:: Terça-feira, 13.11.2007 :: Edição N189 ::

O AMARELO-NEGÃO
De modo geral, gente não-remunerada que ajudou na caça aos votos para eleger Marcelo Déda agora questiona as reais intenções daquela cantiga monótona, suave e melodiosa de mudança. Afinal, o modernoso governador revelou-se em certa medida mero plagiador do ex-mandatário. Não fosse a estonteante beleza, a sedução pomposamente poética e a tez amarelada, passaria pelo próprio, tamanha a obsessão por copiar-lhe defeitos e virtudes. Na oposição, Marcelo Déda esconjurava as maiores obras do ex-governo, pois seriam “desnecessárias”. As críticas se concentraram especialmente na ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros, cujos embargos tiveram como autor intelectual ele próprio. Primeira grande obra anunciada por Sua Alteza, após oito meses e meio de administração? Uma ponte (!), cujo projeto sem tirar nem por uma única vírgula é do ex-governador João Alves Filho. Através de “porta-vozes” infiltrados na imprensa, de parlamentares a ele ligados e por vezes de viva-voz, o então oposicionista Marcelo Déda considerava “indecente”, para dizer o mínimo, a “complementação” salarial de apaniguados do governo paga através de Conselhos das empresas (autarquias) do Estado*. Agora, como se desmemoriado da falação, o intrépido petista “encontrou” neles a fórmula mágica para cevar de bom repasto o bolso de petistas, aliados e até de afins arraigados à máquina estadual. A lista é imensa. Segundo o JORNAL DA CIDADE (11.11), seriam 72 conselheiros, alguns com até cinco Conselhos. Os mais gulosos protegidos do governador Marcelo Déda a se lambuzar desse mel são o vice-governador Belivaldo Chagas, o presidente do PT e secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Márcio Macedo Babão, e o secretário-chefe da Casa Civil, Oliveira Júnior. Além do salário líquido de 12 mil reais, receberiam a mais 15 mil/mês. Ou seja, fecham o holerite mensal com 27 mil reais na conta bancária... Aduladores com acesso à cozinha do Palácio do Governo falam de uma outra lista muito maior ainda, mais rechonchuda e que incluiria “ex-mulher de político, parente, inimigo político e até empregada doméstica”. Seria a dos comissionados (CC), também inflados com gordos salários. Um língua-solta, do tipo lambe-botas, diz em mesas de bar com voz gutural e estridente ser este o “governo das comadres”, numa alusão à enxurrada de nomeações de “familiares” de secretários e membros de outros poderes, e também do garboso governador. Seja como for, a cada novo dia Marcelo Déda expõe claramente uma faceta torpe da sua personalidade: ao criticar o ex-mandatário, fazia-o por pura inveja. Quando denunciava supostas improbidades ou deslizes, era apenas para iludir o respeitável público. Na verdade, queria fazer tudo igualzinho! De tão similar, pode-se dizer que estamos diante de uma mutante aberração... No pequenino Sergipe, eis que surge o primeiro ser Amarelo-Negão!
  • (*) Aos incautos: as estatais por lei devem ter a administração fiscalizada por conselheiros remunerados mensalmente, independente se prestem ou não algum tipo de aconselhamento.
A MAMATA DOS CONSELHOS Deagro, Dehop, Dehidro, Agetis, ITPS, Hemolacen, Degrase, Detran, DER, Ipesaúde, Ipesprevidência, Pronese e Codise são as jóias da coroa. Têm entre nove e doze conselheiros, recebendo cada um 2,9 mil reais mensais -Banese e Sergás pagam menos: 2 mil reais/mês. Há também Conselhos na Deso, Jucese, Adema, Fundação Renascer, Fundap e Fapitec, pagando valores que variam de 458 reais a 2 mil reais/mês. Têm um número menor de conselheiros. Entre cinco e oito. Existe ainda o Conselho Estadual de Previdência Social, composto por um secretário, um procurador do Estado, um representante da Secretaria de Administração, um da Secretaria da Fazenda, um da Secretaria de Governo, o presidente do Ipesprevidência, um representante do Legislativo, um do Judiciário, um do Tribunal de Contas do Estado, um do Ministério Público Estadual, um dos servidores civis ativos, um dos militares da ativa e por fim um representante dos inativos e pensionistas. Em todos, a maioria dos cargos é de indicação exclusiva do governador.
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::: CALEIDOSCÓPIO :::
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MUITO PAPO, NENHUMA AÇÃO
Geralmente arredia à mídia, a senadora Maria do Carmo quando resolve falar diz sempre o que pensa. É dos poucos entes políticos a não se importar se as opiniões vão ou não agradar. Ou mesmo se destoam do cabedal ideológico ou estratégico do agrupamento que integra. Não sem razão, por vezes criou situações de extrema contradição com o pensamento do líder maior dos Demos sergipanos e marido dela, ex-governador João Alves Filho. Na entrevista domingueira do JORNAL DA CIDADE (11.11), a senadora disse ser contrária à manutenção da CPMF, pois não seria boa para ninguém. “Nem para os pobres com contra bancária”. Culpou o governo do presidente Lula da Silva pelo “apagão” aéreo. “Não fiscaliza as companhias áreas nem os aeroportos. (...) Quem é obrigado a viajar no Brasil tem medo”. Disse não acreditar na candidatura do Negão a prefeito de Aracaju e que tudo vai depender do quadro político (pesquisas) no próximo ano. Também descartou a possibilidade de ser ela própria a candidata. Quanto ao PSDB, não afastou a chance de aliança em 2008 e 2010 e encerrou a entrevista avaliando o governo do PT: “A única coisa que funciona é a comunicação. Trabalho não há nenhum. Tudo não passa de conversa (...) e isso deixa todo mundo desanimado. O povo esperava muito trabalho, muita ação, mas ninguém vê nada disso”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não é à toa que defendem com unhas e dentes a estatização. Afinal, só em pensar que essa boquinha pode ter fim, leva todo mundo a protestar contra a venda do patrimônio sergipano e nacional. Dá pra ver o que move essa gente.