:::: Sexta-feira, 19.10.2007 :::: Edição N173 ::::

É SÓ O COMEÇO
A semana se encerra com a triste confirmação da derrocada da Saúde pública de Sergipe. As mortes por infecção bacteriana ocorridas há cerca de dez dias na UTI do Hospital João Alves, somadas às de 21 bebês (somente em agosto) vítimas fatais da imundice da UTI da Maternidade Hildete Falcão, confirmam um triste veredicto: alguma coisa vai mal pelas bandas da Secretaria Estadual de Saúde.
A crise não ocorre por falta de dinheiro. O governo do PT economiza mensalmente 70 milhões de reais (em média). São quase 600 milhões guardados nos cofres, não obstante faltar sabão para limpeza das mãos, papel-toalha e produtos de uso corriqueiro como álcool, água sanitária e detergente no principal hospital público do estado. Até dezembro, o montante poupado poderá ser de 850 milhões de reais. Uma verdadeira fábula!
A Saúde pública sergipana vai mal por pura incompetência. Como é possível ser escancaradamente desastroso e negligente mesmo tendo muito, muito dinheiro na mão? Só sendo espertamente incompetente. E estamos apenas no começo...
SERÁ QUE AGORA VAI?
Ao criar o tal Gabinete de Gestão de Crise, o governador Marcelo Déda tomou uma sábia decisão. Admitir o erro é o primeiro caminho para corrigi-lo. Porém, não basta apenas admiti-lo. Os designados para a missão terão pela frente uma tarefa gigante. As crises sobejam no governo do PT como germes em carniça.
A primeira ingerência do gabinete deve ser junto ao próprio governador. Convencê-lo da necessidade imediata de estancar a poupança do dinheiro do povo e liberar recursos para solucionar problemas realmente urgentes é a tarefa emergente. Outra ação, esta menos passível de anuência de Sua Alteza Real, é afastar quem não se mostrou à altura da missão confiada.
Como o governador em tese não pode ser demitido, que o sejam então os auxiliares responsáveis pela Saúde (Rogério Carvalho) e Segurança Pública (Kércio Pinto). O governo está simplesmente gangrenado nestes setores. A esperteza aliada à incompetência fez estragos consideráveis na estrutura da SES. Nem os 12% exigidos pela Constituição para aplicação mínima na pasta vêm sendo cumpridos - investiu-se até agora 9,3%.
No caso da SSP, a crise não é de moralidade. Pode até haver uma ou outra irregularidade administrativa, porém é a falta de comando o motivo principal para os bandidos terem tomado conta do pedaço. Pinto assumiu tendo atrás de si a experiência dos muitos anos de Polícia Federal. Foi superintendente do DPF em Sergipe. Parecia conhecer o balaio de gatos que é a SSP. Lamentavelmente, a violência aumentou com ele.
Citando apenas dois setores em fragorosa crise, pode-se imaginar o tamanho da responsabilidade que pesa sobre o tal gabinete. Trabalho é o que não vai faltar...

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