A IMPRENSA SEGUE
ERRANDO
Por David Leite*
A grande mídia
nacional segue errando na avaliação acerca de Jair Bolsonaro,
engano que a fez ser derrotada com o PT em novembro de 2018 e que
ainda a persegue neste início de gestão. A imprensa, formada na
maioria por esquerdistas, ignora a realidade política brasileira e
mundial.
Para começo de
conversa, não se deve confundir o presidente com o “bolsonarismo”,
que não se resume à figura de Jair Bolsonaro, assim como o
“lulismo” não se resume e não deve ser confundido com Lula da
Silva. Comprar o discurso do “bando de malucos” é vexatório…
Jair Bolsonaro,
como Lula da Silva, busca alcançar as massas com retórica simplista
e temas sem importância, uma cortina de fumaça para confundir a
imprensa, afeita a “pautas bombásticas”, e manter coesa e
ocupada a militância que o apoia e reverbera suas falas nas redes
sociais da internet.
O “bolsonarismo”,
projeto político de viés autoritário e de vocação autocrática,
tem muitas semelhanças com o “lulismo”. Os objetivos são a
permanência no poder e o controle do Estado através do desmonte da
política tradicional, da eliminação da oposição e no garrote à
imprensa, ainda que se conserve o processo referendador eleitoral.
Em paralelo,
recorre-se [pela via constitucional] à destruição do sistema de
proteção social urdido pelos constituintes de 1988 e à devastação
do ambiente acadêmico, considerado adversário – em parte com
razão, posto que o ensino público superior tem sido usado para
catequese política.
O desprezo pela
diversidade de ideias, opiniões e comportamentos; a ausência de
respeito à ciência e à História e ao papel da mulher no processo
decisório e de criação; o culto às armas, ao linchamento moral,
ao xingamento e ao sincretismo formam a ossatura do “bolsonarismo”.
A “carne”
advém da agenda de costumes, das propostas de reforma e de
subprodutos político-eleitorais como o “lavajatismo” de Sérgio
Moro, que cumpriu com eficiência a tarefa de demonizar a política e
limpar a área, além de prover o discurso usado na campanha
eleitoral.
Não há,
portanto, maluquice no que ocorre no Brasil. Existe, sim, muita
esperteza integrada à agenda dos EUA e aos mandachuvas do mundo,
aqueles que controlam o capital e representam o 1% mais rico da
humanidade. Nada ocorre ao acaso, mas os iludidos seguem
displicentes.
A imprensa
brasileira jamais estudou a agenda neoliberal e sequer compreende o
projeto ultraconservador que avança em várias democracias no mundo,
com graves riscos ao sistema político-social e à liberdade de
expressão. É o preço que se paga pelo engessamento intelectual.
Em resumo: como a
maioria dos alunos de Humanas, também os jornalistas foram forjados
nas três últimas décadas no ambiente educacional asséptico das
ideias esquerdistas e hoje padecem da falta de informação
estratégica sobre um adversário que se mostra audaz e destemido.
Sigamos…
[*] É
marquetólogo político.
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Publicado
originalmente
em https://www.nenoticias.com.br/a-imprensa-segue-errando/.
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