DEZ ANOS DE PT – MAS ESQUEÇAM O MENSALÃO, SIM?
Por David Leite | Quinta-feira, 07/03/2013 | 04h05
Hoje dentro da programação em comemoração aos dez anos no comando do Governo Federal, o PT de Sergipe irá reunir lideranças, militantes e convidados para um ato público. Na ocasião será distribuída a cartilha “O Decênio que Mudou o Brasil” – e já está confirmada a presença do chefe da quadrilha do Mensalão, o ex-ministro condenado pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos de cadeia José Dirceu de Oliveira e Silva, vulgo Zé Dirceu!
A Juventude do PT, imaginem as senhoras e os senhores, pretende fazer uma “homenagem” ao preclaro camarada, por ter sido ele o “grande arquiteto do projeto do partido”, ao lado de Mulla da Silva & Cia Aloprada. Talvez o governador Marcelo Déda não se sinta muito confortável em meio a tanta gente boa – irá ele comparecer ante amigo tão distinto? Nunca se sabe...
A CARTILHA – Trata-se de uma peça de propaganda elaborada pelo PT em colaboração com o Instituto Lula e a Fundação Perseu Abramo. Publicada em fevereiro, ela traz um emaranhado de conquistas que o petismo atribui a si, num típico embaralhamento entre causa e consequência – ou seja, uma magia dos marqueteiros para apresentar como sendo do partido ações e projetos sedimentados noutros governos, a começar pelo de Itamar Franco.
São tantos os autoelogios que se um extraterrestre aportasse hoje no Brasil e visse a cartilha, iria imaginar que “este País foi fundado em 2003 por Mulla da Silva & Cia Aloprada. Aliás, foi a presidenta (ela exige ser chamada assim) Dilma Rousseff quem deixou isso muito claro no encontro nacional que marcou o aniversário do PT há duas semanas, em São Paulo: “Não herdamos nada, nós construímos”. Só faltou dizer ...do zero!, para fechar com chave de ouro.
Sobre o Mensalão? Nadica de nada é dito nessa maçaroca, pelo bem da preservação da imagem de um partido que se pretende sério – diga-se...
ZÉ DIRCEU – A presença dessa alma nefanda em Aracaju, ciceroneada pela alta cúpula do PT local, é prova de que o petismo não enxerga José Dirceu de Oliveira e Silva como um bandido condenado a prisão em regime fechado e que somente aguarda a conclusão do processo para começar a cumpri a pena. Agora, imaginem: o PT se compromete em seu estatuto a expulsar os condenados por práticas ilícitas e improbidade administrativa. No entanto, com José Dirceu é diferente. O danado é até admirado... Santa retidão de caráter, amigas e amigos.
Lembro de um quase opúsculo que li faz tempo chamado “Todos os Sócios do Presidente”, dos jornalistas Gustavo Krieger, Luiz Antônio Novaes e Tales Faria, com a narrativa das peripécias de Fernando Collor de Melo e Paulo César Farias. Quem escrevia a orelha era Zé Dirceu! Àquela época, tanto para ele quanto para o PT, a imprensa prestava um grande papel social – hoje querem “regulamentá-la”! No texto, o então deputado condenava o presidente, pois “a CPI relevou que o chefe da corrupção era o próprio Collor, envolvido em fatos incompatíveis com o cargo” que exercia.
Naquele mesmo texto, Zé Dirceu dizia: “A CPI só saiu do papel graças à pressão da sociedade organizada e às denúncias da imprensa”. Tanto para o PT quanto para Zé Dirceu atualmente, jornalistas e veículos de comunicação da imprensa livre são os vilões da história. Quanta mudança... aliás, que mudança!
Pois é esse senhor, julgado e condenado por crimes perpetrados dentro do Palácio do Planalto, na antessala do presidente da República – que nada sabia, creiam! – que hoje estará em Aracaju sendo incensado pelos seus confrades.
Triste, mas real... muito real. Milhões de reais, aliás!  

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