E.Zine 10/10 N167

CALDO DE GATOS Os petistas têm um modo muito peculiar de lidar com certos entraves. Quando alguém se mete à besta, sufocar é a técnica preferida. O suprapartidário Edvan Amorim rompeu com o ex-mandatário e passou a desassossegar o governador Marcelo Déda. Após algumas desconcertantes estripulias políticas, credenciou-se com louvor à lista de desafetos do PT. Amorim primeiramente tentou tumultuar a disputa pelos cargos da mesa diretora da Assembléia. Ao mesmo tempo, arregimentava a indicação de Flávio Conceição ao Tribunal de Contas. Veio a operação Navalha. Flávio foi obrigado a se afastar do TCE. Nesse ínterim, o conselheiro disse em gravações da Polícia Federal que iria colocar “na jugular” do governador. Seria uma menção às pressões para fortalecer financeiramente o grupo de Amorim. Para isolar o desafeto, Sua Alteza Real passou a negociar ele mesmo o apoio com os parlamentares ligados ao suprapartidário. A deputada Suzana Azevedo, também flagrada em gravações da PF, disse com todas as letras ter acertado um cachê mensal de 15 mil reais com o governador. Sem citar colegas, ela deixava nas entrelinhas que outros também estariam "conversando". Amorim não se fez de rogado. Enquanto Déda negociava em Aracaju, ele trabalhava no interior. Sorrateiramente, fechou algumas boas alianças junto a prefeitos, vereadores e lideranças expressivas. Quando Sua Alteza Real deu conta do tamanho da tragédia, o balaio de Amorim já estava abarrotado. O sangue lhe subiu às grisalhas madeixas: as conquistas significavam um novo cenário de onde o PT saiu bastante prejudicado! A reação foi rápida. Faz quase um mês, o deputado-secretário de saúde Rogério Carvalho denunciou a existência de 10 toneladas de remédios com validade vencida. Segundo ele, adquiridos no ex-governo (gestão do deputado Eduardo Amorim). Ao denunciar supostas falcatruas cometidas pelo irmão de Amorim, Rogério buscava adverti-lo dos riscos que corre se continuar a medir forças. A manobra melou tão logo se "descobriu" que gente do atual governo também teria ligação com os remédios imprestáveis. Parte deles foi comprada durante as administrações de Antônio Carlos Valadares e Albano Franco. Constrangido, Rogério teve de fechar o bico! Segunda-feira, Amorim acordou disposto a virar o jogo. Em entrevista à rádio dele, disse que a “sua” bancada terá uma única posição sobre os projetos do governo e esboçou o desejo de mediar uma “conversa” do governador com os deputados André Moura, César Mandarino, João das Graças e, claro, Eduardo Amorim. Pareceu ao PT a cobrança pública de uma fatura política. Cansado do estilo pedante do desafeto, Déda resolveu agir. Ontem, ele desabafou: “Não funciono sob pressão. Eu funciono com diálogo. O instrumento da pressão não é o mais adequado nem para chegar ao meu coração nem a minha consciência. Talvez as pessoas ainda não me conheçam bem e acham que às vezes batendo o pé no chão e gritando chegam ao meu coração. Não chegam!”. Confidenciou ainda ter recebido telefonemas de deputados do PSC dizendo que querem continuar na base do governo. Nos bastidores, porém, a candura do governador Marcelo Déda foi substituída por um duro recado mandado via colaboracionistas infiltrados na imprensa. Ameaçou servir em pratos limpos umas gordas faturas, supostamente pagas ao dito cujo entre 2003 e 2006 pela Secretaria de Comunicação. Algo em trono de 500 mil reais/mês. Como a informação vem da cozinha do palácio, perguntar não ofende: Edvan Amorim vai peitar Sua Alteza Real ou vai amansar e continuar mantendo o apoio dos partidos que ele comanda e assim tentar garantir os proventos necessários a financiar os correligionários que amealhou prometendo bancar as campanhas eleitorais às prefeituras e câmaras em 2008? Não se deve apostar muito no sabor desse caldo de gatos. Os lados envolvidos têm históricos muito parecidos quando o assunto é "estratégia" de alto impacto. Ambos são capazes de tudo... SAINDO DA TOCA O radialista e deputado tampão Gilmar Carvalho coçou a rabugenta pulga atrás da orelha quando “soube” por este ABRA-O-OLHO das espertezas embutidas na licitação de propaganda ora em curso na Secretaria de Comunicação (AVISO AOS NAVEGANTES, 07.10), para tentar transparecer aos olhos do povo que se faz economia do dinheiro público. Indagou-se se seriam legítimas as informações, pois em sendo “era algo muito grave!”. Ontem, ao contrário dos colaboracionistas do PT infiltrados na imprensa, a secretária Eloísa Galdino prestou relevante serviço à verdade. Confessou no rádio ter retirado da licitação a rubrica “Eventos”, responsável por quase 50% da verba anual da Comunicação. Alegou seguir normativa do Tribunal de Contas da União. Não informou, porém, quando pretende licitar a parte deixada de fora nem quanto o governo intenta gastar com ela. Mas, garantiu, “Vamos fazer, sim!”. O cão-cão instigou madame Galdino a tecer opiniões sobre as informações aqui publicadas: “É ciúme de quem sente saudade do poder!”. Corações partidos ou não, o fato é que mansamente vai se confirmando com clareza o perfil operacional da Secretaria de Comunicação do governo do PT. E no caso em pauta, trazido à luz por quem faz a coisa acontecer...

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