E.Zine 04/03 N34

UM INFERNO DE BOAS INTENÇÕES A miscigenação como símbolo do brasileirismo corre sério risco. A pretexto de reforçar a identidade cultural de minorias, os vermelhos estão tentando dividir o país em raças e sub-raças. O mundo civilizado se estarreceu na semana passada quando a ministra (sic) da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, numa entrevista a BBC/Brasil, disse sem meias palavras "ser natural negros discriminarem brancos", pois "não seria racismo um negro não querer conviver com um branco ou mesmo não gostar de um branco". Bem, se isso não é racismo, que peste é? O Brasil tem uma história de convivência mútua muito bela, justamente pela forte miscigenação – modelo para um mundo cada vez mais instável pelas diferenças de etnia, credo e cor. Analisando a questão pelo ponto de vista sociológico, vemos as mazelas sociais brasileiras se sobrepondo às questões raciais. Sofrem mais os mais pobres, os menos letrados, os marginalizados socialmente. Definir nesse contexto quem é de tal raça é algo extremamente complicado. A maior prova disso é a polêmica em torno das famigeradas cotas raciais nas universidades e escolas. Inegavelmente, ao contrário de outras nações, o Brasil não teve um tratamento condigno quando libertou seus escravos. Afora alguns benevolentes gestos de senhores feudais, a maioria esmagadora dos negros alforriados, e depois os livres com o fim da escravidão, receberam a liberdade de mãos vazias, sem um metro quadrado de chão para tirar o sustento. Ao contrário dos índios, com suas reservas demarcadas por Lei, os negros passaram a viver um novo tipo de escravidão: a do subemprego nas grandes cidades. Tais distorções nunca foram minimamente corrigidas e apenas ações pontuais de alguns governos garantiram certo reparo. Mas daí propor medidas através de decretos visando equilibrar a balança social brasileira, sem um investimento sério em educação, o mais relevante mecanismo de promoção da igualdade, testado e aprovado no mundo todo, é brincar com fogo. É tentar instigar a discórdia entre irmãos. A sensatez, conforme sugerem as palavras da ministra Matilde Ribeiro, alguém totalmente despreparado para esta ou qualquer outra função pública, não faz parte do governo do compadre-salvador da Pátria! E assim, lamentavelmente, sob o manto vermelho, caminhamos um pouco mais para trás...

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