SERÍAMOS TODOS
UNS MANÉS?
Recordar é viver,
mas antes de girar a roda do tempo, para confortar corações
afetados pela sofrência, uma frase do genial Otto von Bismarck:
“Política é a arte do possível.” Aliás, dele também, podemos
adaptar um aforismo bastante realista: “Quanto menos as pessoas
souberem como se fazem as salsichas e a política (aqui ele falava
das leis), melhor dormirão à noite.”
Fico a imaginar
que muita gente de bom coração – e certos cafajestes
oportunistas, com microfone de rádio à mão e coluna domingueira em
jornal diário – ainda possa imaginar a política com a mesma
inocência sacrossanta percebida no “Jardim do Éden” antes de
Adão e Eva terem provado a maçã. Por essa ótica, quatro anos
atrás, o hoje prefeito João Alves Filho teria aplicado um “golpe”
em Albano Franco, então comandante do PSDB, para entregar o partido
a seu eterno e fiel aliado José Carlos Machado, um dos homens
públicos mais respeitáveis de Sergipe.
Santa bobagem! Era
o jogo da política em ação, minha gente. Apenas isso. O Negão não
aplicou golpe algum, como agora não há golpe de Eduardo Amorim ao
aceitar o convite para se transferir de mala, cuia e correligionários
mais próximos para o PSDB. Faz parte do jogo, é a tal “arte do
possível” milenarmente arraigada à política. Albano Franco não
tinha intenção de apoiar JAF em 2012, como não apoiou. Todavia, o
Negão não podia sair isolado – lembremos ainda do plano de
candidatar-se ao governo em 2014, deixando quem na prefeitura? José
Carlos Machado!
O plano não deu
certo, como se sabe, pois o grupo optou pelo apoio legítimo à
candidatura de Eduardo Amorim. Hoje, o quadro para 2016 exige outros
termos e condições – afinal, cada pleito tem sua história. Se
não quiser partir para a reeleição isolado, o grupo de João Alves
Filho, incluindo o caro José Carlos Machado, terá de fazer política
e isso significa discutir uma nova composição de chapa. Falar em
golpe é coisa de quem acha que todos somos uns manés.
Aliás, para quem
não tem estômago, que vive a eterna sofrência quando alguém como
José Carlos Machado perde espaço, serve bem a máxima de Otto von
Bismarck sobre salsichas e política...
Por David Leite | 06/07/2015 às 10h05
Por David Leite | 06/07/2015 às 10h05
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