E.Zine 20/07 N110

DE ROMBO EM ROMBO As melancias ficaram famosas na eleição passada. A ligação das deliciosas frutas rasteiras de origem africana com os vermelhos sergipanos balançou muitos corações. Agora, o relatório da auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) na Prefeitura de Aracaju indica que as melancias, e não apenas elas, também fazem parte do cardápio de rombos nos cofres da PMA. Examinando os pregões licitatórios feitos pela administração municipal para a compra de merenda escolar, a CGU descobriu o gosto voraz dos vermelhos por melancias, iogurtes e achocolatados, só para ficar nestes três rápidos itens. Ao comparar os preços praticados pelo mercado varejista da Capital e os valores pagos pela PMA, ficou clara a gritante diferença. Em alguns casos, os contribuintes foram lesados em até quatro vezes o valor real do produto. Voltando às melancias. Apenas num único pregão (011/2006), a PMA comprou quatro toneladas da fruta, pagando R$ 1,07 por quilo. Total das comprinhas: R$ 42.800,00. Se a mesma compra tivesse sido feita na feira mais próxima, onde o quilo da melancia era vendido à época por R$ 0,39, o gasto sairia por R$ 15.600,00. Diferença de R$ 27.200,00. No mesmo pregão, foram comprados 40 mil litros de iogurte sabor morango ao preço unitário de R$ 2,80, fechando um total de R$ 112.000,00. No supermercado da esquina o mesmíssimo produto poderia ser comprado a R$ 1,89 a unidade, com preço final de R$ 75.600,00. Diferença de R$ 36.400,00. O esconjurado pregão ainda adquiriu 60 mil unidades de 200ml de achocolatado, ao preço de R$ 1,10 cada. Total de R$ 66.000,00. No supermercado da esquina, a compra sairia por R$ 45.600,00 (preço unitário: R$ 0,76). Diferença de R$ 20.400,00.

  • Soma dos prejuízos, só nesta bricadeirinha: R$ 84.000,00.
Para justificar aos auditores como foi possível realizar compras tão oneradas, chegando a preços muito além do mercado, a PMA citou a sazonalidade, as exigências nutricionais e a forma de entrega dos produtos. Tudo isso contribuiria no custo superior. Voltando às melancias: talvez fosse o caso de o prefeito comunista Edvaldo Nogueira Foguinho observar um dado espantosamente claro. Entre janeiro de 1995 e junho de 2007, o preço médio do quilo do produto ficou em R$ 0,31 -o menor foi de R$ 0,19 (1995) e o maior R$ 0,43 (2007)- nos locais pesquisados pela CGU. A desculpa se torna fajuta observando os supermercados. Eles também recebem os citados itens na porta. Pagam menos porque compram no atacado, mesmo caso da PMA. E repassam com lucro para o consumidor final, não importando a sazonalidade ou a qualidade nutricional. Invente outra! Bem, resta saber agora se essa farra vai gerar investigações mais detalhadas da Polícia Federal, pois a grana envolvida é de verbas do Ministério da Educação. Se os autores das maracutaias serão punidos, como ocorreu com o pessoal da Prefeitura de Socorro pego no mesmo erro (sic). E mais importante, se a meninada das escolas municipais vai continuar recebendo o lanchinho mais caro da cidade...

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