EM MEIO AO LUPANAR
A patifaria sempre fará parte da política e da mídia. Agarrados ao conceito neoliberal da liberdade de expressar opiniões, muitos jornalistas prostituídos pelo poder fazem da imprensa seu bordel particular. Em Sergipe, os colaboracionistas do petismo infiltrados especialmente nos jornais promovem diariamente estragos consideráveis à verdade para acalentar certos desejos. A polêmica sobre a refinaria Atlântico Sul demonstra claramente como fatos podem ser inescrupulosamente manipulados.
Em setembro de 2006, no calor da campanha eleitoral, João Alves Filho apresentou o investidor David Wood, diretor da empresa inglesa Merchant Energy. No mesmo dia foi assinado o protocolo para a construção da primeira planta de refino petrolífero de Sergipe –investimento de 1,8 bilhão de dólares, capacidade para processar 10 milhões de toneladas/ano de óleo cru, 10 mil empregos na fase de construção e 600 empregos diretos quando pronta. Os colaboracionistas deitaram e rolaram.
O repórter domingueiro Ivan Valença, um destes proeminentes dispostos a tudo na roda da vida, tirou das cachorras para denunciar mais uma intrépida armação do rei das armações: a refinaria era uma piada, David Wood um aventureiro canalha e os investidores europeus jamais apostariam um dólar furado em Sergipe com tantos outros negócios reais pelo mundo afora. Caiu do salto, cara ao chão!
Quase um ano se passou e a verdade, como sempre, se revela. Após criteriosa análise, a refinaria foi aprovada pela Agência Nacional de Petróleo. Acabrunhado inicialmente, o governador Marcelo Déda, profissional esperto, logo a encampou como grande e único projeto do seu governo no cenário internacional.
Ivan Valença seguiu os passos do mentor: o santificado David Wood é agora um empresário aquinhoado; a Merchant Energy, não mais aquela empresa de fachada, foi até convidada para apresentar a Atlântico Sul a investidores norte-americanos; e com grande esforço, o governo do PT contribui na captação de recursos e viabilização do empreendimento, “nesta fase mais difícil do projeto” (JORNAL DA CIDADE, 30.09). Quanta mudança!
Oportunistas e espertos pregando loas sempre existiram. Ivan Valença não é o maior, nem o menor. Nem será o último! Regurgitando os áureos tempos de escriba na finada GAZETA DE SERGIPE, encravada à época em meio a ruidosos lupanares, ele ainda se entrega de mente e alma ao deleite da nobreza mão aberta. Mas para a felicidade do respeitável público, a patifaria tem pernas curtas.
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