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Terça-feira, 04 de Maio de 2010 - 18h00
> Os jardins da Babilônia de Jorge Alberto

Os jardins da Babilônia de Jorge Alberto
O ex-deputado Jorge Alberto é um sujeito corajoso –ou talvez seja alguém completamente desmemoriado! Membro do PMDB do deputado federal Jackson Barreto e aliado do deputado petista Rogério Carvalho, o hoje secretário estadual de Administração deveria saber o quanto espinhoso e malfazejo é tentar unir dinheiro público com a flora.
Um pouco de história. O jornalista Caco Barcelos, especialista em caçar bandidos, produziu em maio de 1988 uma reportagem onde esclarecia um dos motivos para o processo de cassação pela Assembleia Legislativa do mandato de Jackson Barreto, acusado de desviar dinheiro público.
Dizia o repórter na matéria do Jornal Nacional: “Entre os casos estranhos, chama atenção a poda de árvores em Aracaju. As caçambadas usadas para recolher e transportar os galhos cortados pela administração de Jackson Barreto em toda a cidade, se pudessem ser enfileiradas uma atrás da outra, dariam para ir de Sergipe a São Paulo –algo como 2.170 km”.
Dispensável dizer no que se transformaram as peripécias de JB: ação penal 357 –crime contra a administração pública e peculato; ação penal 372 –crime contra a administração pública e desvio de verbas em construções de obras públicas; ações penais 376 e 377 –crime de peculato; ação penal 391 –crime contra a administração pública e desvio de verbas. Todas em tramitação no STF.
No início de 2005 o senador Almeida Lima expôs o gosto do secretário municipal de Saúde, Rogério Carvalho, por capinar terrenos cimentados. Em dezembro do mesmo ano, o Tribunal de Contas do Estado acatou denúncia do parlamentar, questionando a lisura do contrato de jardinagem e capinação firmado entre a Saúde e a Emsurb (Empresa Municipal de Serviços Urbanos). 
A decisão do TCE não deixa dúvidas. A Emsurb foi obrigada a devolver os recursos recebidos a mais –ou seja, o que recebeu pela capinação sem capinar– e o probo deputado Rogério Carvalho, bem como o diretor da autarquia à época, Osvaldo Alves Nascimento, foram multados em R$ 3 mil cada um, por celebrar um contrato nocivo aos cofres públicos.
Agora, o secretário Jorge Alberto apresenta sua contribuição à natureza –e talvez ao bolso de algum espertinho! O Diário Oficial do Estado de 05/04 (foto abaixo) publica extrato do contrato 05/2010 assinado em 03/04 pelo ex-deputado, visando a contratar “os serviços de limpeza e jardinagem destinados à Secretaria de Estado da Administração”, com valor mensal de R$ 33.372,00 e valor final de R$ 400.464,00 –contrato válido por 12 meses.
De duas uma: Jorge Alberto tem uma floresta ainda não desbravada e completamente desconhecida, fincada no subsolo da SEAD; ou os jardins externos da secretaria, juntamente com as jardineiras internas, cujas áreas somadas não ultrapassam 60 m², estão para parir gordos filhotes.
Outra hipótese a justificar o alto custo dos serviços seria a implantação de um novo projeto paisagístico, daqueles de arromba, com plantas esplêndidas, luminescentes até, trazidas da lua Pandora, terra da raça alienígena Na'vi do filme Avatar de James Cameron.
Os galhos de Jackson Barreto; a capinação em terreno cimentado de Rogério Carvalho; os jardins da Babilônia de Jorge Alberto. Essa turma ligada ao governador Marcelo Déda adora o verde...

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