:::Terça-feira, 27.11.2007 - Edição Número 197:::

A OPORTUNIDADE BATE À PORTA DE DÉDA
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Essa história dos marajás do governo do PT ainda vai dar muita dor de cabeça ao governador da mudança. Alguns secretários de Marcelo Déda têm rendimentos mensais dobrados com os jetons pagos por participar dos conselhos de secretarias, autarquias, fundações e empresas públicas, que se reúnem geralmente apenas uma vez por mês. Outros, somando o salário (R$ 12 mil) às vantagens, mais os jetons, recebem até R$ 35 mil/mês.
Há casos estranhos, como o do secretário-chefe da representação de Sergipe em Brasília, Pedro Marcos Lopes. Como se trata do "homem de confiança" de Marcelo Déda na arrecadação de proventos financeiros nas campanhas eleitorais, o próprio governador da mudança tratou de defendê-lo. Marcelo Déda mandou dizer que não vê qualquer irregularidade se o companheiro vem de Brasília três ou quatro vezes por mês para participar de reuniões no conselho do Banese, recebendo R$ 2 mil por cada uma. No entender do príncipe petista, a oposição deveria se preocupar com outra coisa! Seria, por exemplo, como Pedro Marcos Lopes consegue dar expediente na Capital Federal e em Aracaju?
Há também casos risíveis. Veja o secretário-chefe da Casa Civil, Oliveira Júnior. Ganha de cinco conselhos e custa aos cofres sergipanos quase R$ 50 mil/mês. Ele defende seus rendimentos de marajá alegando ser uma determinação legal e que o governador nomeia quem quer como conselheiro. Disse também que os conselhos têm a função de melhorar a qualidade da administração, que são éticos, eficientes e democráticos, além de usados pela maioria das instituições em todo o mundo, inclusive empresas privadas. Esqueceu somente de dizer que o PT não pensava assim até dezembro do ano passado e que é do governo da mudança a inovação de premiar secretários com até seis conselhos.
A mamata dos marajás do governador Marcelo Déda finalmente fez acordar o Tribunal de Contas do Estado, que decidiu apurar a legalidade, a moralidade e a constitucionalidade da lei que regulamenta o pagamento dos jetons. A investigação foi proposta pelo procurador do Ministério Público Estadual junto ao TCE, José Sérgio Monte Alegre. Já o coordenador do Sindicato dos Servidores (Sintrase), Waldir Rodrigues, irá solicitar a redução em 50% do valor das gratificações na próxima reunião da Mesa de Negociação com o staff do governo. Promete ingressar na Justiça e no MPE caso não obtenha a diminuição pela via do diálogo.
Quem também quer acabar com a farra dos marajás do PT é o deputado Venâncio Fonseca, que pretende apresentar proposta de emenda constitucional para impedir secretários de receber jetons. Para ele, se o governo da mudança veio para corrigir todos os erros do passado, a proposta de enxugamento só vai ajudar. Como sempre, o enfadonho discurso do líder do governo, Francisco Gualberto, é de que Marcelo Déda não é o criador da lambança e que os conselhos são importantes para o funcionamento da máquina pública porque discutem as decisões das empresas, acompanham seu funcionamento e blá, blá, blá... Ou seja, agora pode tudo, porque quem está no governo é o sacrossanto Partido dos Trabalhadores.
Para fechar este assunto chato: fosse mesmo Marcelo Déda o prometido governador da mudança, começava por extinguir a remuneração de quem já recebe do estado. Evitaria ser lembrado pela História como o criador dos marajás...
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NADA DE NOVO
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O esperado duelo entre o deputado Mendonça Prado e o secretário Nilson Lima, realizado no covil do radialista e deputado-tampão condenado pelo STJ por calúnia, injúria e difamação, Gilmar Carvalho (ILHA FM, 26.11), foi elegante. Afora a ironia do democrata, que se disse preocupado com o nervosismo inicial do secretário petista, a quem aconselhou tomar suco de maracujá, porque se tivesse um infarto durante o programa seria péssimo, já que o SAMU não está funcionando bem, nada ocorreu para desabonar a conduta racional dos envolvidos.
Mendonçinha cutucou Nilson Lima a torto e direito. Contudo, ao final do embate, o ouvinte ficou sem o devido esclarecimento quanto à licitação onde a PostData, classificada em 12º lugar num pregão da Sefaz, acabou "vencedora". O secretário petista foi várias vezes desmentido pelo deputado democrata, que usou para respaldar-se o DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO. Pegou mal também a confissão de Nilson Lima de preferir guardar os quase R$ 800 milhões economizados desde janeiro pelo governo do PT no Banco do Brasil, ao invés de usar o Banese, o que demonstra seu grandioso interesse pelo banco sergipano.
Dizer quem venceu o debate é fácil: o Cão-Cão Gilmar Carvalho, que reuniu duas figuras de peso político considerável no exato momento em que a eleição de 2008 entra no debate político de forma definitiva. Perdeu o ouvinte, que esperava do secretário petista mais verdade, mais coerência e menos empáfia. Pelo menos a semana começou diferente...

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