E.Zine 03/05 N55

INCOMPETÊNCIA ADMITIDA O líder do novo governo na Assembléia Legislativa, deputado Francisco Gualberto, meteu ontem os pés pelas mãos ao tentar dar alguma explicação razoável para os eventos recentes no âmbito da Segurança Pública. E não poderia ter sido mais desastrado: admitiu com todas as letras ser "um problema cujo grau de complexidade é muito grande... São problemas estruturais". Quando era oposição, Gualberto cobrava do ex-governo resultados rápidos quanto a casos pontuais envolvendo a SSP, especialmente nos crimes de grande repercussão. Agora, encurralado pela inépcia e falta de traquejo gerencial do governo que defende, e acima de tudo pelo agravo significativo dos delitos de todos os tipos noticiados diariamente, o deputado barbudo entregou os pontos: a tarefa de lidar com a segurança pública é algo tão complexo que está deixando os companheiros vermelhos em polvorosas. Pela atual crise Gualberto culpa os governos passados, "que criaram essa situação de penúria no setor". E por isso, Sua Majestade "vem enfrentando grandes dificuldades para colocar as coisas em ordem". Interessante! O príncipe enfrentando dificuldades para administrar? Isto é novidade... No seu rosário de lamentações, Gualberto também encontrou outros culpados para a inapetência administrativa dos vermelhos: "... todo mundo está vendo, as emissoras de rádio e televisão nunca tinham divulgado tanta notícia de violência como agora. Até parece que tem alguém querendo desestabilizar o governo Déda". Será, deputado? A imprensa estaria inventando as ocorrências, algumas fartamente documentadas, só para perturbar o ócio laborioso de Sua Majestade? A acusação é grave. Teria Gualberto esquecido que usou essa mesma imprensa para cobrar do ex-governo, tanto quanto tem sido cobrado agora? Ou para uns é válido o papel fiscalizador dos meios de comunicação e para outros, iluminados pelo Divino, não? Mas, convenhamos, diante do caos instalado nos últimos 120 dias, e também em função da triste derrota do novo governo na luta contra a criminalidade, só restava mesmo ao deputado vermelho solicitar o urinol e sair de fininho. E o fez com categoria: "Nós não podemos mentir para a sociedade, dizendo que vamos resolver o problema em dois ou três meses. O governo terá que ter tempo e criar as condições, pelo menos para que a tranqüilidade possa ser a maior possível...". Ah bom, o príncipe quer um tempo para ajeitar as coisas? Sim, Ele merece... Senhoras e senhores, o deputado Gualberto até tentou. Contudo, ao buscar no alheio os culpados pela própria incompetência, choramingando lamúrias de neófito marinheiro, abusou da paciência e da boa vontade do respeitável público. Conseguiu somente referendar a ânsia desmedida, e já pública, dos desnutridos de projetos de governo que ele representa. Melhor teria sido ficar num canto calado, ouvindo as queixas, anotando tudo, para depois, se fosse o caso, encaminhar as providências. Assim, Gualberto daria uma contribuição verdadeiramente pró-ativa ao principado de Sua Majestade, porquanto ao contrário do que este apregoava nos palanques, "não está sendo fácil, não está sendo fácil" gerir a "complexa" máquina administrativa estadual. Normal... É o típico aperreio dos despreparados diante de tarefas homéricas. Chá de camomila com cidreira sem açúcar para o nobre deputado vermelho, por favor!

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