OLHAR DEFEITUOSO Conta o sábio jornalista Sebastião Nery: certo líder político das antigas ao chegar a uma cidade do interior ouviu do aliado local não haver nada a desabonar a conduta do ferrenho adversário. A reação dele explica a essência da alma humana: "Melhor ainda! Se não tem defeitos, a gente bota o rabo do tamanho que quiser". A ponte Construtor João Alves foi vítima da inveja desmedida tão logo começou a ser discutida. De cara, o grande defeito dela era existir apenas na cabeça do idealizador. Seria mais uma obra "desnecessária", "faraônica"... Houve apostas de que nunca ficaria pronta. Muita gente lutou para tanto! Finalmente inaugurada um mês após o prazo previsto, sofreu maledicências de todo tipo, tamanho e padrão. Até de ter sido construída às pressas. Passou a operar normalmente em novembro de 2006. A ponte mais bela do Nordeste é dotada de sistemas especiais. Vão da estrutura básica à iluminação e segurança viária de primeiro mundo. Enquanto as câmeras de monitoramente do tráfego estiveram em operação, o trânsito fluiu livre de acidentes e mortes. Sem entender bem a serventia do equipamento, o governo do PT relaxou na manutenção e o sistema está parado desde março. A iluminação dos pilares centrais só voltou a operar no final de semana passado, após meses desligada. O maior defeito da ponte Construtor João Alves é ter sido construída pelo filho do homenageado. Nada há de errado no projeto físico ou de tráfego, elaborado e empreendido sob rígidas normas internacionais para obras daquele porte e envergadura. A ponte não é culpada pelas mortes que nela ocorrem por excesso de velocidade. A sinalização é clara quanto à quilometragem adequada nas cabeceiras de entrada e saída. Sem ter como monitorar os quase dois mil metros de pista livre, a polícia de trânsito está às cegas. Pior: não sabe como abrandar os limites de velocidade tão necessários à preservação da vida, como ocorre em qualquer via expressa na China e em Saturno. Os colaboracionistas do governo petista infiltrados na imprensa, imbuídos de taciturna inveja e recorrente ressentimento, culpam a ponte (ou melhor, o construtor dela em última análise) pelas mazelas ocorridas nesses três meses. É como a história do sujeito sem defeito, contada por Sebastião Nery. O tamanho do rabo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário