DE OLHO EM 2022, ROGÉRIO CARVALHO TENTA RIFAR ELIANE AQUINO

Por David Leite*
Passou batido para muita gente a falsa polêmica criada por Rogério Carvalho em torno de uma possível candidatura do PT à sucessão de Edvaldo Nogueira. Esse esticar de cordas dele – e de outros setores do partido – pode parecer um despautério em um cenário de quase conforto para o grupo da situação, todavia, ele tem um propósito estratégico definido: tirar Eliano Aquino da disputa ao governo estadual em 2022, apesar de aparentemente não haver de parte dela tal desejo.
A conta é simples: o senador sabe que o prefeito de Aracaju enfrentará muitas dificuldades para se reeleger caso o grupo esteja dividido, como ocorreu burramente com a oposição em 2018. Sabe também do potencial eleitoral da vice-governadora, mesmo não sendo ela afeita ao confronto direto, algo solucionável com uma campanha bem engendrada. E mais, sabe que, com Eliane Aquino fora do páreo, caso seja eleita prefeita ou saia desgastada por uma derrota, o caminho ficará desimpedido!
Ora bolas, e Eliane Aquino aceitaria ser candidata? Eis a questão! A relação com Belivaldo Chagas não é ruim e o PT detém centenas de cargos comissionados, parte expressiva deles com a chancela da vice-governadora. Se decidir por emplacar sua candidatura contra Edvaldo Nogueira, o preferido do governador, ela terá de partir para a empreitada por conta própria. Com um detalhe sórdido: se fizer aliança com o PSB da família Valadares, passará à condição de inimiga pessoal.
Num cenário assim, se Eliane Aquino for derrotada por Edvaldo Nogueira, Belivaldo Chagas certamente permanecerá no governo e colocará mundos e fundos a serviço da candidatura do prefeito, que sonha com a cadeira dia e noite , a fim de derrotar Rogério Carvalho ou quem vier do PT.
Já uma vitória de Eliane Aquino faria Belivaldo Chagas até pensar em sair do cargo para candidatar-se ao Senado, deixando no lugar o presidente da Assembleia Legislativa, Luciano Bispo, e indicando Laércio Oliveira candidato a governador, com Fábio Mitideri – ou mesmo André Moura, não se enganem! – para a senatoria. O vice-versa também estará valendo. Seria uma chapa de arranjo fácil, com chance de emplacar uma vitória. E talvez até funcione, diante de uma oposição por ora sem lastro, eira ou beira.
Por seu turno, a ex-primeira-dama não se mostra disposta a ficar a reboque das excentricidades do senador, com quem mantém relação apenas protocolar. Talvez Eliane Aquino não queira deixar o conforto atual e partir para uma aventura com uma mão na frente e a outra atrás, quando sabe que 2022 é logo ali. Ouvidos próximos já a escutaram dizer que seu coração pende para uma vaga no Senado, com Belivaldo Chagas ficando no governo e sonhando com o TCE. Mas talvez Rogério Carvalho, ligeiro como é, enxergue na assertiva apenas uma típica cortina de fumaça.
Há outros cenários possíveis, no entanto, os apresentados iniciam um bom começo de discussão.
(*) Consultor em Comunicação Social.

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