:::Quarta-feira, 28.11.2007 - Edição Número 198:::

MAIS DO MESMO
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Peço licença ao respeitável público para retomar o assunto dos marajás do governo Marcelo Déda. O tema é realmente chato, desgastante, porquanto recorrente, e sabe-se, nada neste mundo fará a bancada governista aceitar o corte dos altos jetons pagos aos apaniguados secretários-conselheiros do governador da mudança, conforme proposta do líder da oposição na Assembléia, Venâncio Fonseca. Mas não dá para engolir a desculpa desavergonhadamente indecorosa do governador Marcelo Déda (JORNAL DO DIA, 27.11) de que os oposicionistas de hoje não reclamavam dos jetons quando estavam no governo. Da mesma forma, nada eles teriam feito para mudar a lei que regulamenta o pagamento de gratificações aos conselheiros de autarquias estaduais à época. Ou Sua Alteza acha que somos todos uns otários... Ou finalmente temos dele a confissão de que aquele belo discurso de mudança era pura balela. Poesia engambeladora, usada apenas para eleger-se e depois dar um pé no traseiro do eleitorado. Marcelo Déda se acha sabichão. Quem inventou a regalia de complementar salário de secretário com cinco, seis conselhos, criando os novos marajás de Sergipe, foi justamente ele, o governador da mudança! E neste caso, a reclamação é sim senhor de ordem moral, pois nunca houve na história deste estado tamanha mamata. Ou não é inescrupuloso e aviltante o pagamento de mais de R$ 30 mil/mês a auxiliares de Sua Excelência pelos cofres de um dos Estados mais pobres do universo? No seu festival de asneiras, Marcelo Déda sugere a quem agora reclama primeiro procurar um espelho e fazer autocrítica, e só depois exigir decência e moralidade. A receita cabe-lhe sob medida! Até mesmo na questão de quem sempre freqüenta escândalos, o príncipe do PT se dá mal. Ele tem razão ao lembrar que quem tem teto de vidro não joga pedra no telhado alheio. Afinal, devem ser amargas as lembranças da capina de postos de saúde com terreno cimentado, a famosa micareta picareta dos cachês superfaturados, o pagamento em dobro das obras da avenida São Paulo, as mortes de crianças e adultos por causa da imundície na Maternidade Hildete Falcão e Hospital João Alves Filho, a farra dos mais de R$ 250 milhões sem licitação na Saúde... Marcelo Déda faria melhor para si, para o governo e para o povo se continuasse submerso nas querelas comezinhas do PT e na tentativa de tocar minimamente a máquina governamental. Sempre que põe a cara de fora, tentando se justificar, ele acaba deixando um rastro malcheiroso, típico de quem diz uma coisa agora e depois faz o diametralmente oposto. Ou pior, típico de quem hoje critica e amanhã faz exatamente igualzinho! E viva a mudança...

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