:: Quarta-feira, 24.10.2007 :: Edição N176 ::

OS ALQUIMISTAS As últimas noites devem ter sido péssimas para o secretário Nilson Lima (Fazenda). Dia 19, ele foi à Assembléia para a prestação de contas periódica das finanças estaduais. Sorriso faceiro no rosto, expressão de plena felicidade, comunicava aos nobres deputados como grande feito do governo do PT a economia de quase 300 milhões de dólares (R$ 578 milhões). Corajosamente, também anunciou que o piso constitucional para investimentos na Saúde (12%) e na Educação (25%) não estava sendo cumprido. Pegou geral! A prosélita expressão de felicidade de Nilson Lima deu lugar ao torpor dos nauseabundos, tamanha a voracidade dos oposicionistas e dos setores sérios da imprensa ante sua pragmática confissão. O que era ouro puro, num piscar de olhos virou pirita, aquele mineral amarelo metálico, também conhecido como "ouro dos tolos" por sua cor assemelhada ao nobre metal. Na segunda-feira, a desastrada alquimia do secretário foi lançada ao lixo pelo próprio chefe dele. O governador Marcelo Déda disse não ser correto o montante divulgado por Nilson Lima. Explicou haver na baita fortuna inusitadamente economizada recursos do Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e da Assembléia Legislativa. Outros 120 milhões de reais seriam destinados à rolagem da dívida estadual. Também haveria na rechonchuda poupança dinheiro para o pagamento de contratos em execução e uma reserva para o 13º dos servidores. O alquimista Nilson Lima amarelou! Mais rocambolesca que a falta de sintonia entre o homem que cuida do dinheiro e o que manda na grana é o motivo para mantê-la intocada. Disse Sua Alteza Real ter sido necessário ajeitar primeiro as finanças governamentais para começar a ter recursos que justifiquem os investimentos. Com o estado tão tragicamente moribundo, deve ter sido hercúlea a tarefa do governador Marcelo Déda para fazer a máquina andar sem atrasar salários ou repasses constitucionais e ainda obter a pedra filosofal que possibilitou poupar o equivalente a cinco pontes Aracaju–Barra dos Coqueiros. As desídias a malograr a administração petista vão do aumento desenfreado da violência às lamentáveis mortes por causa da imundice nas unidades de saúde, passando pelo desmonte de importantes projetos de inclusão sócio-econômica da parcela menos favorecida da população. Porém, o maior dos malefícios nestes tempos de terríveis mudanças é constatar que, mesmo diante das indefensáveis falhas e faltas, o governo do PT ainda insiste em socializar a canhestra incompetência com a administração encerrada quase 11 meses atrás. Até quando o embuste dos alquimistas flertará com a fanfarronice dos gaiatos?
:: CALEIDOSCÓPIO ::
# A Associação dos Magistrados de Sergipe (AMASE) distribuiu ontem nota onde repudia os recentes descabelamentos do deputado Wanderlê Correia, aquele que tem acusado o juiz da Comarca de S. Cristóvão, Manoel Costa Neto, de tramar contra o honesto irmão dele, o prefeito afastado Zezinho da Everest. A representação dos magistrados diz ser o uso livre da tribuna da Assembléia uma das maiores expressões do exercício do mandato parlamentar. Porém, “é lamentável quando esta serve de palco para ataques infundados contra um membro do Judiciário pelo cumprimento da missão constitucional de zelar pelas leis”. Para a entidade classista, as decisões de Costa Neto são públicas e estão fundamentadas na convicção formada a partir das provas colhidas pelo Ministério Público Estadual, havendo ainda a possibilidade de reapreciação pelo Tribunal de Justiça. A AMASE encerra o pleito pedindo que o deputado cesse as agressões pessoais contra Costa Neto, “comportamento que, além de não contribuir com o harmonioso relacionamento entre os Poderes, é considerado como uma tentativa de mudança de foco para questão muito mais importante para a sociedade”. Pelo andar da carruagem, o Ministério Público Estadual deve pedir em breve a cassação do mandato de Zezinho da Everest. As peripécias do prefeito já motivaram três decisões de Costa Neto pelo afastamento dele. O irmão-deputado tenta a todo custo defendê-lo, mas o peso das malfeitorias tem falado mais alto. Só falta a pá de cal...

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