Sexta-feira, 27/05/2001 | 11h15
Quanta doideira: quem entenderá?
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Confesso, tem-me sido estafante tentar compreender – e juro, tenho tentado – os rompantes de desamor explícito tungados publicamente entre os governistas com a própria turma! O “fogo amigo” ser-nos-ia – uso a mesóclise em apreço a culta secretária Eloisa Galdino, a quem cito mais adiante nesta querela – indiferente, não fosse atirado pela turma do andar de cima, os chefes do negócio. E não pela ralé vermelha, como antes!
Em seu Twitter, o secretário de Comunicação da Prefeitura de Aracaju, jornalista Marcos Cardoso (@MC_Jornalista), na ânsia de divulgar os feitos da gloriosa e operosa administração comunista, diz: “A PMA investe 19,7% da receita corrente líquida na Saúde. Quando Marcelo Déda (@MarceloDeda) e Edvaldo Nogueira (@EdvaldoNogueira) chegaram, eram apenas 3%.” Vale recodar, antes deles, quem comandava o “negócio” era João Augusto Gama, aliado do governo e secretário demitido do Turismo sob a alegação de “contenção de despesa”.
Atribuída ao próprio Edvaldo Nogueira, outra frase postada também no Twitter de Marcos Cardoso evidencia, no mínimo, mais pedradas nos aliados: “Hoje, o secretário municipal da Saúde (o vice-prefeito Sílvio santos, do PT) movimenta mais do que todo o orçamento da PMA em 2001.” Estranho, pois bate de frente com Jackson Barreto, atual vice-governador, aliado eterno de Marcelo Déda e cabo eleitoral de luxo de Edvaldo Nogueira. Antes de ajudar a eleger a citada turma, a partir de 2000, JB fez prefeito João Augusto Gama (1997/2000), de quem era fiador e parceiro político...
Na mesma linha, a ex-secretária estadual de Comunicação, Eloisa Galdino (2007/08), imiscuída que já foi com a propaganda das gestões de Marcelo Déda desde a Prefeitura de Aracaju, admitiu que a capital sergipana não está preparada para as chuvas e apresentou seu diagnóstico:
“A cidade toda sofre, é verdade, mas principalmente as comunidades dos bairros que possuem ainda menos estrutura para suportar. A Treze de Julho tem estrutura vertical, mas pense a situação dos bairros da zona norte e do Santa Maria, por exemplo. Isso significa que a cidade cresceu sem as obras estruturantes que precisava. E continua acontecendo, é só olhar a zona de expansão.”
A atual douta secretária estadual de Cultura foi obrigada, ainda não se sabe em que nível, a desculpar-se através do Twitter, plataforma usada para expor sua incômoda eloquência. Disse ela:
“Fiz uma análise de todos esses anos e do descaso desses que agora querem salvar Aracaju. Agora, vem esse povo – 'esse povo' sou eu! – deturpar o uso que fiz do Twitter. Ora, é fato que precisamos de obras estruturantes, mas elas já foram captadas pelo grupo que administra Aracaju desde 2002, e não há 20 anos...” Resumo: na emenda do soneto, também ela meteu o malho em Jackson Barreto e Almeida Lima, aliados do PT, inclusive em nível nacional. Vá entender...
Por outro lado, na briga midiática entre as facções no poder, a disputa pública do atual mandatário de Aracaju e o padrinho fez muita gente imaginar o rompimento entre Edvaldo Nogueira e Marcelo Déda. No mês de aniversário dos 159 anos de Aracaju, a propaganda da prefeitura, a comemorar a data, tinha enfoque, no mínimo, pouco amigável com o governador. Dizia que “jamais se fez por Aracaju, como nos últimos cinco anos”.
Pretensiosa na essência, tinha ainda o demérito de equiparar Marcelo Déda ao apadrinhado, com prejuízo claro à imagem do governador. Veio o PT com suas inserções de RTV para contestar, dizendo-se o verdadeiro autor das tais “transformações e realizações”, que teriam tornado Aracaju a “capital da qualidade de vida” – aliás, hoje, então, não mais seria?
Enfim... talvez esteja certo um ex-petista de alto coturno, o caro Nilson Lima, que cunhou uma frase lapidar: "Nunca se DESFEZ tanto em Aracaju como nos últimos cinco anos." Eu diria mais, até ajudado pela secretária Eloisa Galdino: nunca se DESFEZ tanto em Aracaju como nos últimos dez anos...
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