O MATA-LEÃO DE EDUARDO CUNHA 
SECUNDADO POR ANDRÉ MOURA, CLARO
A turma governista anda nervosa. O presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha tem sido um incômodo calo para a tal da “governabilidade”. Trata-se do eufemismo usado pelos petistas para ocultar o real desejo de obterem a cumplicidade ou a omissão do Congresso às patifarias praticadas visando a manter o partido no poder – custe o que custar, literalmente.
No bojo da danada da “governabilidade” estão o Mensalão e o Petrolão. Contudo, o expediente legal, por assim dizer, seria a barganha de cargos no Governo Federal, sobretudo os de primeiro e segundo escalão – ministérios, secretarias-gerais, diretorias, assessorias especiais etc.
Cargo, portanto, é fundamental à “governabilidade”, não? Pois bem, Eduardo Cunha resolveu aplicar um mata-leão nos planos petistas de inflar a máquina estatal, matando... cargos!
O mata-leão é um dos golpes mais clássicos do jiu-jitsu – e também do judô, onde é conhecido por hadaka jime. Consiste no estrangulamento do opositor, suprimindo-lhe a reserva de ar com a dobra do cotovelo abaixo da traqueia. Quando não aplicado na medida certa, pode até levar o combatente à morte.
Esperto como a serpente do Éden, enquanto ocupava a liderança do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha apresentou uma proposta de emenda à Constituição (PEC 299), estabelecendo a redução de ministérios para até 20 pastas. À época, justificou: “Acreditamos que o número de vinte ministérios, que reduz em 50% o atual tamanho da administração direta, atende bem as necessidades do estado moderno e alinha o país ao tamanho dos demais estados em igual ou superior grau de desenvolvimento”.
O PMDB já avisou ao governo Dilma Rousseff a intenção de aprovar a limitação, em definitivo, até o final do ano.
De um só golpe, Eduardo Cunha planeja derrubar dois coelhos: acaba com o surrado discurso de o PMDB ser um partido apenas fisiológico, disposto a tudo para abocanhar cargos, através dos quais possa reforçar a atuação político-partidária e o caixa de campanha (doações de empresas); e tira do PT nada menos que metade do poder de fogo usado para manter acesa as forças governistas no Congresso. Jogada de mestre, portanto.
O relator da PEC é André Moura. Em parecer favorável à matéria na semana passada, o deputado sergipano explicou: “A PEC não afronta a divisão de Poderes, embora seu resultado seja o de impôr ao Poder Executivo limites em relação à máquina pública”. Para sustentar esse ponto de vista, o deputado lembrou não ser papel da CCJC analisar o mérito das matérias, mas verificar se possuem os requisitos mínimos para irem ao plenário – no caso, número de assinaturas e respeito à Constituição. O governo já começa a movimentar-se para “abafar” o caso.
Segundo o site da revista Época, o “Planalto prepara uma blitz para derrubar a proposta”. A matéria recebeu mais de 190 assinaturas válidas em 2013, a maioria de lideranças do bloco formado pelo PMDB e a oposição. Seis deputados do PT também assinaram a PEC: o atual líder do partido na Câmara, Sibá Machado (AC), Rubens Otini (GO), Valmir Assunção (BA), Zé Geraldo (PA), Anselmo de Jesus (RO) e Domingos Dutra (MA). Os dois últimos não foram reeleitos.
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Por David Leite ©2015 | 25/03 às 10h45 | Reprodução permitida, se citada a fonte | Clique na ilustração para ampliar | Com informações da imprensa e fontes de pesquisa.

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