Terça-feira, 6 de Março de 2012 | 10h30 | Política
Marcelo Déda trata os Amorim como “lixo”
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Passemos sem delongas ao dissecamento de como a comunicação oficial, por via de assessores ligados diretamente ao governador ou através de lisonjeadores profissionais aboletados na imprensa, tratou o imbróglio gerador do cisma entre as facções controladas por Marcelo Déda e pelo chefe político – e grande colecionador de partidos –, o megaempresário Edvan Amorim.
Movido por um ódio extremo ao que considera “traição” desmedida, o garboso Marcelo Déda imbuiu-se pessoalmente de organizar o discurso – e a ação, diga-se! – visando a punir com crueldade os rebelados da ex-base aliada do governo. Sem ao menos considerar a possibilidade de manter aberto um canal de diálogo com a turma do irmãos Amorim, usou a guilhotina, “limpando” a máquina estadual da presença dos dissidentes.
Observem a palavra “limpando”, pois ela não está em uso ao acaso. Foi exatamente o verbo limpar que definiu a retórica política retaliatória de Marcelo Déda. Pode-se concluir portanto que, se se estava limpando, é porque havia sujeira, muita sujeira – e quem era o tal “lixo” ou o “sujo”? Sim, eles mesmos... aqueles que ajudaram o PT e companhia a conquistar o segundo mandato no governo sergipano, os irmãos Amorim e sua turma.
A aliança entre Marcelo Déda e os Amorim nunca foi bem digerida por ambas as facções políticas e, tudo indicava, o rompimento era apenas uma questão de tempo, sobretudo por haver interesses eleitorais conflitantes entre as partes envolvidas. Por seu turno, o governador nunca foi afeito a pressões – a soberba e o narcisismo não lhe permitem conviver com pleitos “impostos”!
A pragmática do discurso de Marcelo Déda tem sido a seguinte: precisou, de fato, unir-se aos “sujos” para obter um novo mandato, mas quando esta união já não mais era do seu agrado (ou interesse!) – nem nos moldes do “jeito petista de governar” –, optou por promover uma devassa, a “limpeza” em curso, numa espécie de purificação da alma política governamental.
Restou aos irmãos Amorim o consolo de, ao serem tratados como “lixo” político, retribuir na mesma moeda onde puderem – ou, ao contrário, oferecer aos governistas uma merecida “complacência”, já que agora detêm o poder absoluto na Assembleia Legislativa e devem fazer a maioria dos prefeitos e vereadores, fonte da mágoa entranhada em Marcelo Déda.

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