Sexta-feira, 02 de Outubro de 2009 – 11h15
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Nesses tempos de mudança, Dílson Ramos já pode se indignar com panfletagens apócrifas
Bons tempos aqueles, nos quais “panfleto apócrifo” podia ser usado ao bel prazer para achincalhar adversários políticos sem causar afobação –ao(s) autor(es), claro! Ontem, li artigo no blog do repórter político do Jornal da Cidade, Dílson Ramos, cujo conteúdo, a começar pelo título, é um primor do “new journalism” sergipano: “Tem que apurar quem distribuiu o panfleto. E prender (ou cassar) o malandro”*.
Dílson Ramos corrobora com a estratégia urdida pelo “publicitário” Marcelo Déda. Para desviar o olhar do respeitável público da excrescência moral chamada “Metrô da Alegria”, é preciso criar um fato político: no caso, acusar a oposição, especificamente o deputado do demo Augusto Bezerra, de produzir e distribuir o “panfleto apócrifo” que faz tremer a base aliada do governo há duas semanas (veja reprodução do panfleto no escrito anterior, publicado logo abaixo).
Mordido pela mosca vermelha governista (ele é comissionado na TV Alese), o jornalista Dílson Ramos “comprou” e revende os argumentos do Governo das Mudanças para Pior, conforme alude em seu comentário: “A quem interessa não investigar a distribuição de um panfleto apócrifo (que sugeria à população sem emprego procurar deputados, senadores, vereadores e prefeitos ligados ao governador Marcelo Déda)? A quem interessa não apurar quem levou estudantes-adolescentes ao Plenário da Assembleia Legislativa, enganando-os?”.
Bons tempos aqueles em que jornalistas indignados cobravam do governo mais respeito com o contribuinte e adjetivavam como malandro quem pretendia usar o dinheiro público para fazer politicagem eleitoreira. Mas Dílson Ramos é de uma nova geração de escribas, a dos “politizados”. O “Metrô da Alegria” somente mereceria sua crítica (ou mesmo alguma observação) caso não fosse uma “obra” do iluminado e magnânimo governador Marcelo Déda. Já o “panfleto apócrifo” do malandro...
Por falar em malandro, a geração politizada de Dílson Ramos fomenta um tipo também “novo” de “jornalismo opinativo”, o gracejador, que aplaude o governo quando ele precisa de aplausos; finge esquecer as mazelas do governo para não o constranger e ataca os adversários do governo, essa gente malandra que quer tirar o docinho da boca do “nosso” governador, sempre que o governo está acuado.
Vejamos o caso da visita a Sergipe do deputado cassado por corrupção, o “chefe da quadrilha” do mensalão, o grande malandro José Dirceu. O cabra foi recebido por Marcelo Déda no Palácio de Veraneio com status de ministro. Chegou de jatinho particular. Num almoço pago pelo Erário com direito a sommelier, discursou para a alta corriola petista a fim de “estimular” as candidaturas de José Eduardo Dutra (presidência PT nacional), Sílvio Santos (presidência PT estadual) e Dilma Rousseff (presidência da República). Ninguém da turma de Dilson Ramos, nem o próprio Dílson Ramos, escreveu uma única linha, meia dúzia de palavras sequer, comentando quem é o perigoso bandidão José Dirceu.
Dílson Ramos está certíssimo ao omitir-se de propagar em seu blog qualquer juízo contra o mais novo “amigo” de Marcelo Déda. Afinal, o homem é coordenador informal, nomeado pelo compadre-presidente, da campanha nacional da candidata do “nosso” governador à Presidência. Há ainda um outro motivo, esse bem mais justo: nós temos os nossos próprios malandros e vagabundos. Por que reservar atenção aos malandros e vagabundos de Brasília?
Voltemos ao caso do “panfleto apócrifo”... Bons tempos aqueles
Naquela época, Dílson Ramos, como outros de sua estirpe, ainda usava cueca tamanho “P”. Não poderia indignar-se com o “cartaz apócrifo” difamando deputados nem chamar JB de malandro ou mesmo pedir cadeia para o probo ex-prefeito –aliás, algo bastante justo para quem possui a prolífica ficha corrida do nobre deputado Jackson Barreto.
Os tempos são outros e hoje, crescido, Dílson Ramos já pode se indignar! O fator omissão quanto ao “Metrô da Alegria” de Marcelo Déda serve-nos assim para duas boas conclusões: já não se faz mais jornalista como antigamente nem panfleteiros sortudos como Jackson Barreto, Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira.
Essa turma panfletou (apocrifamente) sem remorso ou punição. Agora sugere que deputados e jornalistas governistas, como o blogueiro Dílson Ramos, cobrem a apuração e exijam severa penalidade para quem utiliza “panfletos apócrifos” no ataque de adversários políticos. Não se trata de contradição ou falta de vergonha na cara. É apenas o mero oportunismo eleitoral em ação, e como em política vale tudo...
Recordar é Viver – Essa discussão panfletária me faz gargalhar e recordar de um outro panfleto muito difundido 11 anos atrás, exatamente durante o pleito eleitoral de 1998. Para surpresa até dos russos, o ferrenho oposicionista Jackson Barreto ficou tão eletrizado com a campanha de reeleição do então governador Albano Franco que acabou ao lado dele como candidato ao Senado –até hoje não se sabe se apenas pelos lindos olhos negros de Albano Franco.
O curioso panfleto denunciava exatamente o inusitado compadrio e acabou por contribuir para a fragorosa derrota de JB. Essa é uma das muitas razões para os governistas se aperrearem tanto com o “panfleto apócrifo” do “Metrô da Alegria” de Marcelo Déda, que está correndo mundo. Como são especialistas no assunto, sabem o estrago que artigos desse porte causam numa campanha.
Vejam a reprodução do hilário panfleto (frente e verso) de 1998.
E como diria Antônio Leite, um dia feliz para todos!
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(*) Texto completo:
http://dilsonramosjc.blogspot.com/2009/09/tem-que-apurar-e-prender-o-malando-do.html
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