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Domingo, 08 de Abril de 2012 | 18h15 | Eleições 2012
Agregado ao cabedal de virtudes de Almeida Lima o de “oráculo”
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Candidato do PPS à Prefeitura de Aracaju, o deputado federal Almeida Lima costuma citar filósofos em escritos e até quando está em conversa – admira, por exemplo, Aristóteles, para quem “a inteligência humana é a única forma de alcançar a verdade”. O camarada também é dado aos imbróglios sem causa aparente: tentou polemizar com todos os líderes políticos de Sergipe na atualidade; apenas o senador Antônio Carlos Valadares – e por breve momento, diga-se –, deu-lhe orelhas.
Agora, nesta fase de “Nova Ordem” – seja lá o que essa junção de palavras signifique, posto que Almeida Lima é político atuante desde a redemocratização em 1985, com cargos públicos e mandatos eletivos conquistados ao longo dos anos ao lado de quase todos os colegas da “Velha Ordem” ainda ativos –, o nobre parlamentar agrega ao cabedal de extensas virtudes o de “oráculo”.
O termo “oráculo” designa tanto uma divindade consultada em questões relevantes como o intermediário humano que transmite a resposta da Divindade. Almeida Lima, ao menos até o momento, ainda está na segunda categoria. Mas, danado como é, logo logo passará ao pódio dos seres divinos, tamanha a competência para explicar o presente e predizer o futuro – seria o deputado, por esta ótica, uma espécie de “oráculo visionário”. Vejamos...
Publicado em 04/04, um novo artigo do dito evoca a Filosofia e a História para analisar a tal da “Nova Ordem” e a “trama diabólica” urdida pelo governador Marcelo Déda, com o auxílio dengoso do vice Jackson Barreto, visando a “impedir que a verdadeira oposição e outras forças políticas nascentes cheguem ao poder, satisfazendo, dessa forma, aos desejos odientos e revanchistas comuns a todos os coadjuvantes (da cena política atual): Marcelo Déda, Jackson Barreto, João Alves Filho, Antônio Carlos Valadares, Edvaldo Nogueira e Albano Franco”.
A neurolinguística, em apoio à psicanálise, explica o discurso aparentemente enviesado. Quando se utiliza do adjetivo “coadjuvante” – que coadjuva, auxilia ou coopera com outrem –, Almeida Lima coloca a si próprio e ao que denomina como “outras forças políticas nascentes” num patamar de superioridade político-eleitoral, havendo os demais, os ditos “coadjuvantes”, de mancomunarem-se, se quiserem ao fim e ao cabo abatê-los nos embates eleitorais de 2012 e 2014...
A mensagem enviada dos Céus através do “oráculo” Almeida Lima, de que contra o povo de Aracaju engendra-se um novo acordão político com a participação direta e indireta de personagens da situação e da oposição, certamente alertaria o respeitável público para a maior patifaria da década, não fosse por um detalhe peculiar: atenta contra a racionalidade, contra a inteligência!
O “oráculo” Almeida Lima diz que o grupo dos irmãos Amorim seria hoje objeto de desejo de João Alves Filho, cujos mensageiros se revezariam na tentativa de convencê-los a indicar o candidato a vice-prefeito, sob a garantia expressa de que, eleito prefeito, o Negão não deixará o cargo para se candidatar a governador em 2014, passando a apoiar a candidatura do senador Eduardo Amorim...
Diz mais: o Negão, após conquistar a prefeitura, faria de Marcelo Déda um aliado administrativo em nome do bom relacionamento republicano. A partir daí, não haveria razão para ele ficar com os irmãos Amorim em 2014 – o apoio à candidatura de Jackson Barreto ao governo seria, assim, natural, concluindo a “trama diabólica” urdida agora, que visaria a derrotar a “verdadeira oposição” (em 2012) e os irmãos Amorim (em 2014).
Quem em sã consciência imaginaria a corriola do PT a conjurar com o DEMo um acordão político cujo objetivo precípuo seria alijar Almeida Lima e Eduardo Amorim dos docinhos eleitorais de agora e de mais adiante? Minhas pílulas de gengibre, por favor...
Pior, mesmo desejando declaradamente o apoio dos irmãos Amorim – já o Negão prefere, como é público e notório, manter distância dos cabras –, Almeida Lima dificilmente o teria,  não obstante a carrada de ligações disparadas por ele mesmo sem auxílio de mensageiros para um parlamentar do grupo (falam em 28, mas creio haver exagero nos números), por uma razão simples: ninguém naquelas bandas confia nele!
A personalidade magistral, adornada ainda pela suprema pose de cavaleiro solitário (errante) e o afã divinal conferem-lhe, ao caro Almeida Lima, a aura de político “exótico”, fator máximo a torná-lo, digamos, desafeto pelo eleitorado, o que também pesa na hora de costurar qualquer acordo eleitoral.
Mas nem tudo está perdido! Alegrai-vos, pois quem sabe se num próximo escrito não venha o pretencioso “oráculo” Almeida Lima nos entregar antecipadamente os números da milionária Mega Sena de Fim de Ano. Faria-nos a todos um grande favor...

Um comentário:

Anônimo disse...

David, qual o problema se Déda resolvesse deixar o caminho livre para João na prefeitura? Ele não tem interesse nessa eleição mesmo. Déda está de olho no Senado. Basta ele fazer com Rogério como fez quando Zé Eduardo foi candidato a governo em 2002 contra o Negão: cruzar os braços. E o Negão não atrapalha a vida dele em 2014 para o Senado. Fechou. Na política tudo é permitido. Será que João aceitaria?