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Domingo, 13 de Maio de 2012 | 23h50 | Gestão Pública
Um “gole” a mais de Eugênio Nascimento – agora, na questão do caos na segurança...
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O jornalista Eugênio Nascimento é um sujeito bonachão, do tipo capaz de arrancar sorriso até das pedras mais indômitas apenas pelo olhar cinicamente irônico. Escriba dominical em coluna de prestígio no Jornal da Cidade, ele ainda edita a página de Política do diário e escreve notas para a coluna Periscópio, sem dúvida o informe mais lido em Sergipe.
Hoje, talvez tungado pela “etílica emoção” costumeiramente provocada por Marcelo Déda quando discursa sobre os feitos da própria gestão, o “cumpanheiro” – sim, o prezado Eugênio Nascimento também tem um dedinho na cozinha do PT –, deu-se em tombos na tentativa de amenizar o caos na segurança pública em Sergipe. Como não é possível aplicar ao texto do cujo um “bafômetro” para aferir o teor acólito da turbinada exaltação, pode-se tentar ver se num teste básico, consegue ele – o texto, por favor, gente! – ficar de pé numa única perna, tendo a outra cruzada à altura do joelho.
Vejamos...
Diz Eugênio Nascimento: “Por mais que segmentos populares e a própria imprensa (sic) insistam em apontar Sergipe como um Estado Violento, não chegamos ainda neste estágio”. Ops, tem uma azeitona a mais nesse drinque! Como é? Conta outra, estimado Eugênio Nascimento. Essa daí foi narrada com requintes de melação pelo garboso governador em pessoa e, comentário geral, só Ele acredita nisso, caramba! – Ele e quem, como Ele, se “ilude” com a propaganda governamental.
Aliás, quem aponta a alta da violência em Sergipe é o “Mapa da Violência 2011”, divulgado pelo Ministério da Justiça, com dados da década entre 1998 e 2008. Nele, o Nordeste é a “grande chaga” da violência no País. Enquanto a pobreza diminuiu na região, os homicídios aumentaram 65%, os suicídios 80%, e os acidentes de trânsito 37%. Na população jovem os índices são ainda piores: um crescimento de 49% nos acidentes, 94% nos homicídios e 92% nos suicídios. Alagoas e Bahia, antes vistos na parte de baixo do ranking, agora pularam para as primeiras posições.
Sergipe não fica fora dessa triste estatística e apesar de as autoridades – e alguns jornalistas, não é caro Eugênio Nascimento? – tentarem negar o óbvio ululante, o índice de violência aumentou, sim!, e de forma assustadora em todo o estado. Em 1998, quando se fez o penúltimo levantamento, o Estado ocupava a 21ª posição e agora ocupa a 14ª em nível nacional. Já em nível de Nordeste, a situação é ainda pior. Infelizmente, Sergipe ocupa a 4ª colocação, perdendo apenas para Alagoas (o campeão), Pernambuco e a Bahia.
Não se sabe de que boteco Eugênio Nascimento trouxe essa lorota de que “quem mais ver (sic) violência é pobre”. O brioso jornalista deveria assistir mais aos noticiários de rádio e TV, ler a página policial do jornal no qual trabalha e, se tiver estômago para mais um “trago”, assistir ao programa “Tolerância Zero” do caríssimo Otoniel Bareta, no ar pela TV Atalaia ao meio dia, para ver que a violência está em todas as partes, incluindo apartamentos de alto luxo e shopping centers.
Os dados já dizem tudo – as autoridades precisam agir rapidamente para prover à população dias melhores, mais tranquilos. Abafar o caso, caro Eugênio Nascimento, contribui apenas para deixar a todos bêbados de tristeza pela infelicidade de tantas famílias, vítimas do crescente abuso dos marginais. Tenha um pouco de lucidez, camarada: como está, não pode e não deve ficar...
O atual quadro brasileiro mostra que em nenhum Estado a taxa de homicídios fica abaixo de dez por cem mil habitantes, o máximo considerado aceitável. Em 1998, seis ostentavam números abaixo de dez. A menor taxa hoje é no Piauí, com índice de 12,4 por cem mil habitantes. Porém, o número é mais do que o dobro de dez anos atrás. O Maranhão, antes o 27º no ranking dos Estados, quadruplicou o índice, e só não aumentou mais sua posição – está em 21º – porque outros subiram mais ainda, sobretudo Sergipe.
Enfim, nada como viver sob o conforto dos “paraísos artificiais” – não aqueles narrados por Charles Baudelaire, mas os provocados pelas entorpecentes palavras de políticos encantadores como Marcelo Déda, a vender mundos e fundos tão gratos aos dadivosos – não é, Eugênio Nascimento? Só mesmo bafejado por uns goles a mais da velha “cachaça político-partidária”, amaciada por um caju maduro, para acreditar em duendes...  

Um comentário:

jacqueline disse...

Apenas metáforas, e caso ñ seja parafraseando um amigo: "quanto mais etílico, mais autêntico!"