JUSTIÇA TARDIA, JUSTIÇA FALHA Enganam-se os corações abnegados quando consideram a justiça tardia uma justiça efetiva. A máxima de "antes tarde do que nunca" não mais serve nestes dias onde tudo ocorre na velocidade do pensamento. A reputação de qualquer um pode sofrer grave dano, em caso de uma falsa acusação da poderosa mídia nacional. Esperar pela reposição positiva da imagem, tornando sem efeito as maledicências ditas ou escritas, pode ser fatal para a vida profissional e pessoal. O reverso da medalha, no entanto, corrobora com a impunidade, pois incita a prática de ilícitos e delitos criminais. É o caso dos acusados de promover o mensalão. O ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério, a mulher dele Renilda Santiago e dirigentes do banco BMG são réus, entre outros, na ação penal que apurou empréstimos supostamente irregulares feitos durante o esquema do mensalão. O mensalão foi tornado público em junho de 2005 pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), à época acusado de chefiar a "máfia dos Correios". Em abril de 2006, o procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza protocolou no STF (Supremo Tribunal Federal) denúncia contra 40 pessoas (entre elas o ex-ministro José Dirceu, considerado "chefe da quadrilha") suspeitas de integrar uma "sofisticada organização criminosa". Somente agora, no entanto, o STF resolveu dar prosseguimento ao processo. Pode-se alegar zelo da mais alta corte de Justiça do País, a fim de evitar punir sem a certeza da comprovação de crime. Mas, convenhamos, no caso específico do mensalão, há provas para encher o Maracanã. Algumas são capazes de por figurões vermelhos uns bons anos atrás das grades. Mesmo assim, o STF analisa o processo como se dopado por intensas aplicações de letargia aguda. Seria a presença do deputado federal José Genoino entre os acusados o motivo? A pergunta tem pertinência. Curiosamente, o STF nunca condenou um parlamentar por desvio de conduta - para ficar em palavras amenas. E olhe que motivos para fazer uma santa limpeza no Congresso e reforçar a lotação dos presídios há de sobra! Mas este é o Brasil, onde tudo, absolutamente tudo, preclaro público leitor, parece estar quaaase parando. Enquanto isso, no outro lado do balcão...

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