Segunda-feira, 19.11.2007 - Edição Número 191

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OS MARAJÁS DE DÉDA
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O recorrente e enfadonho discurso de austeridade do governador Marcelo Déda sofre profundos aperreios. A santificada lisura se apequena com a "economia" de 300 milhões de dólares (R$ 600 milhões) e suas conseqüências dantescas na saúde. O caos reinante na segurança e o espancamento de estudantes pela tropa de elite da polícia do PT pesam sobre a administração da "mudança". Não bastasse tanto vexame, aparecem agora os supersalários pagos a petistas e apaniguados de Sua Alteza.
O povo desembolsa mensalmente uma fortuna para cevar a corriola vermelha. Além dos altos salários, os marajás do governador Marcelo Déda recebem "incentivos" especiais que elevam os proventos à estratosfera. O bilionário Estado de São Paulo, por exemplo, paga R$ 22,1 mil ao governador José Serra e R$ 11,9 mil aos secretários -valores brutos. No austero governo da "mudança", secretários como Nilson Lima (Fazenda) e o todo-poderoso Oliveira Júnior (Casa Civil) custam aos contribuintes cerca de R$ 50 mil reais/mês*.
Há também o caso emblemático do homem que zela pela probidade na administração estadual! O chefe da Controladoria-Geral Adinelson Alves, além do salário de secretário e do órgão de origem (Controladoria-Geral da União), recebe de cinco conselhos (Dehop, Agetis, Banese, Crafi-Gestor e Crafi-Executivo). O holerite do caça-deslizes (alheios, obviamente), descontados os impostos, é de mais de R$ 30 mil -não obstante os cofres públicos sergipanos desprenderem R$ 50 mil/mês para contemplar tão prendada cabeça.
Estranha mesmo é a súbita deificação de um audaz protegido do governador Marcelo Déda, o contabilista Pedro Marcos Lopes, representante do escritório de Sergipe em Brasília. Membro do conselho do Banese, que geralmente se reúne de três a quatro vezes por mês, pagando R$ 2 mil por sessão, Pedro Marcos Lopes deve ter parte com os Céus. O danado consegue despachar no planalto central e ao mesmo tempo estar em Aracaju para as maçantes reuniões banesianas. Ele custa mais de R$ 35 mil/mês.
Noves fora os áulicos citados, a média salarial dos marajás do governo da "mudança" é superior aos melhores proventos pagos pelas grandes empresas brasileiras instaladas em Sergipe e até os de corporações multinacionais no Brasil. Secretários recebem entre R$ 20 mil e R$ 30 mil, enquanto gerentes podem chegar a até R$ 15 mil/mês. Entre os mortais, a média salarial dos servidores de todas as categorias não ultrapassa R$ 1,5 mil/mês -a maioria recebe entre um e meio salário mínimo e três salários mínimos.
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Mais boquinhas - A pressão de petistas e aliados já devidamente nomeados para "encaixar" coligados ainda "sem função" é tamanha que os mais de cinco mil cargos comissionados da administração estadual são agora insuficientes. Para suprir a demanda, o deputado Francisco Gualberto teve uma brilhante idéia: mandar descansar os servidores que não ostentam a estrela vermelha na testa e substituí-los por contratados "de confiança" (ILHA FM, 14.11).
Mas há um "porém". Criar mais cargos comissionados para abrigar "aliados das mudanças" em substituição aos "efetivos de corações verdes", pois estes são sabotadores das "propostas dedistas", pode acabar queimando o discurso do governador Marcelo Déda de que o estado está quebrado, e que somente economizando será possível tirá-lo da bancorrota. Como se vê, falta, além da mínima competência, afinação ao governo da "mudança".
  • (*) Os valores são brutos; incluem o ressarcimento do governo sergipano ao governo federal pelo "aluguel" dos dois servidores, o salário de R$ 16 mil e os jetons pagos por integrarem conselhos.
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::: CALEIDOSCÓPIO :::
. CONSTATAÇÃO
De O GLOBO: "Sinais e evidências de como o empreguismo na máquina pública não se traduz em mais e melhores serviços para a população existem por toda parte. Desde a posse, em janeiro de 2003, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva contratou mais de 150 mil funcionários na administração direta, um inchaço significativo de 20% no contingente de servidores. E não consta que a vida de quem depende de serviços públicos federais tenha melhorado. Do aposentado do INSS ao usuário de aeroportos".
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ETERNA FIXAÇÃO PELO NEGÃO
Por GRACE MELO
O deputado Francisco Gualberto, líder do governo na Assembléia, vem cumprindo bem o seu papel de defensor da administração estadual. O problema é que nesta sanha de fazer a defesa com unhas e dentes, acaba cometendo erros que podem macular sua imagem. Antes, quando oposicionista, era visto como um deputado ético, corajoso, atuante, querido e respeitado por todos os seus colegas parlamentares, tanto "verdes" como "vermelhos". Agora é conhecido como o deputado que encontra no ex-governador João Alves Filho todas as justificativas para os erros cometidos pelo governo Marcelo Déda.
Ontem (14.11), em um programa de rádio, chegou ao cúmulo de sugerir que fossem criados cargos de comissão a serem preenchidos por petistas, pois, de acordo com ele, tem democrata empatando o bom andamento da máquina estadual. Se os estudantes apanham da polícia, de quem é a culpa? De João Alves. Tem secretário de Estado recebendo quase 27 mil reais de salário; para ele tudo bem... "No governo de João era pior", justifica o deputado.
É preciso buscar desculpas mais sensatas, ou então os jornalistas vão evitar entrevistar ‘Chiquinho' com medo de seus telespectadores, ouvintes e leitores migrarem para a concorrência. Se tem Francisco Gualberto dando explicação, todo mundo já sabe qual vai ser mesmo: "A culpa é de João Alves e da oposição desesperada".

Um comentário:

Anônimo disse...

Houve um tempo do poder dos coronéis,hoje é o poder de grupos que se revesam de forma inteligente, usando frases elaboradas, simulando
divergências que não existem, e quando existem é quando os acordos deixam de ser cumpridos.