Terça-feira, 09 de Outubro de 2012 | 10h00 | Eleições 2012
Derrota do candidato VavaziO já tem culpado: Marcos Cardoso

Por David Leite
Passados os mais de três meses de árdua batalha eleitoral, com a poeira assumindo agora o contorno do solo, pode-se num retrospecto rápido avaliar o que ficou para trás – e as esperanças acerca do que esperar do amanhã. Trata-se de algo essencial para evitar que se erre em empreitadas futuras...
Vitórias costumam ter muitos pais, em oposição às derrotas, sempre órfãs ou filhas bastardas. João Alves Filho venceu de forma limpa, apesar das gritantes falhas na comunicação de campanha. O candidato democrata, de modo sensato (eis aí Almeida Lima para não me deixar mentir) optou por não se confrontar com nenhum dos adversários – algo próprio do seu estilo pessoal.
No entanto, a hesitação do marketing do Negão, a confiança cega do candidato nas pesquisas qualitativas (sem levar em conta o próprio instinto eleitoral) e a incapacidade da sua comunicação de pautar os adversários – sendo, ao contrário, por eles pautada –, mantiveram-no sempre na defensiva, vulnerável... O segundo turno apenas não ocorreu, penso eu, porque o eleitorado ignorou todos esses aspectos, preferindo apostar na biografia do agora prefeito eleito.
Os números do principal oponente de João Alves Filho revelam o quanto a comunicação adversária lhe tirou fôlego – mas sugerem também um desempenho mais que esperado de alguém apoiado pelos governos federal, estadual e municipal. Antonio Carlos Valadares Filho obteve 113.932 votos (34,07% dos votos totais ou 37,62% votos válidos), enquanto o Negão ficou com 159.668 votos (47,75% dos votos totais ou 52,72% dos votos válidos).
Naturalmente, para dar mais valor à vitória de João Alves Filho, não se pode desprezar o abuso da máquina governamental nem o terrorismo dos jornalistas vermelhos infiltrados nas mais importantes redações. Também é fundamental observar a cara de pau, a ousadia do candidato VavaziO em “peitar” a Justiça Eleitoral... Foram mais de dez condenações em representações ao TRE, resultando em vários direitos de resposta e em mais de R$ 200 mil em multas, fruto da recorrência de delitos – por seu turno, o Negão não foi punido uma única vez nem perdeu um segundo que fosse do Horário Eleitoral.
Agora, vejamos o outro lado... Como sacramentei no início deste escrito, as derrotas são órfãs ou filhas bastardas! No domingo, ainda durante o pleito, o pai do candidato VavaziO, o “superfaturador” e “deportador” de mendigos senador Antônio Carlos Valadares, sugeriu ao portal Infonet que culpabilizar Marcelo Déda pela derrota do filho seria leviano, pois a eleição não é estadual e o povo não votaria por vingança ao governador, sabendo que tal atitude, do seu ponto de vista, seria “ruim para Aracaju” – uma ameaça velada?
Sigamos em frente... Quem, então, seria o responsável pela tragédia? Bem, na sacrossanta opinião do pai do candidato VavaziO, seriam as “possíveis falhas da própria administração municipal”. Sim, a culpa é do prefeito fazendeiro-Opará, o comunista de boutique Edvaldo Nogueira, por conta de “erros estratégicos no sistema de comunicação da Prefeitura de Aracaju, ao interagir com a população”.
Trocando em miúdos: o nobre companheiro-jornalista Marcos Cardoso, tivesse o candidato VavaziO vencido o pleito, seria chamado às vias de fato e lhe sobraria um fatídico pé no traseiro, porquanto é ele desde 2008 o comissário responsável pela Secretaria de Comunicação, a quem foi atribuída a “falha” no interlóquio com a população. Santa ingratidão... Um sujeito que desde sempre, diga-se de passagem, foi fiel ao estatuto da esquerda para mostrar o quanto tem argumentos sobejos aos que endeusa e maltratantes a quem despreza, não merecia chegar ao final do embate tão massacradamente mal quisto.
Em solidariedade ao companheiro-jornalista Marcos Cardoso, que após dezembro voltará – espero – ao batente da Redação, julgo importante dizer: o candidato VavaziO teve um desempenho fenomenal e agora se impõe como nova força política. Não venceu a guerra, mas mostrou-se destemido na luta. Tivesse saído como candidato de um grupo independente, talvez pudesse ter chegado ao segundo turno – não chegou porque esteve aliado a turma dos bichos-preguiça, a quem o povo – o povo, senador ACV – não quer ver nem pintados de ouro...

Ainda não foi desta vez
Não foi nesta campanha que os marqueteiros usaram para valer a internet como braço da comunicação, para ajudar candidatos a cargos majoritários – no caso de Sergipe, a campanha proporcional de João Alves Filho usou algumas ferramentas disponíveis no cyberspace para conquistar votos (em breve tratarei deste tema).
Muitos achavam que a internet seria importante em 2010. Não foi. Achou-se o mesmo quanto a 2012. Também não foi...

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Há 514 dias publicava eu uma charge sobre foto do caro César Oliveira... Era uma brincadeira com tom de seriedade acerca de quem seria o culpado pela derrota de Marcelo Déda para João Alves Filho em Aracaju... Revejam, pois continua bastante atual: http://twitpic.com/4x7uwi.



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