E.Zine 27/08 N136

O UNIVERSO ENGANOSO DO MARKETING Seduzir através de belas imagens e palavras é a função do marketing, esteja ele aplicado a produtos ou à venda de serviços. A prefeitura de Aracaju veicula na TV a publicidade do passe escolar, agora válido também aos sábados, domingos e feriados. Um suposto aluno da rede municipal de ensino fala das vantagens do novo passe e da realização do antigo sonho dos estudantes de poder usá-lo também nas atividades de cultura e lazer, finalmente concretizado pela administração comunista da Capital. Nada contra a peça publicitária, não fosse o fato de o cenário escolhido para a locação ser um colégio particular, a Nossa Escola, e não uma unidade educacional do município. Ou seja, a Secretaria de Comunicação da PMA provavelmente não deve ter encontrado uma única escola da prefeitura em condições de ser mostrada no comercial. É o mínimo que se pode concluir! Não é a primeira vez que os vermelhos assim agem para esconder deficiências ou inapetências administrativas. Em março de 2004*, um anúncio do Ministério da Agricultura destinado a vender os resultados de investimentos governamentais no Programa de Agricultura Familiar mostrava uma verdejante área de plantio de uma propriedade privada, que nunca recebeu um único tostão furado do governo do Grande Molusco. Envergonhado com a repercussão negativa da campanha publicitária, Sua Inocência, o compadre-salvador da Pátria, mandou retirar a publicidade do ar. Alegou, como de costume, ter sido "um descuido" da empresa contratada para fazê-la, não obstante a aprovação prévia por quem de direito do governo. Entrementes, no caso do novo passe escolar de Aracaju, não há motivo para o prefeito Edvaldo Nogueira Foguinho se preocupar tanto assim com o assunto, a ponto de cogitar o embargo da publicidade. No universo do marketing tudo soa meio falso mesmo. O cenário da Nossa Escola pode até ser um pouquinho artificial, é verdade. Mas, e daí? O comercial ficou um luxo!

  • (*) "A imaginação no poder", FOLHA DE S. PAULO, 03.04.04.
OUVIDOS DE MERCADOR Diz a sabedoria popular, político ouve o quer e fala só o que lhe é conveniente. Assim agiu Sua Alteza Real às críticas feitas neste ABRA-O-OLHO (CHAPA BRANCA, 14.08), e posteriormente referendadas pelo Sindicado dos Jornalistas de Sergipe (Nota pública, 16.08), quanto à ilegalidade da veiculação do programa SERGIPE EM DEBATE (AM e FM APERIPÊ) nas emissoras do sistema público de comunicação do estado. O garboso príncipe considerou descabidas as críticas à veiculação do programa apresentado por Messias Carvalho, pois não haveria fato a desabonar a conduta dele ou a macular a imagem da emissora. "É um programa de jornalismo e a Aperipê faz jornalismo. Desafio qualquer um a provar que já foi feita promoção pessoal ou propaganda eleitoral nas emissoras" (JORNAL DA CIDADE, 25.08). Se uma agenda diária de entrevistas com secretários e gerentes do novo governo, e com políticos ligados aos vermelhos enaltecendo os grandes feitos administrativos de Sua Alteza Real não for propaganda descarada e deslavada, não está mais aqui quem alertou. Certamente o garboso príncipe nunca se deu a ouvir o SERGIPE EM DEBATE. Por outro lado, a mais séria crítica do sindicato ainda segue sem resposta. Dizia a nota do Sindijor/SE: "Messias Carvalho apresenta o programa na TV CAJU, uma emissora privada em sistema fechado (LigTV), com notícias e entrevistas, e ampla utilização de comerciais e merchandising. Ocorre que o citado programa é retransmitido, ao vivo, através das rádios públicas APERIPÊ AM e FM, numa relação que confunde os espaços público e privado". O sindicato também pediu na nota o fim das retransmissões "em benefício do interesse público" e o início do processo de recuperação da Fundação Aperipê, hoje um feudo do PCdoB. Assim dito, o desafio de Sua Alteza Real está aceito... A DURA REALIDADE É cada vez mais complicada a vida pública do deputado-secretário estadual de Saúde Rogério Carvalho. Na ruidosa passagem pela Secretaria de Saúde de Aracaju, ele chegou a capinar terreno coberto de cimento e tornou famosa a MICARETA PICARETA (revista VEJA, 10.05.06). Agora, o arguto rapaz vai desembolsar uma grana pesada (R$ 106.994,42 + correção monetária + juros e multa de 10% sobre o valor, além de R$ 1.000 de multa por erros administrativos) para cobrir certa comprinha feita quando esteve secretário do município. De acordo com laudos de uma inspeção do Tribunal de Contas do Estado (TCE) no Fundo Municipal de Saúde (FMS) de Aracaju (exercício 2001), cujo gestor era Rogério Carvalho, há diferença entre o volume de latas de óleo de soja compradas por ele e as registradas no estoque do FMS. Pagou-se R$ 115.836,94 por 18.050 latas de óleo de soja, porém apenas 6.122 latas foram encontradas no estoque. A diferença entre o valor pago por Rogério Carvalho e a mercadoria no estoque é de exatos R$ 106.994,42. Não é a primeira vez que o candidato preferencial de Sua Alteza Real para substituir o prefeito comunista da Capital é pego com a mão na massa. Em 22 de fevereiro deste ano, o TCE também julgou ilegais as contas (exercício 2004) de Rogério Carvalho na Secretaria Municipal de Saúde. Foi condenado a devolver R$ 65 mil aos cofres municipais + 10% sobre este valor + R$ 2 mil a título de multa. O Ministério Público Estadual ainda analisa outras possíveis medidas criminais e cíveis para o caso. Depois veio o inquietante relatório da fiscalização da CGU (Controladoria-Geral da União) nos convênios entre o governo federal e o município de Aracaju. Ficou constatada improbidade administrativa na aplicação dos recursos em dispensas ilegais de licitação, no pagamento por serviços não realizados, na baixa qualidade das obras de reforma e ampliação de unidades de saúde, além de fraude na aquisição de bens móveis. Com currículo tão desabonador, é estranho Rogério Carvalho ainda ordenar despesas numa das mais importantes e ricas secretarias do novo governo. Aliás, nos últimos sete meses, sob o comando do danado a Secretaria de Saúde realizou compras de cerca de R$ 65 milhões sem licitação, alegando urgência. Um jeito muito peculiar de administrar o dinheiro público. Uma única edição do DOE (Diário Oficial do Estado) de abril de 2007 registra a contratação de serviços terceirizados superiores a R$ 21 milhões. Que ninguém duvide, Rogério Carvalho vai fundo...

Nenhum comentário: