E.Zine 29/05 N73

MILAGRES DIVINOS A Polícia Federal descartou qualquer possibilidade de ligação entre o principado de Sua Majestade, o "número 1", e a empreiteira baiana Gautama. De acordo com o relatório entregue pela PF à ministra Eliana Calmon (STJ), não há indício de que o vice Belivaldo Chagas soubesse das trambicagens da empresa. Também, segundo a PF, Belivaldo não teria conseguido agendar nenhum encontro entre o monarca sergipano e qualquer representante da empreiteira. Sem fazer juízo de valor, devemos observar alguns pontos não totalmente esclarecidos. É público e notório o rito de pagamento nos órgãos estaduais quando o assunto envolve grandes numerários. Nada acima de certas quantias é pago sem a autorização expressa do soberano príncipe. Por outro lado, muitas pequenas e médias empresas sergipanas receberam cheques em fins de dezembro para descontar na vigência do novo governo. Foram todos cancelados, apesar de haver dinheiro em caixa. Assim como elas, outros prestadores de serviço estão sem receber da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) desde janeiro ou a partir de quando passaram a atender a empresa. Em 14/03/2007, numa conversa interceptada pela PF às 18h23, Belivaldo é informado sobre um papagaio da Deso junto a Gautama no valor de "R$ 500 e pouco mil". Na mesma gravação, ele diz que o "número 1" queria um encontro com o interlocutor. Passados exatos 58 dias, a sortuda Gautama recebe R$ 600.234,87 referentes a um aditivo para a segunda etapa da adutora do São Francisco. Nada havia de ilegal no pagamento, autorizado inclusive pelo Tribunal de Contas da União (TCU), conforme garantiu em nota o presidente da Deso Max Montalvão. Como Montalvão ainda se mantém impávido no cargo, certamente não fez o pagamento por iniciativa própria. Até porque, convenhamos, receber dinheiro no novo governo exige paciência de Jó -os vermelhos, além de muquiranas, são péssimos pagadores, conforme atestam certos silenciosos empresários. Assim, se a PF diz que nada liga o novo governo à empreiteira baiana, podemos concluir: talvez, querendo se livrar de um cobrador chato e indesejado, Sua Majestade, numa tremenda falta de sorte, pagou a gatuna Gautama exatos sete dias antes da cortante Operação Navalha abalar Sergipe e o Brasil. Ou quem sabe, estejamos diante de um milagre; pode ser que o senhor Zuleido Veras "Bronson" tenha feito muitas preces a Siddhartha Gautama (Buda) e, atendido em seus chorosos pleitos, pôde finalmente por a mão na grana que esperava há muitos meses. A fé, respeitável público, remove montanhas. Basta crer!

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