:: Quarta-feira, 07.11.2007 :: Edição N185 ::

DOEU, SIM Mais um grande aperreio cinge a celestial probidade do governador Marcelo Déda. Apesar do silêncio sepulcral da imprensa sergipana, a notícia vazou no mundo livre da Internet: o diletante príncipe foi multado em 20 mil reais pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Para desespero dos escribas lisonjeadores, também teve ele as contas julgadas “irregulares” pela Corte. A punição não decorre de qualquer das recentes impudências, mas de espertezas urdidas durante a obra de urbanização da Avenida São Paulo, quando Sua Alteza Real esteve prefeito de Aracaju. Realizada ao custo de 20 milhões de reais, sem licitação ou mesmo contrato, a empreitada de maior visibilidade do então neófito administrador, pela importância “estratégica”, foi inaugurada umas três vezes. Para driblar a licitação, o jeitoso petista usou em 2002 um contrato deixado pelo antecessor João Augusto Gama, assinado em 1996 com a insuspeita empreiteira Queiroz Galvão. O relatório do TCU sobre as investigações informa não haver nenhuma comprovação da regularidade nos contratos da segunda e terceira etapas da obra, firmado entre a Empresa Municipal de Obras Públicas e Urbanização de Aracaju (Emurb) e a construtora baiana. Para sorte do mandatário petista, o TCU ainda não decidiu se fará também tomada de contas especial para investigar as responsabilidades pelo já comprovado “sobrepreço” de 48,95% encontrado na execução da Avenida São Paulo. Noutras palavras: por enquanto, o governador Marcelo Déda não vai precisar explicar ao TCU a imensa generosidade para com a Queiroz Galvão, pois pagou duas vezes o valor original da obra à altamente reputada empreiteira. Neste turbulento período, quando tantas urucubacas descredenciam o claudicante governo do PT pela inaptidão no trato da segurança, saúde e educação (...), só mesmo a multa do TCU para atanazar a fleuma do governador das mudanças. Com salário líquido de pouco mais de 15 mil reais, Marcelo Déda terá 13 dias, a contar hoje, para comprovar o recolhimento da pena à Fazenda Nacional. . Solidariedade - Talvez fosse o momento do bando esquerdista infiltrado nas redações sergipanas usar o espaço para algo útil, iniciando uma campanha entre os aduladores de plantão e os com corações vermelhamente apaixonados para evitar o arrocho financeiro de Sua Alteza Real. Se todos contribuírem, fácil, fácil será possível arrecadar os cinco mil reais que faltam para fechar a conta. E quem sabe, pode-se até recolher um pouquinho a mais, para desafogar o bolso do garboso príncipe nas despesas do mês! Porém, pensando bem e rememorando o internacionalmente conhecido modo petista de lidar com as adversidades, talvez a ajuda da companheirada seja plenamente dispensável. A multa do TCU soa como café pequeno para o grande financista Marcelo Déda. Pegando o governo totalmente quebrado, o genial governador pagou contas em dia, não atrasou salários, fez todos os repasses constitucionais e, milagre dos milagres, ainda conseguiu poupar a fantástica soma de mais 300 milhões de dólares (578 milhões de reais) no estado com menor orçamento da Federação Brasileira. Vinte mil reais? É barbada! Ruim vai ser se safar da saia justa das contas não aprovadas. Mas isso é assunto para outra tertúlia... . .
:: CALEIDOSCÓPIO ::
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PETISTAMENTE ESPERTO Conta o prefeito do Rio, César Maia, que “agora, os espertos do Ministério da Fazenda inventaram que podem aceitar alguma dedução da CPMF, desde que seja no Imposto de Renda. Ora, ora! 50% do IR vão para os Estados e Municípios, compondo os fundos de participação. Ou seja, a tal dedução seria paga -metade- pelos estados e municípios. Arranja outra, ô Mantega!”.
O democrata cita o economista Alexandre Scheinkman, que em artigo na FOLHA DE PAULO (04.11), diz ser o ministro Mantega um sintoma da queda de qualidade técnica no governo Lula da Silva: “Li com grande surpresa ter o ministro da Fazenda declarado que 80% ou 90% dos brasileiros não pagarão a CPMF. Afinal, desde o século 18, os economistas entendem que há uma diferença fundamental entre quem entrega o imposto devido ao fisco e quem efetivamente arca com o custo do tributo. A afirmação do ministro Mantega poderia ser vista simplesmente como um argumento falso no meio da briga política pela aprovação da CPMF no Senado. Mas a declaração do ministro é um sintoma a mais da queda de qualidade da análise econômica no governo Lula 2”.

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