E.Zine 20/04 N46

SERÁ HOJE? Hoje, sua majestade - o príncipe terá a grande oportunidade de confirmar à opinião pública não ter dito em palanque, olhos nos olhos do compadre-salvador da Pátria, ser contrário à transposição das águas do S. Francisco só para angariar os votos dos incautos. Naquela festiva noite, o soberano filho de Simão Dias cedia às pressões dos eleitores e da imprensa. Acabou optando por se dizer contrário à transposição diante da multidão e do compadre - aliás, este, muito esperto, horas antes, havia dito na Paraíba que faria a obra de qualquer jeito, para mais tarde, aqui, dizer que não se tira água de onde não tem! As cenas foram mostradas na TV diversas vezes. O teatrinho ficava evidente. Tanto é assim, pois, sua majestade buscou a eloqüência do absoluto silêncio após o anúncio oficial do início da obras. Agora, o príncipe está diante de novas pressões. Pública e privadamente. À direita, não deseja contrariar os altos interesses - do compadre e de outros figurões ligados ao compadre, ao partido de ambos e ao setor empresarial - envolvidos na obra. Na outra mão, como nada dizer, mais uma vez, àqueles crédulos das suas palavras de setembro de 2006? A referência é à marcha a ser conduzida na tarde desta sexta-feira pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil de Sergipe) como forma de apresentar ao mundo o repúdio da Sociedade Civil sergipana à maldita transposição. Se no ex-governo, sociedade e governo lutavam juntos para barrar a obra. No novo governo, a mesmíssima sociedade vê-se órfã de um líder capaz de conduzi-la à vitória. No exato instante em que o planeta inteiro discute as agressões da humanidade ao meio-ambiente e suas conseqüências nefastas à sobrevivência de todas as espécies que nele habitam, os vermelhos insistem numa obra cujo único proveito visível é beneficiar empreiteiros e empresários do setor agroindustrial. Santa contradição... Caso se concretize tão grave omissão, o soberano príncipe poderá ser lembrado eternamente como "aquele que deixou o Velho Chico morrer!". Ou, como líder destemido, corajoso, estará à frente da marcha nesta tarde. Marcaria definitivamente sua posição contrária à transposição. Será hoje? Ducha de água fria - O jornal Folha de S. Paulo de ontem comentava as prioridades do PAC-Derme (Programa de Aceleração do Crescimento), dentre as quais a transposição do S. Francisco. Teria ela, segundo o jornal, entrado em marcha lenta desde a chegada de Geddel Vieira Lima ao Ministério da Integração Nacional. A famigerada obra já recebeu há quase um mês a licença ambiental, com o Ibama autorizando o início das obras. Mas o governo do compadre-salvador da Pátria preferiu adiar o início para o segundo semestre. Alega falta de verba para começar o trabalho com o Batalhão de Engenharia do Exército. O ministro baiano também se diz preocupado com eventuais recursos legais contra o resultado da licitação de R$ 3,3 bilhões, que deve sair em agosto. Porém, diferentemente do que diz Geddel, pesquisa no Siafi (Sistema de Acompanhamento de Gastos) mostra que estão disponíveis R$ 15 milhões para as obras. Segundo o novo cronograma anunciado ontem, o início das obras vai coincidir com o resultado da licitação, em agosto. Entrementes, como perguntar não ofende, estaria alguém (grande) contrariado com o resultado da concorrência?

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