicos, pode enodar a já deslustrada imagem pública do governo da mudança. Existe a suspeita do envolvimento de servidores do hospital no caso que culminou com a prisão de um médico de fora de Sergipe, acusado de usar pacientes fictícios para obter ilegalmente remédios controlados. Até este ponto, em tese, não haveria comprometimento da direção do João Alves. Porém, na formatação da defesa prévia, a Secretaria de Saúde deixou vazar que não tinha controle sobre o estoque de medicamentos por conta de anotações desencontradas no livro do almoxarifado do agora rebatizado Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), motivo que teria facilitado o acesso fácil da quadrilha aos psicotrópicos. Esta seria a única grande responsabilidade do hospital. É aqui que o bicho pega... Em novembro de 2006, após atender todas as exigências da Agetis (antiga Prodase), entrou em operação o sistema informatizado de gestão hospitalar, assistencial e financeira do João Alves. Criado pela MV Sistemas, o software permite o controle de toda a cadeia gerencial, inclusive do estoque da farmácia. O programa da MV Sistema atende mais de 400 hospitais públicos e privados do Brasil inteiro, dentre os quais se incluem nosocômios com nível de acreditação 3 – ou seja, top no setor. A pergunta é: como, depois de quase um ano e meio da implantação de uma das mais atuais e eficientes ferramentas de gestão informatizada em uso no planeta Terra, o Hospital João Alves ainda utilizava o velho e rabugento livro de anotações para manter em dia o controle do estoque dos fármacos? A resposta é simples! Quando assumiu a Secretaria de Saúde, sob a alegação de garantir que ninguém ligado ao ex-governo ou mesmo suspeito de ter alguma ligação pudesse “sabotar” as mudanças propostas pelo PT, o deputado-secretário Rogério Carvalho substituiu centenas de servidores por cabos eleitorais dele. Gente que seis meses antes segurava bandeiras de propaganda da sua candidatura à Assembléia nas esquinas das cidades sergipanas. Resultado: incapazes de manipular minimamente um software tão complexo, os novos “servidores” seguiram realizando o controle de estoque pelo moderno método – do século retrasado, claro! – da caneta e do papel. Caso o sistema fosse alimentado corretamente com as entradas e saídas, a farmácia do João Alves teria total controle sobre o quantitativo de remédios nela existentes. Pois o sistema é a prova de falhas. E no tocante aos psicotrópicos, o próprio software gera um relatório específico e aparte dos demais medicamentos, para as eventuais fiscalizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diante dos fatos, a direção da Secretaria de Saúde e do João Alves tem sim senhor(a) culpa no cartório, pois calou ante o aparelhamento irresponsável do hospital, para uso exclusivamente político de Rogério Carvalho. A incompetência dos apaniguados do deputado-secretário facilitou a ação dos bandidos, assim como contribuiu para as mortes de mais de 60 crianças na maternidade Hildete Falcão e de dois adultos na UTI do próprio João Alves por conta da imundície em meados do ano passado. O governador Marcelo Déda também tem sua parcela de comprometimento por aceitar passivamente a contratação de pessoal com pouca ou nenhuma qualificação técnica e por não cobrar dos assessores o treinamento adequado e rigoroso para quem vai assumir funções vitais à máquina. Só podia dar no que deu! O melhor exemplo da politicagem desmedida e sem critério do médico Rogério Carvalho está na chefia do departamento de higienização do Hospital João Alves, aquela de quem deve ser cobrada a limpeza da casa de saúde. Responde pelo setor um nutricionista sem qualquer experiência anterior numa área tão sensível e que tem na ficha funcional a perda de duas férias por conta do excessivo número de faltas ao trabalho. Da mesma forma, para dirigir a farmácia do Huse, mesmo havendo 14 farmacêuticos no quadro do hospital, Rogério Carvalho optou por importar inteligência. Contratou um profissional de outro estado cujo único predicado “superior” aos farmacêuticos de Sergipe é ter brilhando na testa a estrela vermelha do PT e privar da amizade dele. Mas quem pode, pode! Quem não pode...

Nenhum comentário: