E.Zine 20/06 N88

SAUDADE? Do alto de sua soberana humildade, o garboso príncipe interrompeu o estafante arruma e desarruma malas para mandar recados à plebe rude (e ignara). Segundo comentou ao Jornal da Cidade (17/06), a oposição estaria sofrendo de "saudades do poder", razão pela qual "os oposicionistas reclamam de tudo, e botam gosto ruim em tudo o que o (novo) governo faz ou tenta fazer". Para o experimentado monarca, os hoje oposicionistas "passaram 15, 20 anos mandando e estão no direito de criticar". Se o sentimento da oposição for mesmo apenas o saudosismo, como diz Sua Alteza Real, melhor seria deixar de lado as cobranças pelos quase seis meses sem nada de novo (a não ser a insatisfação ainda maior do povo com os setores vitais: saúde, segurança, educação) e partir para uma nova estratégia. Talvez fosse o caso de juntar todo mundo -vermelhos, verdes, furta-cores...- num mesmo saco, pois em Sergipe quando a oposição diz haver algo errado o faz por mero capricho, por vontade de ter também (ou voltar a ter) uma boquinha; pelo desejo de melar tudo, de botar gosto ruim na sopa ralinha e insossa de quem está no governo! E como fazer oposição já foi a maior especialidade do sapiente soberano sergipano... GOLES DA PURA VERDADE Deve ter sido sob forte embriago de memória que o lisonjeador real Gilvan Manoel escreveu o artigo "O Carimbo da Ilicitude" (Jornal do Dia, 17/06). Rememorando o exato instante quando o hoje deputado federal Jackson Barreto foi destituído da prefeitura de Aracaju sob a acusação -apenas uns 300 e poucos processos!- de usar o dinheiro público como se dele fosse, Gilvan Manoel apelou para mais uma teoria da conspiração. Segundo locupleta, estaria o TCE (Tribunal de Contas do Estado), já naquela época, pendido mais ao doce veneno da política que ao julgamento pelos dados técnicos (auditorias): "A intervenção que afastou JB do comando da prefeitura se caracterizou como um verdadeiro golpe político para evitar o avanço de um líder carismático e popular". Observando as gravações onde Flávio Conceição afirma a intenção de devassar as contas do lixo (Emsurb) e da saúde (Secretaria Municipal de Saúde) durante a gestão vermelha, observa-se que, trazer à tona tal evento, teve por único fito a defesa prévia do soberano príncipe. Se Jackson Barreto, um abastado coitado, foi vítima 20 anos atrás de complô urdido por grupos políticos (incluindo o PT e seus deputados estaduais à época Marcelo Ribeiro e Sua Alteza Real) e econômicos, a elite dos funcionários públicos e o TCE, quem poderia segurar agora o ímpeto dos que não deglutem "os compromissos históricos de mudança" sintetizados na "vitória incontestável" do príncipe? Como um gole de lucidez não faz mal a ninguém, melhor seria se Gilvan Manoel questionasse o inverso: haveria na intenção -pura ou espúria- de Flávio Conceição algum fundo de verdade? Por que investigar o lixo e a saúde da PMA durante as gestões de Sua Alteza Real mereceria defesa prévia tão apaixonada ao ponto de se apelar para a cassação do político sergipano com mais de cinco metros de ficha corrida judicial, metade dela por improbidade administrativa? Se o TCE não tem competência (moral e técnica), por que não contratar então uma auditoria independente e tirar tais imbróglios a limpo? A pura verdade, respeitável público, sempre desce mais suave...

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