E.Zine 14/08 N127

CHAPA BRANCA O MPE (Ministério Público Estadual) parece não ter se dado conta da grave ilegalidade em curso no novo governo através das emissoras públicas de rádio (Aperipê AM e FM). Trata-se do programa matinal "Sergipe em Debate" conduzido por Messias Carvalho de segunda a sexta, das 06h00 às 09h00. O MPE nem sempre foi assim tão leniente! Quando o ex-governo passou a usar as emissoras Aperipê para contrapor os ataques sórdidos de radialistas do calibre do deputado-tampão Gilmar Carvalho, o MPE mandou retirar do ar o programa apresentado por Paulo do Valle. Da mesma forma, o programa de Carlos Batalha "Batalha na TV" foi banido da TV Aperipê. A alegação do MPE para censurar os programas embasava-se no suposto "uso político do sistema público de comunicação, cuja atividade fim deveria ser a educação e a cultura". De lá para cá, o entendimento do MPE parece ter mudado. A conclusão advém de uma simples constatação: há pelo menos três meses o "Sergipe em Debate" segue incólume. Ademais, o programa é transmitido para todo o estado por meio de uma rede de emissoras privadas. Outra das queixas do MPE ao ex-governo. Os custos com esta brincadeirinha podem chegar perto dos R$ 100 mil reais/mês. Incluiriam o cachê do apresentador, das equipes de produção e reportagem; a compra do horário na Luandê FM, Princesa FM, Eldorado FM, Xingó FM e Voz do Centro-Sul FM; e a publicidade do programa nos jornais impressos. Ratos de rádio também fariam parte da "folha de pagamento". O "Sergipe em Debate" serve para louvar as virtudes de Sua Alteza Real e atacar adversários e desafetos do Partido dos Trabalhadores. Também é palco de longos debates e entrevistas com secretários e gerentes do novo governo. Vez por outra, quando convém, parlamentares e líderes comunitários ligados ao garboso príncipe são levados a discutir... Sim, isso mesmo, política! Quem sabe, munido destas informações, possa o brioso MPE promover uma revisão na atual filosofia de trabalho e verificar ter havido nesta nova fase das emissoras Aperipê apenas uma mudança básica de atores. O espetáculo, sem qualquer mínima dúvida, tem as mesmíssimas características daquele censurado antes. A diferença de agora é somente no estilo, digamos assim! É aguardar para ver em que vai dar... COVARDIA O clima esquentou ontem na Assembléia. O líder da oposição Venâncio Fonseca denunciou a perseguição em curso contra o ex-mandatário, com vistas a liquidá-lo politicamente. "Quiseram incutir no povo a idéia de que foi um governador descuidado com os recursos públicos, um irresponsável. Agora, estão tentando tornar o Negão inelegível em 2008, para em 2010 encontrarem a estrada livre e pavimentada". Segundo Venâncio, a prestação de contas do último ano da gestão anterior recai sobre a gestão seguinte, e o secretário Nilson Lima (Fazenda) teria recomendado ao TCE/SE (Tribunal de Contas do Estado) a rejeição das contas do ex-governo relativas à 2006. "Não querem disputar eleição com ele. Querem ganhar no tapetão". A gritaria de Venâncio contagiou a geralmente letárgica bancada oposicionista. Antônio Passos disse-se surpreso pois a CGU (Controladoria-Geral da República) só consegue "sortear" prefeituras do DEM ou ligadas ao ex-mandatário para realizar auditorias. "O povo precisa ficar atento às cascas de banana que estão sendo espalhadas". Arnaldo Bispo lembrou dos 100 primeiros dias do ex-governo. "Muitos projetos já haviam sido lançados e muitas obras estavam em andamento. Agora só se houve ‘estamos estudando', ‘estamos planejando', ‘estamos ouvindo o povo' sem resultados aparentes". Exaltado, o vice-líder dos oposicionistas Augusto Bezerra foi o mais incisivo. Classificou Sua Alteza Real de maquiavélico e nazista. Talvez os termos tenham sido duros. Mas a depor contra o garboso príncipe vêm as incursões de bastidores, quase sempre pautadas na máxima "os fins justificam os meios"! Seria receio?

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