A ESPERANÇA AINDA ESPERA Em 31.08, o Ministério Público Estadual acolheu em Aracaju a Caravana em Defesa do Rio São Francisco. O grupo visitou 12 capitais em busca do apoio de lideranças políticas contra a transposição. Pressionado pelas constantes críticas de ser omisso à causa, o governador Marcelo Déda aceitou receber os caravaneiro. Solicitaram pudesse ele usar da influência para intermediar uma reunião com o Grande Molusco. Sua Alteza Real soube aproveitar a chance de recuperar a imagem junto à opinião pública. Prometeu mediar o encontro dos viajantes com o presidente: "Usarei todo o meu esforço para permitir que o governo federal abra uma conversação com os técnicos e as autoridades (...) visando discutir até a exaustão o tema (da transposição)". Um mês se passou e nada do encontro com Sua Inocência, o compadre-salvador da Pátria! Membro do Comitê Hidrográfico da Bacia do São Francisco e um dos líderes do grupo viajante, o professor da Universidade Federal de Sergipe Luiz Carlos Fontes lamenta a demora: "Vamos aguardar. Precisamos encerrar a etapa de discussões e o encontro com o presidente Lula é fundamental. Já formalizamos o pedido. Agora, dependemos do governador". A espera pode ser longa. Já nas primeiras querelas expondo os riscos da transposição, Marcelo Déda optou pelo conforto do silêncio. Não queria contrariar o compadre. Apenas dias antes da eleição, pressentindo que poderia perder milhares de votos caso se mantivesse omisso, ele revelou pendor pelo São Francisco. O papo colou! Eleito, as palavras ditas contra a obra foram devidamente esquecidas. Pelo histórico de promessas não cumpridas e também em função da extremada ligação pessoal e política com o presidente, não se deve esperar do governador Marcelo Déda qualquer atitude que implique em mínimo prejuízo aos planos do governo petista. Inclusive (e especialmente) quanto à transposição. Aos que ainda crêem no contrário, recomenda-se o deleite de generosas poltronas! POBREMENTE RICO Por um punhado de vezes o líder da oposição na Assembléia, Venâncio Fonseca, denunciou o formidável caixa engordado mês a mês pelo governo do PT. Sessenta dias atrás, o próprio governador Marcelo Déda confirmou os números. Agora, pelas contas de Venâncio Fonseca repousariam na Fazenda estadual algo em torno de 300 milhões de reais. Não obstante, aos apelos para cumprir a promessa de campanha de melhorar os salários dos policiais, apenas para citar uma categoria de servidores até hoje engambelada, o governo do PT argumenta não haver dinheiro. Venâncio Fonseca contesta: "É questão de prioridade. Eles estão comprando 307 mil reais de filé de camarão e 352 mil reais em camarão pistola. Nunca vi gostar tanto de mordomia!". O deputado oposicionista revelou ainda outros gastos possivelmente dispensáveis: "Para discutir o programa de combate à pobreza, o PT gastou 80 mil reais no aluguel de uma sala num hotel da orla. A compra de camisas para o Pré-Universitário ficou em mais de 100 mil reais e para colocar o retrato do governador nas paredes das repartições gastaram 88 mil reais em 1.600 molduras. Eles só não têm dinheiro para aumentar salários". Com 300 milhões de reais estocados, certamente o governo do PT poderia sim cumprir a promessa de reajustar os salários dos funcionários públicos. Porém, há outras urgências. As estradas, essenciais para o escoamento da produção de alimentos e fornecimento às indústrias instaladas no interior, estão acabadas. Policiais reclamam da falta de equipamentos, de munição e até de gasolina para as viaturas. São apenas dois rápidos exemplos de demandas sumariamente ignoradas. Dinheiro há de sobra, mas como 2008 é um ano eleitoral...
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