:: Quinta-feira, 08.11.2007 :: Edição N186 ::

PAU DE GALINHEIRO Devem ser louvadas as virtudes puritanas da licitação a escolher as empresas de propaganda que prestarão serviços ao governo do PT. Pela ordem de classificação, cinco agências conquistaram as melhores notas. Fizeram 70 pontos ou mais no quesito “proposta técnica” a PPR, Link/Bagg, Base, SLA, Insight e Rocha. O resultado final, contudo, só deve ser divulgado dia 22 próximo, quando serão abertos os envelopes com o item “proposta de preço”. A decantada austeridade da concorrência, no entanto, esbarra no histórico nada angelical das empresas melhor posicionadas. Investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) apontam indícios de irregularidades em contratos da PPR e Link/Bagg com a Petrobras e os Correios. A PPR -cujo codinome na Petrobrás é Quê Comunicação- é unha e carne com a corrente “Articulação”, integrada pelo presidente Lula da Silva, pelo “chefe da quadrilha” José Dirceu, e também pelo governador Marcelo Déda. Presta serviços a várias administrações petistas ligadas à tendência, especialmente em São Paulo, e a empresas do governo depois que o PT chegou à Presidência. Recentemente, a PPR foi intimada pelo TCU a justificar o recebimento indevido de honorários. Também é acusada pela Corte de fracionamento de despesa, de subcontratação indevida, de ausência de cotações de preços e licitação, e de realizar despesas com festividades sem contrato. Tudo na estatal petroleira, à época em que lá estava o sergipano José Eduardo Dutra e depois. Já a Link/Bagg é velha conhecida no mercado sergipano. Fez consultoria para o candidato Marcelo Déda na eleição que o levou à prefeitura de Aracaju. Serviu ao prefeito e depois trabalhou nas campanhas de reeleição e na do governo. O lado nada romântico da empresa vem da extremada e fraterna ligação com a DNA Propaganda do carequinha Marcos Valério, aquele bom moço do mensalão, que segundo o Grande Molusco “nunca existiu”. O relatório da auditoria realizada pelo TCU a partir de 2004 na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) constatou o recebimento de comissão sem prestação de qualquer serviço. A Link/Bagg também não justificou a subcontratação de outras empresas para serviços de comunicação, não obedeceu aos termos de licitação e do contrato, apresentou propostas fraudulentas para justificar a subcontratação de produtos e serviços, e até selecionou projetos de terceiros sem ter conhecimento detalhado das atividades promocionais feitas pelas empresas contratadas. Para completar o rosário de impudências, a Comissão Especial de Licitação, ao analisar os documentos apresentados pelas agências concorrentes, detectou a falta da Certidão Conjunta de Débitos Relativos aos Tributos Federais e à Dívida Ativa da União da Link/Bagg. Declarou a empresa inabilitada. Como passou por todas as fases da concorrência incólume, a tal certidão, cuja finalidade é demonstrar a regularidade fiscal da empresa para contratar com a Administração Pública, deve ter finalmente aparecido. Portanto, por mais esforço que a Secretaria de Comunicação faça, não dá para se desvencilhar do óbvio: a “transparente” licitação para a propaganda estadual revelou-se apenas mais um pau de galinheiro, espertamente engendrado pelo governo do PT... . :: ERRATA :: Sergipe, ao contrário do informado ontem, não detém o menor orçamento público da Federação nacional. Porém, é o estado com menor área territorial. Pedimos desculpas por qualquer transtorno.

Um comentário:

Anônimo disse...

David, petista é o oposto do mosquito da dengue. Enquanto um gosta de água limpa...