OS PALANQUEIROS DO
PT
Tem sido
interessante observar o procedimento de determinados entes da
imprensa – vou preferir não chamar de colegas pois podem se sentir
ofendidos – quanto à postura da oposição no trato com o governo
do PT. É como se todos fossem obrigados a aguentar calados as
diabruras da gestão da nossa iluminada doutora em economia, a
governAnta Dilma Rousseff, em cujo governo foi gestado o maior
escândalo mundial com dinheiro público – o petrolão.
Essa turma acusa a
oposição de não ter descido do palanque. Ai, ai, Santa
Inocência... O que dizer, então, do Nosso Guia, o cabra que
descobriu o Braziu? Mula da Silva pode ser um palanqueiro em tempo
integral, mas isso não incomoda certos setores da imprensa – ele
pode, é metalúrgico, é retirante da seca, é o Filho do Brasil. É
tanta gente que não enxerga o que, por exemplo, é cristalino,
conforme apresenta em Editorial o jornal “O Estado de S.Paulo”,
em sua edição de 14/12. Leiam-no, por favor:
A URGÊNCIA DE LULA
A presidente Dilma
Rousseff nem começou seu segundo mandato e seu padrinho, Luiz Inácio
Lula da Silva, já está em plena campanha para a eleição de 2018.
A bem da verdade, Lula nunca desceu do palanque – desde 2003, os
governos lulopetistas se notabilizaram por administrar o País
pensando somente na eleição seguinte, transformando o Estado em
máquina partidária. Agora, no entanto, parece haver um sentido de
urgência na atitude do ex-presidente, porque a oposição se
fortaleceu pelo bom desempenho na última disputa presidencial e,
também, porque o descalabro econômico e o maior escândalo de
corrupção da história brasileira tornaram-se ameaças sérias a
seu projeto de poder.A URGÊNCIA DE LULA
A principal
estratégia de Lula e de seus seguidores tem sido atribuir
cinicamente à oposição o mau comportamento republicano que hoje
caracteriza o PT. “Eles acham que a campanha não acabou”,
afirmou o ex-presidente, em discurso na abertura do 5.º Congresso do
PT, em Brasília.
Com isso, Lula
busca tirar a legitimidade das críticas da oposição,
transformando-as em mera artimanha das “elites” para dar um
“golpe” em Dilma e em seu partido – quando na verdade é Lula
quem desmoraliza a democracia ao sistematicamente desrespeitar os que
não votam nos petistas nem aceitam o assalto ao Estado. Para esse
fim, vale tudo: no mesmo pronunciamento, Lula defendeu os envolvidos
no escândalo da Petrobras, dizendo que eles já foram condenados
pela imprensa antes mesmo da análise do caso pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) - uma maneira nada sutil de dizer que, se o STF acatar
as denúncias, só o fará por pressão dos jornais.
Na construção
desse discurso contra a oposição, Lula especializou-se em ofender a
inteligência alheia, apostando numa espécie de amnésia coletiva.
“Eu perdi em 89, e todo mundo sabe como perdi, entretanto não
fiquei na rua protestando, fui me preparar para a outra”, afirmou
Lula, referindo-se à eleição presidencial de 1989, quando foi
derrotado por Fernando Collor. Insinuando que a eleição de Collor
não foi legítima (“todo mundo sabe como perdi”), Lula quis
dizer que, apesar disso, não fez protestos como os que a oposição
hoje faz. E foi adiante: “Quando a gente perdia, a gente acatava o
resultado”.
Não é preciso
fazer um grande esforço para lembrar que o PT sempre fez oposição
sem trégua – votou contra o Plano Real e contra a Lei de
Responsabilidade Fiscal, para ficar em apenas dois exemplos da
inconsequência do partido – e promoveu uma campanha sistemática
para minar o governo de Fernando Henrique Cardoso, especialmente no
segundo mandato. Líderes do partido, que hoje dizem “acatar o
resultado” das eleições e se queixam das manifestações contra
Dilma em razão do escândalo da Petrobras, chegaram a defender o
impeachment de FHC diante das suspeitas de irregularidades nas
privatizações. Era o “Fora FHC!”. Hoje, porém, Lula não se
constrange em pedir que cessem os protestos contra Dilma porque ela
“precisa governar”: “Deixem a mulher trabalhar, gente! Ela
ganhou as eleições”.
Empenhado em ditar
os rumos do segundo mandato, para fortalecer sua eventual candidatura
em 2018, o ex-presidente, sempre que pode, cita as próximas
eleições. “Eles (a oposição) começam a ficar apavorados com a
perspectiva do quinto mandato”, discursou Lula, dando a senha para
que os correligionários o ovacionassem. Em seguida, bem ao seu
estilo, disse que “ninguém tem de pensar em 2018”, mas deixou
clara a pressão sobre Dilma, ao dizer que espera dela o “sinal que
ela vai dar do ponto de vista econômico, das políticas sociais, de
desenvolvimento”.
Lula parece saber
que é do desempenho de Dilma que depende sua força e a de seu
partido para enfrentar a tempestade do escândalo de corrupção e
sobreviver no poder em 2018. Essa é sua grande aflição e a razão
pela qual imputa tudo o que se diz sobre o escândalo na Petrobras a
uma campanha para “destruir” o PT.
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Por David Leite ©2014 | 19/12 às 10h10 | Reprodução permitida, se citada a fonte | Com informações da imprensa e fontes de pesquisa | Clique na imagem para ampliar. #Curta #Comente #Compartilhe
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