E.Zine 30/05 N74

PODEM FUÇAR Ontem o Senado reviveu dias de Pompéia. Um Vesúvio bravo e fumaçento acordou a Casa inteira aos berros. Era ele... Sim, o nobre Almeida Lima! Sua excelência, possesso pela fúria dos injuriados, cuspiu pedregulhos imensos para negar de forma enfática que tenha recebido mimos ou presentes da empreiteira gatuna. Tendo à mão a lista publicada na Folha de S. Paulo (29/03) dos presenteados pela construtora, soltou lavas para todos os lados, ao seu estilo: "Não sou moleque nem me relaciono com empresa de moleques. Não recebo mimos nem presentes, muito menos propina de empresa nenhuma deste país ou de meu Estado. Não sou canalha"! Não se importando se o colega ao lado porventura teria recebido os tais mimos ou presentes, pois a lista é imensa, Almeidinha ainda expeliu uma espessa fuligem negra: "Em 2003, recebi da Gautama, na véspera do Natal, uma porcaria de gravata, mas mandei devolver. Por isso a empreiteira não cometeria a ousadia de incluir meu nome nas listas de 2004 ou 2005". Também adjetivou sem dó a Polícia Federal, responsável pelas investigações, ao sugerir que podem fuçar suas declarações de renda o quanto quiser. Para fechar a tarde com uma nuvem de gás sulfúrico, nosso ilustre senador mostrou seu lado galã à moda antiga, cultivado com carinhoso esmero desde a tenra juventude: "Quando preciso de uma gravata, e gosto muito de usá-las bem assentadas, sei onde comprá-las. Recentemente, desculpem-me a falta de modéstia, comprei algumas na 5ª Avenida em Nova York, quando lá estive numa visita custeada pelo meu bolso. Portanto, não preciso de empresa vagabunda, moleca, sem vergonha nenhuma." Almeidinha é mesmo danado! Detestou a qualidade da gravata, e além de mandá-la de volta a Zuleido Veras Bronson ainda maldisse a envolvente empresa do corruptor suprapartidário. Esperto! E pensar que aqui bem próximo de nós por pouco um certo nobre não caiu na tentação de flertar com a periguete baiana! Sujeito de sorte. Realmente um homem de boas relações...

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